Capítulo Onze.
O trem estava em movimento, entre o canal da Mancha. O café estava aberto, servindo ao passageiros, enquanto Garota de Ipanema tocava no ambiente.
Na classe econômica, Draco Malfoy estava adormecido, encostado na janela e de fones. Harry estava sentado na sua frente, aconchegado na poltrona, olhando o diário rasgado de Abraxas Malfoy. Retalhado com raiva, algumas páginas se salvavam.
Muitas das palavras de Abraxas eram sobre sua adolescência e sua vida em Paris. Brigas com o pai, descrições dos lugares que viajou e várias poesias. Deixando de lado, ele foi para as coisas do avô, onde por fim, ao pegar algumas cartas sem envelope, um papel dobrado caiu.
Harry desdobrou o papel e encontrou um desenho de Abraxas. Assinado por Fleamont, no canto da folha, datado de 1956, Abraxas estava adormecido, com um chapéu escorregando de seus cabelos pintados com o grafite do lápis.
Por um momento, Harry o achou parecido com Draco. A forma do rosto e da barba, principalmente.
Pelo visto, o talento para desenho era hereditário.
Draco era encantador. E Abraxas também deveria ter sido.
Motivado por aquele desenho, Harry guardou as coisas dentro da bolsa, e então, pegou seu moleskine. Com a caneta nanquim que ele guardava no bolso da camisa, começou a desenhar Draco Malfoy adormecido.
Harry nunca se sentiu tão apaixonado. Não só por Draco, mas pelo momento. Após tantas tristezas, a tragédia de ficar de cadeira de rodas por meses, a rejeição de seu pai e a perda de alguns amigos, o fizeram apenas focar em seu avô e no trabalho. Por agora, ele estava ali, rumo à Paris, contando com a sorte, dinheiro e Draco.
Ele contornou o rosto dele e ficou cantarolando uma velha canção francesa.
Quando estavam por fim, saindo do túnel, Draco acordou. Bocejando, ele não percebeu que Harry estava escondendo o caderno dentro da bolsa rapidamente, ficando corado.
— Estamos chegando?
— Falta meia hora. — Harry pegou seu suco na mesa. — Dormiu bem?
— Maravilhosamente. Está bem? Você está vermelho.
— É só a excitação da viagem.
— É claro. — Draco se arrumou. — Então...
— Então...
— Por que não conversamos um pouco?
— Você gosta da sua profissão? — Harry perguntou, tentando desvair. Draco sorriu.
— Dar aulas de defesa pessoal não é um sonho, mas paga as contas. — Draco mexeu os dedos. — Ganho bem, não tenho do que reclamar. Só do Blaise dormindo na mesa dele quase o dia todo.
— Qual seu sonho? Do que você queria trabalhar?
Draco se encostou na mesa. Olhando para os olhos de Harry, ele suspirou.
— Eu queria ser dono do meu próprio negócio.
Harry arqueou as sobrancelhas.
— Sério?
— Sim.
— Um bar?
— Seria demais, não? — Draco se aproximou. — Ter clientes, música e coração. Dedicar a isso. Seria uma vontade que tenho, mas pouco se cumprir. Desde que Abraxas enviuvou-se, dedico muito tempo a ele.
— Digo o mesmo de Fleamont.
O trem ainda continuou andando.
— Harry, você já amou alguém?
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Alabama Song | Drarry
Fanfic[CONCLUÍDA] Na década de 50, na idade do ouro no cinema e Elvis reinava na terra da música, o jazz ainda tocava nas ruas de Paris, Abraxas Malfoy tomava conhaque no Le Trous, e Fleamont Potter era um aspirante à escritor que amava a vida. O caminho...