Capítulo Cinco.

668 132 36
                                    

Capítulo Cinco.

O susto no olhar, o silêncio do medo e o despertar da curiosidade.

Esse era o sentimento de Draco e Harry.

A foto ainda estava nas mãos de Draco, que lia o escrito diversas vezes, sem entender em como aquele desconhecido em sua frente, portava tal lembrança de seu avô. Ele ergueu os olhos para Harry, que em lágrimas, saiu da mesa.

— Harry! — Draco gritou, jogando uma nota de cem libras na mesa, para pagar a conta. Que se dane o troco, dinheiro era menos importante agora.

Harry saiu correndo entre os corredores até a saída. Sem escapatória e sem voz para pedir um táxi, ele saiu entre as vielas da rua, os becos fedorentos de lixos e mendigos adormecidos. Ele só queria entender o porquê de seu avô ter escondido algo como aquilo.

Seu avô amou um homem. Um homem como Harry poderia amar. Seu avô, Fleamont Potter era gay.

E ele também era.

Agora, Harry entendia do porquê de seu avô o acolher dentro de casa, de sempre o apoiar.

Ele tropeçou e ia cair na poça de lama suja, quando sentiu braços longos rodearem sua cintura e o puxarem. Perto do peito de Draco, Harry levantou os olhos.

— Não precisa fugir. — A voz rouca dele se fez presente. — Por que está chorando?

— Você não entenderia.

— Harry, meu avô que me criou, que dizia que amava minha avó foi casado com um homem. E pelo jeito, o amava mais do que tudo. Não é o único que não entende de nada.

— Por favor, me larga.

Draco o apertou mais.

— Não. Tente se acalmar.

Harry soluçou e começou a chorar. Sem motivo algum, ele quis. Draco apenas o apertou, aquele desconhecido entre seus braços, sem entender também. Nada disse, apenas o consolou.

Minutos se passaram, quando Harry se separou.

— Estou melhor.

— Venha comigo. — Draco estendeu a mão. — Vamos conversar.

Harry hesitou. Mas ao ver o brilho de curiosidade nos olhos azuis de Draco, ele pode facilmente ceder.

Draco era bonito, e isso Harry não negava.

Ele pegou a mão dele, e eles saíram do beco. Alguns homens olharam estranhos para eles, fazendo Harry soltar a mão de Draco.

— Vai por mim, aqueles rapazes não parecem amigáveis.

Draco deslizou sua mão entre os dedos de Harry e deu um passo lateral. Rapidamente, os rapazes desviaram os olhares.

Reprimido, Harry sentiu medo como sempre sentia. Draco apenas o encarou.

— Vamos, eu conheço um local. — Draco o chamou.

Andaram por algum tempo, em silêncio. A foto ainda colada, no bolso de Draco. Na cabeça de Harry, apenas pensamentos de medo e de curiosidade.

Eles chegaram à uma cafeteria 24/7. Arrumaram uma mesa distante dos olhares de prostitutas, bêbados e fracassados.

— Dois cafés. — Harry pediu. — E uma tigela de bolinhos salgados.

Draco não se opôs. Apenas se sentou.

O som de uma música calma invadiu o ambiente. As risadas das prostitutas com seus clientes, negociando mais uma noite, ou até mesmo dos bêbados e suas filosofias falidas de vida, onde o passado e o presente se encontravam, as lições de vida se tornavam histórias de meia-noite e a felicidade poderia ser encontrada em uma dose tosca de bebida quente. Londres não era Paris, mas era um pedaço perdido de história.

Alabama Song | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora