Nossos pés estão afundando nas folhas secas no chão da clareira. Faz meia hora que caminhamos lado a lado dentre as densas árvores que nos protegem contra o sol escaldante de domingo, enquanto eu faço de tudo para ajudar Lena a atravessar alguns obstáculos como troncos caídos ou então raízes à espreita que ela, distraída como está observando o que nos cerca, não presta atenção em praticamente nada que lhe possa fazer mal.
Em algum momento na caminhada nossas mãos de juntaram e desde então estamos andando assim, de mãos dadas. Me facilitando a tarefa de a afastar desses empecilhos. E de sentir a proximidade entre nós.
Ainda me lembro como se fosse ontem quando fiz essa mesma trilha pela primeira vez. Gravei este caminho em minha memória como consequência de quase ter me perdido ao me separar de meus avós na volta. E sempre que regresso a cachoeira aonde estamos chegando agora, eu sorrio orgulhoso de mim mesmo por aquele dia ter tido coragem de reencontrar sozinho o caminho que tomara antes.
A queda de água se faz dos rochedos até encontrar a lagoa límpida que geralmente tem as suas águas mornas acolhendo pequenos carpas alaranjados.
As reações de Milena quando encara o arco-íris refletido da incisão dos raios solares sobre a água é de admiração palpável. Ela se atreve a caminhar mais para a margem e se agacha próximo a água, suas intenções claras ao levar as pontas dos dedos até ao fluído e rir contida como se fosse uma criança descobrindo um parque de diversões.
Caminho até ela e me sento na rocha disposta do seu lado. Ela olha para mim e sorri aberto ao se levantar e erguer os olhos até ao céu com o som estridente de uma águia acima de nós.
— Caralho, que lugar é esse?! — ela pergunta fazendo gestos um pouco agitados com as mãos.
Eu sorrio.
Mas que boca suja.
— O lugar no qual eu e você iremos nadar juntos, ou algo assim, pela primeira vez. — Eu sentencio desatando o nó dos cadarços das minhas botas de coturno pretas.
Ela ri se divertindo com a minha escolha de palavras.
— Você não tinha mencionado sobre isso em nenhum momento, Sr. Impertinente. — Murmura ela tirando a mochila das costas e a deixa cair sobre as pedrinhas que compõem a margem da lagoa.
Eu também rio suavemente me desfazendo dos meus calçados por completo e logo das meias.
— Talvez eu só tenha desejado ver você seminua. — retruco removendo pelas costas a camiseta de algodão que vestia, antes de um sorriso mordaz se apossar de meus lábios quando leio completamente os pensamentos de Milena me olhando sem vergonha nenhuma naquele rosto bonito.
— Tarado. — ela acusa se aganchando e removendo suas sapatilhas pretas, cortando o nosso contato visual de imediato.
Então decido que não devo ser o único que fantasia com o outro seminu.
— Não posso negar esse título — eu confesso deliberamente me levantando da rocha desconfortável. — Mas não sou tão ruim assim, por esse motivo eu pedi que você levasse um short confortável.
Milena dá de ombros pouco convencida.
— Vire-se para lá — ela aponta por cima do meu ombro. — Mas não deixa de ser um tarado. — completa seu raciocínio.
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Quando As Nossas Vozes Ecoam [✓]
Romance[+16] Sinopse Conhecida pelas suas excepcionais notas no fundamental tanto como no ensino médio, Milena Mayer, uma garota de 18 anos, é presenteada com uma bolsa de estudos pelo seu antigo colégio para frequentar uma das melhores universidades...