Gatilhos: Passado conturbado, menção ao suicídio.
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A tela dos monitores mostravam um jogo e seu rosto. Dava pra ver mensagens rolando sem parar. Não consegui identificar o que estavam dizendo. Rapidamente o garoto encerrou seja lá o que estivesse fazendo,tirou seus fones e os apoiou no monitor. Seus olhos encararam os cortes feito em meu braço. Ele rapidamente se levantou e deu passos pequenos em minha direção.
— O que aconteceu [Nome]? Me responda,por favor.– minha cabeça estava baixa,meus olhos ardiam. Segurei seus braços fortemente.
— Kozume....eu....me perdoe.– minhas pernas perderam as forças e eu caí no chão. Eu soluçava de tanto chorar.
— Meu Deus,[Nome].– o meio loiro se agachou e levou suas mãos até minha bochecha. Seus olhos âmbar arregalados,seus lábios ressecados.
— Eu sou uma completa porcaria Kozume. – espremi os olhos e mais lágrimas saíram de meus olhos ardentes. Meu coração palpitava e minhas mãos tremiam.
Kozume me levou para mais perto de si e me abraçou fortemente. Seus braços eram acolhedores,quentes. Ele apoiou seu rosto em meu ombro e meu rosto estava em seu peitoral. Levei meus braços até suas costas e o apertei,como se não quisesse solta-lo nunca mais.
— [Nome]...seus braços....suas coxas.... estão....– hesitou sussurrando em meus ouvidos.
— Eu sei Kozume...eu sei.– minha voz saiu embargada.
— Eu ouvi os seus gritos,e não fui te ajudar. Me perdoe [Nome],me perdoe.– sua voz estava trêmula,afastei seu corpo do meu,abri um sorriso em meio as lágrimas.
— Não...– respirei ofegante — tem importância...eu faria isso de qualquer jeito.– levei os dedos até sua bochecha quente. E de repente,eu sentia meu corpo mais leve. Fechei os olhos e cai em seus braços.
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—
[Nome],por favor,acorde.– escutava a voz desesperada de Kozume e sua mãos apertavam a minha mão esquerda.
Abri os olhos com uma certa dificuldade. A Lua iluminava a sala de uma maneira que o cômodo todo ficou claro.
— Kozume – me ajeitei no sofá. — Eu estou....
Os braços do garoto me apertaram de uma maneira agonizante. Eu nunca tinha visto ele tão desesperado daquele jeito.
— Porra,[Nome]– senti lágrimas caindo em meu ombro. — Eu pensei que você tinha morrido.... eu te imploro, não faça mais isso.– ele realmente implorou por isso,ele soluçava.
Levei as mãos por detrás de seus ombros e apertei os mesmos. Ambos estávamos desesperados,ambos estávamos machucados. Ficamos longos minutos daquele jeito, nenhum reclamava. Tinha certeza que nenhum queria sair daquela posição.
— Eu pensei que tudo ia se repetir..– o meio loiro começou a se afastar de mim.
— Tudo o que?– indaguei limpando as lágrimas.
O meio loiro suspirou desfazendo de seu coque desleixado. Levantou as mangas do moletom. Franzi a testa quando vi que seus pulsos eram lotados de cortes.
— Quando nasci,meus pais me abandonaram e dês de então passei a morar com minha avó. Nunca tive uma infância boa. Eu sofria muito bullying na escola. Me chamavam de assustador, de inútil e mais um monte de xingamentos. Uma vez,eu quase morri.– o garoto levantou o moletom expondo seu peitoral com uma enorme cicatriz que ia do seu peito até sua barriga. — Eu tinha 11 anos nessa época. Eles me encurralaram numa floresta e começaram a me cortar. Eles riam quando eu gemia de dor. Quando escutaram o som de polícia percorrendo o local, fugiram. Eles me encontraram quase sem vida. Eu estava pálido,ardia em febre. Me levaram até o hospital mais próximo e me internaram lá.
Pausa.
— Eu pensei que havia morrido quando abri meus olhos e olhei ela. A minha avó.– o meio loiro abaixou seu moletom e sorriu quando citou a sua parente. — A única pessoa que eu amei na minha vida,e a única que se importou comigo.– ele desfez o sorriso,suspirou e olhou para a varanda. — Conheci Kuroo dois meses depois. Fiquei receoso pensando que ele só queria se aproveitar de mim,mas não,ele só queria ser meu amigo. Ele foi o primeiro amigo que fiz durante 11 anos. Depois disso eu levei uma vida até que normal. Ia para escola,voltava com Kuroo para casa, almoçava e ia passar o resto do dia trancado dentro do quarto jogando.
O meio loiro suspirou agoniado.
— Até que um dia..– comprimiu os lábios e olhou para suas mãos. — eu voltei para minha casa,e minha vó não estava lá. – olhou para o teto e começou a respirar fundo. — Eu a procurei pela casa toda,e não a encontrava. O telefone da casa começou a tocar e eu rapidamente atendi. Era o médico da vovó. Ele falou que ela tinha sofrido um infarto fulminante.
Uma lágrima escorreu no rosto do garoto e ele levou os dedos para limpar a lágrima.
— De repente,tudo [Nome],tudo perdeu o sentindo.– me olhou com os olhos marejados. — Eu corri até o hospital e lá estava ela,num leito de UTI. Eu andei em sua direção. Eu não a reconhecia. Ela tinha perdido o peso,não era a mesma vovó alegre que eu conhecia. Ela abriu os olhos e me fez prometer que eu seria um menino alegre. Eu prometi. – o meio loiro abaixou o rosto e começou a chorar. Um silêncio se instalou no ambiente.
— Eu também quis que ela me fizesse uma promessa. Então pedi para ela que prometesse que ia melhorar e sair daquele hospital. Ela ia prometer, até que.....– fez uma pausa. — Ela morreu. Morreu na minha frente.
Suas palavras,eram como se fosse facas perfurando meu coração. Eu nunca,nunca mesmo, vi Kozume tão abatido como agora. Seu interior queria gritar,queria se libertar.
— [Nome],eu morri também. Ela ia me prometer,ela ia.– começou a bater em seu peito disparadamente. — Já fazem dois anos que ela partiu. Já fazem dois anos que não sinto seu cheiro,seu abraço,nada. Fazem dois anos que eu não sinto vontade em viver. Já pensei em diversas maneiras em me suicidar,mas eu nunca tive coragem. Eu tenho medo,[Nome],eu estou desesperado. – seus olhos pediam por socorro.— Eu venho lidado com a depressão dês de então,e tudo não faz sentido. Nada faz. – ele levou as mãos até seu cabelo e começou a apertar. Se encolheu e começou a desmoronar.
Pausa.
— Mas – se ergueu. — Dês que te conheci,eu acho que a vida melhorou um pouco. Eu não venho tendo tantos ataques de pânico como tinha antes. Eu anseio por te ver, por mais que eu odeie admitir — curvou os lábios para dar uma espécie de sorriso e seus olhos brilharam quando encontraram os meus. — Quando você desmaiou,[Nome],um filme da minha vida passou pela minha mente. Eu pensei que novamente alguém ia morrer na minha frente.
Eu estava sem reação. Eu não sabia o que dizer,não sabia o que sentir. Meu peito doía. Em pensar que Kozume passou por isso tudo,e eu não poder ajudá-lo.
— Quando fui a sua casa, Haruka me convenceu a dançar com ela. Estava animada demais e começou a me perguntar muitas coisas sobre você,muitas mesmo. Do tipo você gosta dela? ela é linda né? eu amo muito a minha prima. Eu ria sem parar porquê ela estava eufórica. Chamei sua avó de vovó por impulso. Eu vi a minha vovó nela. Eu me senti acolhido novamente.– ele pegou minhas mãos e começou a passar o polegar no dorso.— De maneira alguma,eu fiz isso porquê tentei "roubar" as duas de você,pelo contrário,eu só queria sentir o amor de uma pessoa mais velha de novo. Me perdoe se fiz algo de errado,eu não quis te machucar.
Não sei como,mas ainda me restavam lágrimas,e comecei a chorar,de novo. Chorei pelo passado de Kozume,chorei por não poder ajudar,chorei por ter feito a burrice que fiz mais cedo. Me joguei em seus braços,não por impulso,mas por necessidade. Eu precisava pedir perdão,eu precisava falar que eu o amava. Nós precisamos desse abraço.
— Kozume....– levantei o rosto para encara-lo. — Eu te a......– ele levou o dedo indicador até meus lábios e fez shhh.
— Dizer eu te amo, não são palavras que quero ouvir de você. Mais do que palavras, é tudo que você precisa para provar que é real.
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more than words;; kenma kozume
Fanfiction[Nome] é diagnosticada com uma doença terminal, e tem pouco tempo de vida. Em meio ao caos de sua vida, ela encontra uma luz que tem cabelo meio loiro.