Cap. 28

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-KIN, O QUE VOCÊ FEZ? - perguntou meu tio claramente nervoso na linha.

Eu tinha acabado de entrar na minha sala quando o telefone tocou. Sentei calmamente na minha cadeira e respirei fundo.

-O meu trabalho. - respondi calmamente.

-Não pode fazer o que bem entende. - falou ele.

-Fiz o meu trabalho. Tomei conta dos interesses da empresa exatamente como o senhor mandou que eu fizesse. - falei sem me afetar.

-Você não pode jogar dessa forma, ser ousada também significa arriscar. É preciso ter cautela e parcimônia nessa indústria, como acha que sobrevivi por tanto tempo no topo? Certamente não foi fazendo inimizades gratuitas com a segunda maior empresa do ramo. - falou ele.

-Eles rescindiram o contrato? - perguntei calmamente.

-É CLARO QUE NÃO, VOCÊ COLOCOU UMA MULTA DE MAIS DE TRÊS MILHÕES DE DÓLARES, PELO AMOR DE DEUS. - falou meu tio tão alto que eu tive que afastar o telefone do meu ouvido.

-E qual é o problema, então? - perguntei cautelosa seguindo o próprio conselho dele.

-Deus me ajude. Fique longe da garota e do empresário chiliquento dela. Tae vai cuidar da gravação e do resto. Sua parte nisso acabou. Amanhã volto para Seul. Akira-san (forma respeitosa) irá comigo, esteja pronta e não apronte mais uma dessas. Não tenho mais idade pra isso. - falou ele.

-Sim, senhor. - respondi e ele desligou o telefone sem se despedir propriamente.

Pensei em perguntar a ele sobre o porquê dele ter pedido a Jeon para não me falar sobre Nari, mas ele não estava no seu melhor humor e eu não queria piorar as coisas. Ia ter que ficar para outra hora.

***

Horas depois, eu estava me perguntando porque meu estagiário não era capaz de terminar as coisas em tempo hábil sem ameaçar chorar toda vez que seu supervisor chamava sua atenção para o prazo. Eu me joguei na cadeira do escritório depois de checar de onde a choradeira vinha e consolar o rapaz, meus pés estavam me matando e meu nariz tinha sangrado de novo. Dessa vez, o tempo estava realmente bom e eu não podia culpar a poeira fina da cidade. Eu morreria por uma comida gordurosa agora. Aliás, porque os saltos precisam ser tão dolorosos? Não dá pra ser bonita sem sofrer? Ou será que o problema é eu me curvar para esse tipo de obrigação social que diz que devemos usar salto alto para sermos mais elegantes e femininas? Estou soando como a Haru agora. Eu só queria meu all star velho e confortável. E um hambúrguer com batata frita. A porta do meu escritório foi aberta e a secretária do setor, uma jovem com expressão blasé que deveria ser mais jovem ou da mesma idade que eu entrou, não dava pra saber porque ela estava sempre perfeitamente maquiada.

-Sim? - falei me endireitando na cadeira.

-Senhorita, a recepção pediu pra avisar que há um senhor a esperando no hall de entrada. - falou a jovem com um tom formal e superior.

-Um senhor? Qual o nome dele? Não tenho nada na minha agenda. - falei checando meu horários.

-Ele não falou o nome, senhorita. Apenas disse que estava a esperando. Devo mandar os seguranças acompanhá-lo à saída? - falou ela.

-Não, vou ligar para a recepção. Obrigada. Pode ir. - falei e ela se curvou e saiu em silêncio fechando a porta da sala.

-Senhorita Haji. - falou a recepcionista assim que eu liguei para ela.

-O que houve? - perguntei. - Não estou esperando ninguém.

-Senhorita, o senhor apenas disse que estava esperando a senhorita e pediu para que avisássemos que ele estava aqui. - falou a funcionária de voz suave e gentil.

sunsets with you (Vol I - Vol II)Onde histórias criam vida. Descubra agora