Capítulo X - Sentimentos ocultos

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Discussão nunca foi o meu forte. Geralmente quando estou submetida a isso, tenho tendências de querer chorar mais do que posso proferir uma palavra. Por esse motivo que procuro manter a calma em qualquer situação antes que se torne uma briga. Independentemente da pessoa com quem converso.

É claro que até ao momento penso que a decisão de Brenda tenha sido bem desagradável, embora que eu tenha me aproximado um pouco de Fredson — o que ao meu ver não é mau de todo —, em minha mente ainda permanece o pensamento de que a morena pudesse ao menos ter me consultado antes. Claro que eu recusaria. De cara. Mas não custa nada tentar.

— Ainda não entendo o que você estava pensando quando chamou Fredson para passar a noite no mesmo espaço que eu. — eu falo terminando de calçar minhas sandálias, meu tom de voz  um pouco cansado.

, só queria o seu bem. — ela se defende despreocupada, atirando seu corpo exausto sobre a cama coberta de peças de roupas que deviam ter sido guardadas há mais de três dias. Eu julgaria, porém, sei que sou assim de vez em quando. — E se você não tivesse o expulsado daqui, conheceria mais dele.

De súbito levanto da cama, fitando a morena mascar seu chiclete preguiçosamente. Não sei como ela consegue agir tão natural sabendo que tem aulas daqui há duas horas.

Brenda não dormiu na república ontem. — O que significa que foi mais um bilhete na minha gaveta. — Não faço ideia de onde ela foi, no entanto é visível que qualquer lugar que tenha sido, esgotou suas forças.

Deliberamente caminho até ao espelho de corpo inteiro fixado a porta do nosso guarda-roupa, observo de relance a camisa de ombros caídos que escolhi para hoje e as calças jeans que cobrem minhas pernas. Faço meus cabelos passarem para trás das orelhas e solto um leve suspiro ao notar a garota preguiçosa me fitar através do meu reflexo, animada.

Ela abre um sorriso divertido para mim, me fazendo virar e a encarar de braços cruzados.

— Por quê chamou logo o Fredson? — pergunto de repente. — Você não tem amigas? Se foi convidar um cara, por quê não o Hélio? — Brenda se espreguiça e dá um pulo para fora da cama.

— Hélio trabalha de noite — ela vem até mim de forma tranquila. — Paulo tem namorada e aqueles dois são uns pervertidos. Tenho algumas amigas, mas a que mais confio, para além de você, claro, é intercambista e não poderia vir dormir aqui com você.

Então Brenda reduz por completo a distância que nos separava e me abraça. Mais jogando quase todo seu peso em mim. Por instinto coloco minhas mãos sobre sua cintura tentando não cair.

— Vê? Esse foi um bom motivo. — Certamente minha amiga acabou de contar uma meia verdade.

A afasto com cuidado para que nossos olhos fiquem nivelados.

— Tem mais de três quartos nessa casa. Mais de cinco pessoas. Sério que foi arrumar essa desculpa, Brenda? —questiono em dúvida e ela faz bico, pensativa.

— Ah, essa ideia me passou como um relâmpago. — ela afirma endireitando sua postura. Logo sorri largamente para mim. — Me perdoe por isso, ok? Não imaginei que te chatearia tanto.

— Tudo bem, apenas me pergunte primeiro quando for me envolver nos seus planos. — falo abrindo um leve sorriso e sou puxada para um abraço caloroso.

Quando As Nossas Vozes Ecoam [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora