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Luísa dirigia pela costa da ilha, pela chamada trilha dos penhascos. O destino deles era o Seongsan Ilchulbong, ou Sunrise Peak, um dos cartões postais da ilha. O "vulcãozinho" que visitariam, que ficava no extremo leste da ilha, é considerado uma das sete Novas Maravilhas Naturais do Mundo.
No percurso, os dois desfrutavam das vistas belíssimas que circundavam a ilha. Namjoon mantinha-se mais calado que o normal, desde que saíram da loja de chá. Luísa, que suspeitava que apesar de sua atitude cética em relação à previsão, ele parecia um tanto afetado pelo possível mau presságio. Ela não sabia como confortá-lo, pois no fundo, ela sabia que a previsão estava correta. Ela logo partiria, portanto, era inevitável que algo se despedaçasse. Ela não fazia ideia de como as coisas ficariam entre eles, mas inteira ela sabia quer seria impossível. Luísa suspirava alto, mudando insistentemente as músicas até que achasse algo que preenchesse o silêncio estranho que os cercava.
Namjoon, por sua vez, desligou o ar-condicionado e abriu a janela do carro. Já sem máscara e sem boné, ele queria, ou melhor, precisava, sentir o vento tocando seu rosto. Ele queria sentir qualquer coisa, qualquer coisa que pudesse tirar a atenção da sensação inquietante e um tanto melancólica que agora apoderava-se de seu ser. Mesmo não sendo alguém que levasse superstições a sério, o veredito da idosa havia mexido um tanto com sua mente, que já estava um tanto abalada desde que chegaram à ilha e Luísa o lembrara que sua partida era iminente. A aproximação do suposto fim entre eles, o deixava extremamente triste.
Foi então que em um dos verdejantes campos que ladeavam a pista, Namjoon avistou os lindos cavalos de Jeju.
Ele suspirou ao vê-los cavalgando majestosamente. Ele então, apoiou o braço no vidro do carro, que estava totalmente aberto, e recostou o queixo nele, como se de repente estivesse sem forças. Seus olhos agora acompanhavam avidamente aqueles animais poderosos, símbolos de coragem e liberdade. Suspirou novamente quando os cavalos mais rápidos atingiram um dos lados da cerca do campo. Eles pararam abruptamente, sem protesto, apenas pareceram inquietos ao darem de cara com o obstáculo, porém, logo retomaram outro caminho, circundando os limites impostos por seus donos.
Namjoon não pôde deixar de sentir uma conexão com eles. Ele sabia bem como era ter que equilibrar seus instintos e o fato de ser "domado". Ele tentava desde os tempos de trainee lidar com isso. Namjoon suspirou novamente, lembrando de como o sistema que ele fazia parte o impedia de ser totalmente livre, quase como aquela cerca impedia aqueles cavalos de correr. Uma vez que eles tinham a falsa ideia de estarem livres, cavalgando por toda a extensão do terreno, mas ao redor, havia barreiras que os impedia de adentrar outras áreas.
Mesmo lidando bem com o preço alto que tinha que pagar por realizar seu sonho, às vezes, Namjoon tinha recaídas, pois mesmo tendo mais liberdade a essa altura da carreira, ele sabia que com essa liberdade, vinha responsabilidades ainda maiores. Ele estava ciente de que nunca seria completamente livre, porque nem sempre poderia ter o que queria ou até mesmo o que precisava.
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Entre dois mundos
FanfictionQuando a jornalista Luísa foi chamada para entrevistar o grupo de Kpop mais famoso do mundo, ela não imaginava que esse breve encontro daria início a um intenso e secreto romance com o líder do grupo, Kim Namjoon.