Laços Quebrados Inquebráveis

Capítulo Cinco

SiZhui estava esperando resistência dos seus alunos. Afinal, ele não era mais Líder da Seita Consorte como um dia já havia sido e, além disso, ele tinha plena consciência de que um ômega repudiado como ele possuía uma péssima visão da sociedade. Portanto ele não esperava que voltar a dar aulas fosse ser totalmente fácil.

Entretanto, na verdade, foi.

Parte da facilidade e do sucesso envolvido nas tentativas se devia ao fato de ele já ter aqueles alunos antes de sair da Torre da Carpa. Todos já estavam acostumados com ele, com a sua maneira de ensinar tanto na parte teórica quanto prática. Para o seu profundo, alívio, todos os júniores que anteriormente estavam sobre sua jurisdição o trataram exatamente como o tratavam antes. A única diferença é que ao invés de chamá-lo de "Líder da Seita Jin" como faziam antes, eles o chamavam de "Jovem Mestre Lan".

SiZhui sentia como se estivesse em casa quando estava dando as suas aulas. Naquele dia mesmo, ele estava solto e contente enquanto corrigia as posturas com as espadas. Estava mostrando a um discípulo como ele deveria segurar melhor sua espada quando ouviu:

— Um professor tão paciente!

Seus olhos se arregalaram e ele se virou para ver o dono da voz se aproximando em suas roupas pretas e vermelhas, um sorriso desleixado no rosto e uma postura desinibida e relaxada. Ao seu lado, o outro homem que estava sempre com ele tinha o estoicismo presente em cada uma das suas feições, a postura impecável e um braço para trás.

No mesmo instante, os sussurros de "Patriarca de Yiling" e "Hanguang-jun" tomara conta dos seus discípulos que encararam os dois homens com um misto de apreensão e admiração, os olhos brilhantes e incapazes de se desviarem do casal de alfas.

O coração de SiZhui disparou dentro do peito e ele não sabe como conseguiu segurar a vontade de disparar correndo até os outros dois homens e se enrolar num abraço com eles até sentir que estava tão apertado que seria difícil respirar. Apesar de ser essa sua vontade maior naquele momento, a saudade corroendo seu peito e a presença deles o fazendo feliz a ponto de sorrir com a força do sol, ele sabia que seria descortês uma demonstração muito grande de afeto com o público encarando a família. 

Portanto, ele se virou para os dois homens e fez um arco perfeitamente educado e polido para os dois, sem conter o sorriso imenso que fazia seus olhos virarem meros risquinhos.

Wei Wuxian, no entanto, parecia ter ideias diferentes. O homem de vestes escuras disparou no meio do pátio e, quando SiZhui deu por si, ele já estava envolvido nos braços do alfa que o segurava com força, como se o mundo fosse desabar se ele o soltasse. SiZhui suspirou, derretendo naquele abraço antes de também abraçá-lo com força.

— Estava com saudade. — Ele sussurrou praticamente esmagado pelo abraço do pai.

— Eu também.

O ômega não faz ideia de por quanto tempo eles ficaram ali abraçados. Tudo que ele sabia é que sentiu como se pudesse desabar em lágrimas e sequer saberia pelo que estava chorando. A sensação era de estar seguro, acompanhado, amado. Sentimentos que eram difíceis sentir estando praticamente sozinho dentro da Torre da Carpa.

Ele se separou de Wei, a contragosto, momentos mais tarde, percebendo que Lan Zhan já estava ao lado dele. SiZhui já conhecia o outro Lan o suficiente para ver em seus olhos a agonia que era também estar com vontade abraçá-lo, mas ser demasiadamente ligado às regras para fazer o que Wuxian fez. Além disso, demonstrações de afetos muito cruas em públicos não eram exatamente a zona de conforto de WangJi. Isso fez com que A-Yuan olhasse para ele e sorrisse um sorriso que significava que eles poderiam se encher de abraços quando a aula terminasse e eles se vissem sozinhos.