Capítulo Oito.
— Sabe, você não precisa ir embora. — Draco guardou as coisas na caixa e escondeu no armário. — Podemos nos conhecer.
Harry, que guardava as coisas na mochila, arqueou a sobrancelha.
— Achei que só nos falaríamos por causa de nossos avôs.
— Podemos ser bons amigos também. Gostaria de chá ou suco?
— Suco. Por que me quer como amigo?
Draco tirou a jarra da geladeira e então suspirou.
— Sabe, eu não tenho muitos amigos aqui. Só tenho Blaise, e Blaise às vezes fica ocupado. Ele some e só volta dias depois.
— E eu sou um perdido na cidade que está dando aula para adolescentes.
— Já é o começo de uma amizade. — Draco empurrou o copo. — Por que a gente não fala sobre alguma coisa?
— Do tipo?
— Me fale sobre você, eu gosto de saber dos outros. É melhor do que minha vida.
— Por quê?
— Minha vida é completamente sem graça e triste.
Draco suspirou e sorriu, mas sabia que por dentro, a sua vida lhe deixou marcas profundas. O nome de Astoria ainda lhe machucava, o som de como tudo aconteceu. O que lhe deixava com vontade de sumir, de chorar ou até mesmo de morrer.
Ele ficou recluso durante meses após a dispensa do exército. Suas feridas cicatrizaram, ele saiu da cadeira de rodas, mas ainda sim, o que os analgésicos não curavam, era as feridas da alma.
— Minha vida era um caos durante o exército. — Ele começou. — Eu fui de alta patente lá dentro.
— Sargento?
— Sargento Mestre. — Draco justificou. — Um dos melhores do pelotão. Liderei equipes, cuidei de feridos. Aprendi tudo o que um soldado deve fazer.
— Qual país você foi enviado?
— Afeganistão.
— Muito doloroso.
— É de seus antepassados?
— Meus bisavós e meus avós são palestinos.
— Eu sempre fui britânico. Minha família tem raízes pela Europa, e eu não tenho muita história. A família Malfoy sempre foi de militares, com exceção do vovô Abraxas.
— Por que você escolheu a carreira militar?
— Foi meio que coercitivo. Eu estava sendo um rebelde sem causa e meu pai não tinha paciência para me buscar na delegacia, e minha mãe estava exausta.
— Um menino complicado.
— Digamos que minha adolescência era festas, drogas e bocetas.
— A última parte não me faz atração.
Draco riu.
— Eu sei, desculpa.
Harry mexeu na xícara.
— Minha família sofreu xenofobia durante anos. Nos culpavam pela guerra que está nosso país, mas nunca foi. Os EUA invadiram nossas terras, e outros se aproveitaram disso e começaram a causar o caos. Meu avô perdeu o irmão, Stan. Ele morreu em um atentado. Além de alguns sobrinhos.
— Eu sinto muito.
— Nosso povo é morto por dinheiro e ganância e a religião tem uma parcela também. Grito que nos deixem livre, mas não somos escutados.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Alabama Song | Drarry
Fanfiction[CONCLUÍDA] Na década de 50, na idade do ouro no cinema e Elvis reinava na terra da música, o jazz ainda tocava nas ruas de Paris, Abraxas Malfoy tomava conhaque no Le Trous, e Fleamont Potter era um aspirante à escritor que amava a vida. O caminho...