O Recomeço | Sariette

Recomeçar

Voltei dos mortos, diferentemente da Sarará.

Eu leio cada uma das ameaças... Mas qual é? A história sempre terminar com um final feliz já é rotineiro.

Lembram do nome da fanfic?
O Recomeço!

Se permitam recomeçar também.
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Eu estava do lado de fora do hospital, após terem injetado um calmante em minha veia. Eu, Gilberto e Higor estávamos juntos, abraçados, enquanto nossas lágrimas continuavam caindo sob nosso colo. Gil e Higor esperavam Lucas sair, seu ferimento, graças ao Giuseppe, não se alastrou e o sangue que jorrava foi contido o suficiente para apenas enfaixarem seu braço e o liberarem dentre algumas horas. Já eu, aguardava ansiosamente o corpo de Sarah sair no carro do IML.

Eu sabia que Kerline estaria lá, com seus inseparáveis defuntos. E ela iria me deixar entrar por bem ou por mal. Nunca a ideia de roubar um corpo foi tão nítida em minha cabeça, quanto estava sendo agora.

A minha ficha ainda não caiu, sabe? Saber que o meu amor está morta não entra na minha cabeça. Talvez essa ficha nunca fosse cair, assim como a da Sarah em relação a Carol, nunca tinha caído.  A verdade é que eu não conseguiria ver Sarah em um caixão, rodeada de flores e cheirando a formol. Eu não estava pronta para ir até a cafeteria e não ter com quem sentar, naquela mesma mesa que ela tanto amava. Eu não estava pronta para ficar sem o seu "bom dia", sem suas mensagens que era tão frequentes, sem aquele "online" que sempre aparecia rapidamente quando se tratava de mim. Eu não estava preparada para ficar sem seus abraços, sem seu cheiro único, sem seus beijos e seus abraços.

A verdade é que nunca estamos prontos para nada.
Nem mesmo para dar nosso último adeus a quem amamos. 

Se eu soubesse que seria assim, eu teria dado quantas jujubas ela quisesse, todos os beijos, teria dormido abraçada junto a ela mesmo no calor, teria evitado tantos surtos e principalmente, aquelas palavras. Se eu soubesse que a perderia dessa forma, eu teria sido diferente.

E é isso que machuca.
Saber que precisei perder a minha mulher para aprender a dar mais valor a ela. Saber que eu precisei vê-la morrer para dizer que a amava muito.

Suas últimas palavras foram me pedindo perdão e dizendo que me amava.
Como você me amava Sarah? Como me amou após eu ter ferido você? Como me amou após eu ter acertado tapas em seu rosto, fazendo-a sangrar? Como me amou sabendo que se nada disso tivesse acontecido, eu iria embora para sempre? Como me amou, sabendo que me perderia?

E se me ama, por que foi embora? Se me ama, por que você me deixou? Se me ama, por que não a tenho mais comigo?

— Sinto muito, Ju. — Lucas falou.

Sequer eu tinha prestado atenção que ele estava bem a minha frente, com o braço enfaixado. Eu apenas me levantei e o abracei forte.

— Senti tanto medo de perder você também, Lu. — Desatinei a chorar.

— Eu estou sem chão, Ju. Sem chão! — Soluçou entre as lágrimas.

E nesse momento, fomos amparados pelos braços de Gil e Higor que nos rodeava, chorando junto conosco, copiosamente. Com a morte de Sarah, uma parte de nós também morreu. Ela nos levou quando decidiu partir. E inúmeras perguntas nos rondava, nos cercando a cada lugar que íamos.

Será que iremos conseguir dizer adeus? Será que essa dor ia passar? Iríamos mesmo nos acostumar com sua ausência?

Novamente, a chuva caíra sob nós, chorando conosco e nos abraçando. Até mesmo os céus conheceram a nossa dor de ter perdido Sarah.