Capítulo Sete.
O que Harry e Draco poderiam fazer? Um passado batia a porta de ambos, com a história de seus avôs. Fleamont e Abraxas não foram só jovens inconsequentes. Foram dois homens que se amaram de uma maneira tão intensa que nem sequer palavras poderiam definir o amor deles.
Harry se sentou na janela naquela manhã de domingo. Ron havia mandando uma mensagem, dizendo que iria visitar a casa, mas era cedo ainda. Fleamont ainda dormia silenciosamente no quarto dele, Harry abriu uma das cartas que ainda havia ali. Data de 1959, ano do casamento de Fleamont com Euphemia.
"Eu nunca poderei olhar para Paris sem sentir meu coração doer. Essa carta nunca vai ser enviada, apenas será deixada em um canto escuro e vazio.
Como o meu coração.
O toque dos dedos de Abraxas ao tocar minha pele, o sorriso dele ao me ver deitado ao lado dele, ou das lágrimas que soltamos juntos, jamais pode ser esquecido.
Eu lembrarei dele até meu último suspiro. Meu amor jamais morrerá, meu coração jamais se perdoará.
Eu nunca mais me perdoarei".
Harry olhou para a única foto que ele havia achado de Fleamont Potter e de Abraxas Malfoy. Eles, sentados em uma mesa. Fleamont tinha a gravata frouxa, o suspensório caído do ombro e segurava um cigarro entre os dedos. Abraxas estava bebendo algo, sorrindo. Olhava carinhosamente para ele, como se ele fosse a pessoa mais especial do mundo.
O amor que seu avô havia vivido era especial. O que ele queria tanto viver algum dia.
Harry não contava, mas ele tinha suas cicatrizes. Gay e sozinho, expulso de casa e acolhido pelo avô. Encontrou o amor há um ano atrás, nos braços de um jovem de sua idade. Mas esse amor era amaldiçoado. O amor quebrou seu coração, o fez cair em prantos pela noite e lhe rendeu um trauma. Harry nunca deveria se lembrar do rosto de Viktor, mas ele era presente na vida dele.
Por impulso, saiu do quarto e sua perna tremeu um pouco. Ainda não tinha se acostumado a ter pernas fortes desde do acontecimento. O médico o alertou que seria complicado às vezes Harry ter estabilidade do joelho, ou ele teria dores de cabeça constantes. Mas nada era pior do que o trauma psicológico.
Ele andou pelo corredor e então, parou na porta do avô. Encostando a cabeça na porta, olhou para a foto na mão e para o velhinho.
— Eu te devolverei a felicidade, vô. Custe o que custar.
Não longe, Draco fechava a porta do espelho. Seu reflexo de um soldado ferido pela guerra, de um professor amargurado e de um neto preocupado. Abraxas se encontrava na sala, lendo o jornal enquanto tomava café.
Draco olhava para aquela caixa na sua cama, com as lembranças espalhadas. Não entendia por que seu avô foi privado de tanta felicidade. Nos diários, nas cartas e nas poesias, despejava tanto amor que Draco sentia que era palpável. Abraxas descrevia Fleamont como seu Basheret.
Basheret na cultura judaica é a pessoa que foi destinada para você. O encontro perfeito de duas almas.
Abraxas Malfoy após o casamento com Edna, decidiu retornar para a universidade, se formando como economista. Trabalhou em escritórios, contadorias e teve três filhos. Um deles era Lucius Malfoy, o pai de Draco.
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Alabama Song | Drarry
Fanfic[CONCLUÍDA] Na década de 50, na idade do ouro no cinema e Elvis reinava na terra da música, o jazz ainda tocava nas ruas de Paris, Abraxas Malfoy tomava conhaque no Le Trous, e Fleamont Potter era um aspirante à escritor que amava a vida. O caminho...