²⁸; colorir uma história de amor

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Fazer as malas nunca foi tão difícil. Tudo estava decidido e minhas mãos suavam um pouco. Minha casa permaneceria fechada e o aluguel continuaria sendo pago. Taehyung ficaria com as chaves para mim.
Ah, meu Taehyung… encontrava-me tentada a permitir que meu mundo passasse a girar em torno dele, mas não teria tempo para perder minha sensatez.
Escutei duas batidas na porta, interrompendo os insistentes pensamentos.
— Posso entrar? — era Rose.
— Claro que sim.
Ela adentrou o espaço, olhando ao redor.
— Tudo bem? Eu já terminei de recolher os alimentos. Marcus vai pegar e levar para a doação, amanhã mesmo.
— Muito obrigada, Rose.
— Não há de que. — ela sentou na beira da minha cama, perto de mim — Falta muito?
Neguei com a cabeça.
— Eu só tô fazendo hora mesmo. — suspirei — Não vou precisar levar muito. Roupas vou ter de comprar por conta do clima europeu, então… Agora tenho que pegar algumas coisas no ateliê.
— Quer ajuda? — os olhos de Rose estavam entristecidos.
— Não, amiga. Você já fez muito. — estendi minha mão, pegando a dela — Vou sentir tanta saudade! Mas vou ligar sempre até que fique puta da vida e desligue na minha cara.
Rose riu alto.
— Você sabe que eu faço isso.
— Sei. Tenho muito amor e gratidão por você. Sua amizade é essencial para mim e não quero que este momento seja como uma despedida. A gente vai se encontrar logo. Vai ser difícil me adaptar sem tê-la por perto.
— Mas vai se sair bem, Eva. Acredito em você. E qualquer que seja a confusão, me chama que largo até meu marido para te salvar. É sério. Além do mais, aproveite seu sonho. Nem todo mundo tem essa possibilidade, então faça valer. Vamos ficar bem.
O sorriso e os braços abertos para me abraçar era uma das coisas que eu precisava.
— Certo. — aspirei o perfume dela, guardando outra vez na memória. — Obrigada por estar aqui. Obrigada por tudo.
— Não há de quê, meu bem. — abraçou-me mais forte.
Minha intenção não era chorar, entretanto, fora impossível segurar e terminamos aos soluços sentadas na minha cama, sem partir o abraço.
Tomamos nosso café juntas, depois assistimos o filme favorito de Rose: "Comer, Rezar e amar". Ela me fez tirar uma foto nossa.
— Precisamos registrar a partida e depois o regresso. — deu uma piscada de olho.
Ao pôr do sol, encontrei-me sozinha entre minhas telas e tintas. Usando minha camiseta manchada em todos os tons. Não costumava pintar ao anoitecer porque minha vontade era sempre mínima nesses horários.
Só que naquele iniciozinho de noite eu cobri o Canvas antes em branco pálido com um céu estrelado, no preto mais escuro e profundo. As estrelas que tentei reproduzir o brilho, ficaram como jóias no meu céu. Demorei bastante finalizando a lua: redonda e reluzente em tons amarelados para lembrar o calor dele.
E a dois palmos de distância, eu colori vênus. Menor, mas brilhante. Usei duas cores, fazendo mistura para ter vermelho. O tom parecia queimar a tela de tão vibrante e assim não tinha melhor forma de retratar o planeta do amor.
Dei dois passos para trás segurando o pincel erguido e a paleta em outra mão, observando. Meu coração reagiu, eu quis chorar. Mesmo com a tinta fresca não seria cedo para perceber que tinha acabado de pintar minha história de amor.
Curiosa, deixei de lado as "ferramentas" para colocar o tronco para fora da janela do ateliê, olhando para cima. Minha pele foi tomada pelos raios brilhantes da lua cheia, bem no alto. Procurei por outro brilho menor, mas não menos intenso e lá estava Vênus. Distante da lua, mas não menos apaixonada.
Balancei a cabeça com um sorriso que beirou a melancolia.
— Ah, Eva… você é a romântica mais cafona que existe. — falei sozinha. Fiquei ali por não sei quanto tempo, apenas encarando o céu.
Uma nova etapa caminhando na minha direção e eu na dela. Voltaria a experimentar as aventuras de um amanhã sem certezas, pelo menos no início, pois assim são os novos começos. Eu queria, sentia-me pronta e me conhecia o suficiente para saber que daria conta, contudo um sorriso quase infantil de tão fofo, olhos felinos e voz de veludo, fazia-me balançar.
E se o final da minha história de amor não fosse tão feliz?
















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(N/A)

Que saudade que eu estava de vocês. Espero que tenham apreciado o capítulo. Apesar de curto, é importante e mostra essa intimidade que a Eva tem com ela mesma e tudo que a liga com a arte.

Por favor, desconsidere qualquer erro ou incoerência.

A gente se encontra em breve, até mais.

O Vê Em Vênus | kim taehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora