Capítulo Dezesseis.

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Capítulo Dezesseis.

O bar do Carly's estava lotado, mas havia uma mesa isolada nos fundos do restaurante, perto dos banheiros. Naquela mesa, onde quase ninguém poderia ver quem estava sentado ali, Harry e Draco se encostaram, pedindo duas cervejas e alguns petiscos. A música que tocava no Carly's era Jazz, e havia vários casais ali. Uma bandeira da parada gay estava pendurada ao lado da bandeira da Inglaterra, mostrando que todos assistiram o amistoso que ocorreu.

Draco estava de cara fechada, triste. Harry parecia não se importar, comendo os bolinhos de batata e bacon que serviram e bebendo calmamente, escutando as conversas. Draco nem tocou na sua gelada. Olhou em volta, vendo o bar do Carly's com alguns casais gays e lésbicos. Uma menina beijava a outra, sussurrando algo no ouvido dela, a fazendo rir e o outro casal gay, dançava suavemente no espaço de dança.

Draco suspirou mais uma vez.

— Olhe, me desculpe.

Harry bebeu um generoso gole.

— Não é sua culpa. Estou me divertindo aqui.

— Não é isso, mas eu queria que a nossa noite... que você gostasse, sabe? Do encontro e tudo mais.

— Draco, não é porque um restaurante de merda nos negou que não podemos nos divertir. Eu adoro vir no Carly's.

— É, mas eu queria que você conhecesse o outro restaurante. Eu fui com Astoria uma vez, e eu adorei. Achei que dessa vez...

— A sociedade não é muito fã de gays, lésbicas e outros gêneros. Para ela, somos indecisos ou um pecado, ou somos a escória do mundo.

— Você já sofreu sendo negado em lugares assim?

Harry mordeu mais um bolinho.

— Já. Viktor e eu tentamos entrar em um restaurante em Doncaster para comer algo, mas antes de entrar, ele me beijou. A dona do restaurante viu e quando passamos pela porta, ela nos barrou. Disse que éramos uma aberração e que tinha crianças no estabelecimento dela que não deveriam ver isso. Acabamos indo para outro lugar, mas para prevenir, comemos em mesas separadas.

Draco sentiu seu coração quebrar-se. Um casal ser impedido de ficar juntos por pura ignorância. Ele nunca vivenciou isso, porque ele era o que se chamavam de normal. Tinha Astoria, e eram um casal perfeito, perante a sociedade atual. Harry não tivera isso.

Imaginou um Harry de 17 anos, encolhido de medo por ser expulso de casa. Mas ainda, seu coração doeu mais, quando se lembrou da história do acidente. Harry cadeirante, ferido tanto por dentro quanto por fora.

— Eu sinto muito. — Ele disse por fim.

— Tudo bem, acontece. Só queria eu ter dito poucas e boas para aquele homofóbico, mas não iria gastar minha saliva.

— Posso voltar e quebrar a cara dele.

— Um professor da Academia de Polícia vindo bater em alguém? Não é uma polêmica boa. Deixe de lado, tudo bem?

Draco sorriu.

— Tudo bem.

— Olhe como eu adoro o Carly's, ele abraçou a causa LGBT com vontade quando Dean se assumiu bissexual.

— Aqui é bem libertário...

— Eu me lembro quando estávamos na faculdade, e ele fez uma festa para comemorar o Orgulho LGBT. Eu ainda estava na cadeira de rodas, com Dean sentado no colo de um cara chamado... Marcus. O Ron foi disputado pelas meninas, e meninos também... já eu, cadeirante e todo arrebentado, só fiquei com um carinha.

Alabama Song | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora