Capítulo XXXIX - Motivos para desistir

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Hoje completam doze dias que estava a espera deste em especial. Não que eu tenha ficado muito ansiosa contando as horas para que desse meia-noite e eu festejasse que enfim é o dia vinte e seis de Junho, no entanto saber que depois desse dia finalmente estarei de férias e poderei passar algumas semanas com meus amigos e o meu namorado antes de voltar à Viera, já é um bom motivo para me dar ânimo.

Penso que desde o almoço que tive com minha mãe e com Fredson há uma semana atrás o meu humor tem declinado do péssimo para o desagradável, a ponto de necessitar de espaço mais do que precisaria se estivesse em meus dias bons. Fred tem me permitido isso, na verdade ele é um cara muito compreensível. A gente ainda passa algum tempo junto apesar de não termos falado ainda sobre o que não tem lhe permitido dormir nos últimos dias.

Era suposto que tivéssemos essa conversa na noite daquele dia, porém minha mãe quis ficar comigo depois do almoço. Nos dias seguintes ou ele estava ocupado ou eu estava ocupada. E quando ficássemos juntos praticamente deixávamos de lado o assunto e assim foi durante a semana. Como se tivéssemos voltado a nos acomodar no conforto da nossa recente relação.

Em algum dia enquanto eu, a Brenda e o Hélio acertávamos tudo com o dono do salão no qual será sua festa de noivado com Elioth, a minha amiga me disse que talvez devêssemos parar de adiar uma conversa importante como essa. Pela noite enquanto Fred e eu jantávamos no seu AP estava tão dispersa em meus próprios pensamentos que somente me dei conta de não ter falado sobre o assunto quando ele me beijou na porta da república e me disse que estaria comigo hoje, na entrega dos resultados das olimpíadas.

Então foi esta tarde que comecei a me perguntar se não estava sendo egoísta em pensar muito nos meus pesadelos e retraída demais com relação a me abrir com ele, pois geralmente isso não me caracteriza, e embora tenha comportamentos duvidoso de vem em quando, ainda sou do tipo que fala o necessário sempre que dá e por isso me questiono o que tem me feito travar tanto nesse assunto se me prometi fazer certo em minhas relações?

Essas dúvidas tem me deixado tão confusa quanto o motivo dele não ter respondido minha mensagem desde mais cedo. Foi simples e breve, dizia: “Ei, após o encerramento a gente precisa conversar. É sobre nós. Não tenha medo que não quero romper contigo ;-).”

Mas ele não disse nada até ao momento no qual escolho no meu lado do guarda-roupa algum vestido bom para usar hoje. Não tenho muitas opções, a metade dos poucos que tenho são de verão e outros mais casuais. Entre eles tem o vestido que usei no meu aniversário e ao vê-lo dou um meio sorriso com a lembrança da mensagem de Fred perguntando se dava para ver o meu traseiro nele.

Esse pensamento me faz suspirar de maneira que me pergunto quando foi que comecei a ficar tão ligada a uma pessoa a ponto de pequenos momentos me fazerem falta. A ponto de eu sentir falta de estar perto dela. Por muito tempo vivi isso somente com a minha mãe, em meus outros relacionamentos não me apagava tanto assim com os meus parceiros e talvez esse seja um dos motivos que tive mais ficantes que namorados no sentido literal. Pois era mais fácil assim, eu não ficava pensando metade do dia neles e a outra em nós dois juntos.

Mas porra, com ele está acontecendo isso e não sei se gosto tanto disso. Faz só duas semanas que somos namorados oficiais e eu não sei nem como agir na ausência dele. Sinto que estou me apegando muito e isso está me assustando agora, quando mais nova eu tinha prometido não chegar a aquele ponto, do apego me cegar, me tornar vulnerável e depende de outro alguém.
Porém também estou me sentindo muito besta por querer agir como se não me importasse com ele, como se ele não fosse o meu namorado e sim um simples casinho.

E não é bem assim. Então, e se eu estou sendo demasiado alheia ao que se passa com ele nos últimos dias?

Namorados não sufocam um ao outro, mas, e se eu estiver muito alheia mesmo? Do tipo eu não me importo muito e ele está se sentindo mal com minha forma de agir e por isso está se afastando de mim? Esse pensamento é patético demais ou eu estou sendo patética por pensar dessa maneira? Devo ligar e perguntar se ele está bem? Ou devo esperar encontrá-lo hoje a noite e ter uma conversa sobre tudo assim como lhe disse pelo celular?

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