22. Lost

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#EfeitoJagi

Minah

Sabia que meu rosto estava manchado e meio pegajoso por causa das lágrimas, mas elas não já caíam mais enquanto eu enfiava todas as minhas coisas dentro das malas. Era quase irônico. Há algumas semanas, eu tinha investido em um conjunto de malas novas, de diferentes tamanhos para quando tivesse a oportunidade de fazer alguma viagem como assistente dos meninos do Bangtan. Elas realmente iam viajar comigo, mas para bem longe deles.

Só joguei as coisas de qualquer jeito dentro das malas, sem me preocupar em dobrar ou arrumar nada para ser o mais rápida possível já que, pelo tom de voz de Bang Si-Hyuk PD-nim, eu não tinha mais muito tempo para estar ali. Antes, eu ainda tinha aquela sensação de mau pressentimento apertando meu peito, e depois, estava desesperada para argumentar a meu favor, mas pelo menos estava sentindo alguma coisa, qualquer coisa que fosse. Naquele momento, no entanto, eu só me sentia completamente vazia, esgotada de qualquer tipo de emoção.

Guardei meus materiais de pintura e de desenho em uma sacola e a joguei sobre o ombro. As malas já estavam no corredor, e eu tinha que chamar um táxi, porque andar de metrô ou de ônibus com tudo aquilo não era muito pouco viável. Olhei ao redor, me sentindo um pouco perdida. Não tinha como levar minha colcha de cama, nem meus desenhos pregados na parede. Provavelmente alguémse ocuparia em jogar tudo no lixo se eu deixasse ali, o que me deixava incomodada, mas não havia como levá-los comigo naquele momento.

Foquei em um específico que eu tinha feito nas primeiras semanas ali, assim que tinha sido contratada e encontrei alguns materiais de desenho em uma loja próxima da BigHit. Os meninos estavam sorrindo, e era quase uma caricatura. Eu tinha usado giz de cera de cores pastéis, depois contornado com uma caneta preta de ponta fina, realçando minhas partes favoritas e as mais chamativas de suas feições, deixando-os corados de tanta felicidade. Eles tinham adorado quando viram, e RapMon tinha inclusive usado como plano de fundo de seu celular. Esperava que eles pudessem estar sempre sorrindo, como meu coração os havia pintado, mesmo que eu já não estivesse mais por perto.

Adeus, Bangtan Sonyeondan.

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Chung-hee não fez perguntas quando apareci na porta da loja com as quatro malas roxas aos meus pés, o rosto vermelho e os olhos inchados por ter chorado tanto. Só me recebeu com um braço ao redor dos meus ombros e me conduziu até meu antigo quarto. Murmurou alguma coisa sobre fazer o jantar e saiu, apertando meu ombro de uma forma carinhosa, me deixando sozinha.

Olhei ao redor, para as paredes cobertas de desenhos feitos com tinta, carvão, giz de cera, lápis de cor e aquarela. Sempre gostei muito de pintar e desenhar, principalmente com carvão. Quando a senhora Moon e Chung-hee finalmente se permitiram ficarem juntos, ele havia me mostrado vários outros materiais, e eu aprendi a usar todos eles, identificando diversos estilos e o que mais gostava de fazer com cada um. Não era difícil enxergar a influência de Chung-hee em cada desenho ali.

O quarto era pequeno e escuro, a cama velha encostada no canto da parede esquerda, abaixo da janela que dava visão para o jardim de inverno. Tudo era muito familiar, obviamente. Eu tinha vivido bons anos ali. Mas era difícil me sentir em casa outra vez, porque até pouco tempo antes, minha casa era onde quer que aqueles sete meninos estivessem.

Senti uma dor lancinante cortar meu peito ao meio, subindo pela minha garganta com uma queimação abrasadora. Abracei a mim mesma, tentando evitar que meus pedaços se partissem pelo chão. Meu corpo inteiro estremecia, e quando solucei uma vez, incapaz de conter a emoção que irrompia por minha garganta, meus joelhos se chocaram contra o chão quando finalmente desmoronei. Diferente de quando tinha acontecido no dormitório, eu sabia que dessa vez não ia conseguir me levantar.

Butterfly // BTS (EDIÇÃO REVISADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora