¹⁷; ela e o ódio gratuito

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— Você me ama menos quando estou longe?
A voz grave de Taehyung soprou no pé do meu ouvido.
Eu me encontrava entre as pernas dele, encostada em seu peito, enquanto ele mantinha-se recostado contra o tronco de uma árvore velha e grande que espalhava sombra por uma boa parte do espaço aberto, coberto por grama e flores minúsculas amarelas.
No nosso último dia na casa dos pais dele, pela tarde decidimos andar de bicicleta por uma estrada próxima a residência onde perto havia uma campina.
Tae me contou que seus pais gostavam de fazer piquenique ou só tomar um ar no lugar.
Segurando a mão muito maior que a minha, brincava com os dedos grandes dele, a pele cor bala de caramelo estava ainda mais bonita banhada pelos raios dourados do sol que atravessavam as folhas da árvore.
O pôr do sol estava perto.
— Uh, não — encontrei a linha de seu queixo e depois os olhos suaves — Desconheço qualquer forma de te amar menos, Taehyung. Mesmo com a distância, nada se altera.
Voltei meus olhos para frente, para onde as duas bicicletas estavam largadas no gramado.
— Minhas perguntas sempre te pegam de surpresa — observou.
— Oh, existe um lado muito imprevisível em você. Eu gosto, de verdade. Nunca sei o que vai sair da sua boca, então sempre que começa a falar meu coração reage.
— É ruim?
— Não. Só acontece com você. Mas me conta — voltei a encará-lo — Por que pensou nisso de eu te amar menos com a distância?
Tae esticou os lábios em linha reta. Depois mordeu o inferior, calculando a resposta. Eu ainda não tinha certeza se era algo que o ofício dele tinha ensinado, mas Kim costumava ponderar suas respostas.
Ele deu de ombros.
— Me peguei pensando sobre e tive essa forte dúvida. Na verdade, curiosidade de saber como é que se sente em relação a nós quando estou afastado.
— Sinto sua falta — medi o tamanho dos nossos dedos.
— Isso é um fato, uh? — ergueu uma sobrancelha com ar brincalhão — Falo sobre o outro lado, Eva. O que nunca conversamos, não com palavras. Não sou um namorado comum para você em vários aspectos. Pensei se isto poderia afetar seus sentimentos por mim. Imagino que minha ausência cause mais que saudade.
E ele não estava errado.
Nos primeiros meses eu evitei pensar na parte "ruim" de me relacionar com um idol.
— Como te disse; nada muda no meu coração. Mas sabe, começo de namoro é assim. Estamos apaixonados, apenas preocupados em lidar com o sentimento, demonstrá-lo e cultivá-lo. É o momento da lua de mel.
Ele deu um meio sorriso.
— E vai passar — apontou.
— Vai. É algo comum em relacionamentos. Já passou por isso, suponho.
Ele envolveu a mão na minha.
— Foi diferente.
Eu tive de me mover.
Taehyung nunca tinha me deixado saber nada sobre a pessoa antes de mim. E eu nunca estive disposta a questionar.
Me sentei de frente para ele, curiosa. Tae analisou minha face, a dele ainda com semblante calmo, segurando minha mão.
— Quer falar sobre? — precisava verificar.
Tae assentiu. Eu senti um friozinho na barriga. Ele não fez rodeios.
— Ela era uma atriz, na verdade é. A gente se conheceu através de amigos em comum, nos bastidores — ele falava olhando para nossas mãos — Na época em que eu estava gravando minha participação em Hwarang, nos tornamos colegas. Ela se aproximou e eu deixei acontecer.
— Começaram a ficar?
— É. Isso mesmo — encontrou meu olhar — A gente se gostava, se encontrava quando era possível, mas foi ficando difícil e ela queria uma atenção que eu não fui capaz de dar, então me esforcei ao máximo para que desse certo. Em certo momento, acreditei que estávamos bem, mas as coisas mudaram de repente.
Meu coração apertou.
— Comecei a perceber que ela queria me ter por perto, mas não pela nossa relação. Eu fui uma porta que se abriu e ela se beneficiou e quanto mais eu crescia, mais ela me queria junto. Quando perguntei sobre nosso futuro, ela reagiu mal. Não gostou do meu questionamento e disse que não gostava de ser pressionada. Mas eu não queria muito, só fazer planos — ele soltou minha mão cuidadosamente e coçou o queixo — Após essa situação, tudo foi piorando, esfriando e eu percebendo que para ela era mais importante estar na minha roda da amigos do que comigo.
— Entendi. Essa fulana aí era uma interesseira que se aproveitava da sua fama para alcançar a própria, uh? — meu tom de voz agourento.
— Que cara é essa? 'Tá brava?
— 'Tô. Ela foi uma cobra. Mas como foi o final da história? — cruzei os braços.
— Uh, ela partiu meu coração e na mesma época descobri que algumas das pessoas ao meu redor eram exatamente como ela: Oportunistas. Foi doloroso, eu terminei nosso namoro, me afastei desses falsos amigos, foi uma época difícil.
— Sinto muito, TaeTae. De coração. As pessoas são bem filhas da puta quando querem — desabafei.
Ele riu.
— Oh, está muito irritada?
— Claro! E vai me dizer quem é essa tal?
— Você fica sexy brava.
Tombei a cabeça, olhando feio para ele.
— É sério.
— É mesmo importante saber? — Taehyung imitou meu gesto de forma fofa.
— É sim — afirmei.
O Kim pegou o celular do bolso, depois de alguns cliques ele virou a tela do aparelho para mim.
— Eu acho que já vi ela em algum lugar. Bonita e venenosa, huh.
— Provavelmente já viu, sim. Nos bastidores alguns sabem do nosso envolvimento no passado, ela ainda se dá bem pelo que soube.
Bufei.
— Ainda se interessa em saber dela?
— Ah, minha Eva — ele me abraçou.
— Ugh! Eu já não suporto essa mulher.
— Não coloque energia em coisas que não valem a pena, anjo. Eu encontrei você, está tudo bem agora. Ela faz parte do meu passado, não me interessa de forma alguma.
— Tá bom.
O apertei em meus braços como se fosse capaz de curar qualquer dor ou mal já feito. Como é que um ser conseguiu quebrar o coração dele? Para mim não fazia sentido nenhum. É claro que ela teria meu desgosto.
Beijo a curva do pescoço alheio.
O sol estava se pondo e secretamente pedi aos céus que me tirasse da vida dele antes que fosse capaz de partir seu coração. Eu nunca suportaria, a ideia me deixava agoniada.
Afastei-me o soltando, porém fitei seus olhos. Taehyung mantinha a expressão tranquila.
— É realmente muito difícil ser sua namorada. Principalmente nos dias em que eu faria qualquer coisa para tê-lo por perto e você está sei lá aonde, sendo o artista que nasceu para ser. É complicado dormir nas noites em que sua companhia faria toda a diferença. Além de tudo, é frustrante fingir que não faço tudo isso.
Vi um biquinho se formar e continuei:
— Mas eu aceitei ficar contigo e consequentemente as condições para isso. É desse jeito que eu levo em diante. É nisso que eu penso no meio da frustração de não poder caminhar pelas calçadas do centro segurando sua mão ou não poder postar uma das fotos que tiramos juntos.
— Poderia ser diferente…
— Talvez, se fosse, não teríamos nos encontrado. Voltando à sua primeira pergunta, respondendo de forma mais completa; eu só faço te amar mais. Chega a ser assustador! — soltei uma risada nervosa — Entretanto, podemos viver este momento, toda essa paixão cheia de coragem. Eu só penso em você, Kim Taehyung.
Avancei para cima do corpo dele, puxando-o para cair de lado na grama comigo, fora da sombra das folhas, assim o restinho do sol nos alcançou. Ouvi o som contagiante de seu riso de menino, os lábios curvados dando espaço para o sorriso quadradinho.
— Sabe, foi a primeira vez que contei essa história sem me incomodar de algum jeito. Foi leve. Você é uma grande amiga também, anjo.
Baguncei seus cabelos, chacoalhando as mechas com meus dedos.
— Podemos ser namorados, colegas, amantes e amigos. Sei que Jimin executa o papel de amigo como ninguém mais na tua vida, mas saiba que estou aqui também — eu sorri.
— Ah! — olhou para o céu e fechou os olhos.
— Quê foi? — perguntei curiosa.
— Shhh! Estou agradecendo — voltou a me olhar após alguns segundos — Agradeci por você estar aqui. As coisas tem cor agora.
— Como as telas de Monet?
— E um pouquinho mais — sorriu — Percebi que não tirou mais o colar.
Taehyung segurou o pingente pequeno.
— Significa muito e sinto como se carregasse uma parte de um momento nosso comigo. Nunca quero tirar.
Usando o indicador, Tae ergueu meu queixo nivelando nossos rostos. Roçou os lábios nos meus sem quebrar contato visual.
— Eu acho bom que não tire mesmo — soprou antes de me beijar.










O Vê Em Vênus | kim taehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora