sunsets with you (Vol I - Vol II)

Cap. 30 - Parte I

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A calçada da Haji Entertainment estava lotada de fotógrafos e jornalistas. Eu não podia entrar pelo estacionamento dos fundos porque tudo estava bloqueado por seguranças e eu não estava em um dos carros da empresa. Naquela manhã, pouco tempo depois que eu saí de casa, a Korea Dispatch, um tabloide conhecido por postar flagras e escândalos, havia postado uma matéria sobre Jeon e uma suposta namorada. A matéria dizia que o flagra havia sido feito alguns dias atrás, Jeon foi pego entrando em seu suposto apartamento em Itaewon com uma garota, que para a surpresa dos fãs, não era a cantora Nari. A pior parte eram as fotos. Fotos de Jeon beijando apaixonadamente a garota. Fotos de Jeon me beijando.

Eu estava anestesiada, sentada no banco traseiro do táxi enquanto encarava a tela do meu celular. O taxista havia me emprestado um carregador e logo que eu liguei o aparelho, inúmeras notificações de mensagens e ligações perdidas apareceram, mas eu não conseguia reagir. Eu só conseguia encarar a minha foto e a de Jeon exposta na internet. Eu paguei o taxista, mas não esperei o troco, apenas sai como um robô teleguiado em meio a confusão de paparazzis. Eu coloquei um óculos escuro para não ser cegada pelos flashes. Assim que me viram, todos viraram suas lentes e suas perguntas para mim. Os seguranças da empresa me reconheceram e correram para me cercar e afastar a imprensa. Eu não entendia uma palavra do que estava sendo gritado no meio daquele caos, eu apenas continuei andando sendo levada pela massa humana até estar segura dentro das portas da empresa. No hall de entrada vários funcionários estavam reunidos cochichando e a recepcionista correu ao me ver.

-Senhorita Haji? Senhorita Haji? - falou ela afobada. - Senhorita??? A senhorita está bem? Senhorita Haji?

-Sim? Sim, estou bem. - falei eu finalmente sem olhar diretamente para ela.

-A senhorita está sendo aguardada, senhorita Haji. Estão todos reunidos na sala do presidente Haji-ssi. - falou ela nervosa.

Eu assenti com a cabeça apaticamente e apenas segui em frente sentindo os olhos de todos me encarando. Na minha cabeça, eu me perguntava se aquelas pessoas sabiam ou desconfiavam que era eu a garota da foto. Eu suava frio e tremia, queria correr, gritar e fugir para longe de tudo aquele caos, mas não podia. Eu não tinha mais essa opção.

***

Quando eu entrei na sala, todos pareciam estar falando ao mesmo tempo. A figura imponente do meu pai estava de costas, olhando para além da janela, para a confusão de repórteres lá embaixo. O click baixo da porta fez com todos olhassem em minha direção, exceto pelo meu pai, e um silêncio ensurdecedor se instaurou. Eu permaneci parada, estática, sem saber exatamente como prosseguir. Meu tio Choi estava sentado no sofá ao lado de Tae, Si-woo e o Senhor Dong-hae estavam em pé segurando tablets e com a preocupação nos olhos. Meu pai estava atrás da mesa do meu tio, em pé olhando para fora. Jeon parecia tão perdido quanto eu, seus olhos estavam maiores do que o usual e ele parecia uma criança assustada. Ele estava com um capuz cobrindo seu rosto, sentado solitariamente no sofá, afastado de todos e parecia encolhido o que fez com que meu peito doesse um pouco mais. Tae se levantou assim que me viu, mas quando ele deu um passo para se aproximar, a voz grave do meu pai soou no cômodo e quebrou o silêncio, fazendo-o parar.

-Kin. - falou meu pai sem se virar.

-Otousan (pai/japonês). - falei com a voz falhando.

Meu pai virou e finalmente olhou pra mim. Ele usava um terno cinza tradicional, o cabelo prateado estava bem cortado e para trás. Meu pai era alto e magro, tinha as linhas do rosto bem angulares e bem marcadas dando uma impressão de dureza. Os olhos espertos pareciam constantemente estar olhando além do que viam. O rosto sempre estoico não conseguia esconder o desagrado marcado na linha reta e tensa dos lábios finos. Insatisfação, era o que eu sempre via quando olhava naquele rosto e era o que eu via agora.