Antes do Meu Fim

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Como falamos aqui no Nordeste: se avexe não.

Comentários, teorias, ameaças de caçar a autora... Até que não foi tão devastador assim, não acham?

Eu disse que voltava logo!
A gente ainda se vê e rápido.

Boa leitura.

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Pov Sarah

Hoje é aniversário da Juliette!

Eu planejei um mês inteiro de comemorações especialmente para ela, eu quero que Juliette se sinta a mulher mais especial do mundo.

É o primeiro aniversário que iremos passar juntas, eu e ela. Nós vamos viajar para a Espanha e puta merda, eu amo a Espanha. Eu quero apresentar o mundo inteiro pra Juliette, levá-la para conhecer cada cultura e atrações locais.

Eu sei que ultimamente tenho andado absorta e melancólica. Não tem sido fácil toda a cobrança da mídia sobre o serial killer de Hoffen, não tinha sido fácil encontrar o fantasma de Carol me observando, não tinha sido fácil esconder o meu passado da Juliette.

Eu preciso de um psicólogo, uma terapia, algo que me ajude a lidar com o buraco que a Carol deixou em meu peito. Apesar de tudo, eu tenho certeza que em nenhum momento eu pensei em usar a Juliette para tampar a dor e a ausência causada pela Carol.

Eu gosto da companhia da Juliette. E foi por causa dela que eu voltei a dar valor aos pequenos momentos da vida.

Eu gosto da forma como ficamos em silêncio uma do lado da outra, lendo um livro;

Gosto de como ela derruba todas às panelas quando vai cozinhar alguma coisa;

Gosto de segurá-la quando a mesma tropeça pela casa inteira;

Gosto de trocar o café dela pelo meu, sempre que vem errado;

De segurar sua mão enquanto lemos juntas, de abraçar ela para dormimos, de beijar, fazer cafuné, assistir filme agarradas e tantas outras coisas que não caberiam aqui.

Eu gosto dela. Na verdade, eu amo ela. E eu venho me apaixonando a cada dia que passa por quem ela é pelo o que despertou dentro de mim.

Minha forma de lidar com uma pressão ou com a resolução de um caso é peculiar. Eu me isolo e dedico plena atenção por algo que me tire da minha própria atmosfera. Quebras cabeças, livros, música clássica, solidão. E geralmente dá muito certo, é assim que eu alavanco na carreira e sou considerada a melhor do âmbito profissional.

Eu estava traçando um plano perfeito para finalmente dar um fim nesse esperto que anda bancando o aterrorizante serial killer da cidade de Hoffen. E faltava tão pouco para concluí-lo.

Mas não era só isso que eu precisava resolver. Eu ainda estou investigando a morte dos meus pais, causada por uma suposta queda de avião anos atrás. E, não menos importante, a morte de Carol.

Ultimamente tenho sentido muitas energias ruins, como se algo fosse revirar a minha vida ou quem sabe, acabar de vez com a mesma. Não só eu, mas Juliette também. Diversas vezes a mesma acordava durante a madrugada, desesperada e em prantos por um tal pesadelo que nunca vinha com detalhes. Talvez se ela me contasse o que sonhava, poderia aliviar ou quem sabe descarregar o peso que sentia. Mas eu, sinceramente, não estava em nenhuma posição de cobrar alguma coisa.

Na madrugada de ontem, sonhei com um homem atirando a queima roupa na Juliette e eu nunca conseguia salvá-la. Ele repetia que era para o meu bem e que apesar de eu ser uma aberração, me amava. Eu nunca vi seu rosto, nem nada. Acordei ofegante e como em um ímpeto, não possuí nenhuma rota dos meus próprios sentidos. Vi Carol pelo o espelho do meu guarda roupa, me olhando ternamente e vagarosamente falando.

O Recomeço | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora