²⁵ ; proposta

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- Então quer dizer que vocês brigaram por causa de um fetiche seu? - Rosalie me olhava com incredulidade em sua mesa, enquanto eu, na minha, fazia a digitação de alguns documentos do Museu.
Apenas balancei a cabeça, voltando a encarar a tela do computador. Estávamos apenas nós naquele quase fim de expediente.
- Eu fiquei envergonhada depois, pensando sozinha no quanto foi idiota. Só que... não posso anular como me sinto. Por um lado fiquei aliviada por tê-lo deixado saber.
- Concordo. Às vezes parece alguma coisa bem sem noção, mas quando se trata de nossa forma de sentir em relação a certas coisas, é importante, Eva. Bom, confesso que estranhei quando me contou a causa da discussão. Esperei mais drama.
Sosseguei os dedos fazendo careta, encostando na cadeira que rangeu com meu peso. Cocei a nuca olhando para minha amiga que tinha os cabelos loiros mais curtos: acima das orelhas.
- Soa patético, não é? - perguntei preocupada com a opinião dela.
Rose riu balançando os ombros.
- Sua culpa por gostar de transar em público?
- Não é em público! - protestei - Falando assim faz parecer pior, Rose.
- Amiga, eu sinto muito por rir, mas é que o Taehyung e você passam a imagem de casal super bem resolvido, sabe?
- No fundo eu também achava isso.
- Olha - ela voltou a empilhar papéis - Pelo menos ele foi compreensivo. Fez o mínimo, na verdade. Porém, vamos considerar. Agora estou com uma pulguinha atrás da orelha.
- Por que acho que já sei o que quer saber?
- Pretendem parar com a sacanagem por causa da discussão?
Parei para encará-la. Nenhuma surpresa com a pergunta, eu sabia o que esperar.
- Ele sugeriu um tempo para que eu me resolva e entenda que não tem nada demais de gostar do que eu... gosto. Aceitei porque não pensei em nenhuma outra saída.
- Ah, sim. De qualquer jeito, vocês podem arrumar outros tipos de sacanagem para fazer. - chacoalhou as sobrancelhas.
Lhe dei o dedo do meio e a língua, fazendo a mulher rir.

[...]

Apertei mais o casaco contra o corpo assim que Rose e eu saímos do elevador para o hall de saída para funcionários. As últimas noites têm sido severas de tão frias. O céu de breu sem estrelas e apenas nuvens cinzentas, espalharam uma sensação profunda que só o inverno traz.
- Tem certeza que não quer ir para o restaurante comigo? - Rose já ia em direção ao outro lado.
- Tenho sim. Obrigada pelo convite. Preciso ir pra casa organizar algumas coisas e descansar. Tenho que separar os agasalhos para doação. Você e o Marcus também, não se esqueçam.
- Tem razão! Eu já estava esquecendo. Aliás, por que diabos estacionou tão longe, Eva?
Parou para olhar. Meu Maverick estava no final do pátio, quase na saída do local. A distância dava uma boa caminhada.
Porém, além do meu campo de visão, uma figura alta vestindo um sobretudo escuro, caminhava em nossa direção. Pelo surgimento repentino do homem, eu presumi que tinha saído de uns dos carros estacionados. Apertei os olhos e Rose não se mexeu, provavelmente tão tensa quanto eu.
Se fosse um criminoso com más intenções, não teríamos tempo de correr de volta para o Museu. Mas assim que a figura chegou mais perto, uns três metros, reconheci o queixo fino, cabelos penteados para o lado e olhos escuros felinos.
- Hanbin?
- Boa noite, Eva-iss. É difícil encontrar você. - sorriu de lado, enfiando as mãos nos bolsos da roupa.
- Você conhece ele, Eva? - senti a palma de Rose na base das minhas costas de forma protetora.
- Ah, sim. Quero dizer, Hanbin é um colega de Taehyung que conheci dias atrás. Como posso ajudá-lo? É um tanto estranho encontrá-lo aqui desse jeito. - falei com o homem.
- Me desculpe. Na verdade, esse foi o único momento que tive a oportunidade e deu certo. É minha terceira tentativa. Percebi que meus recados não chegaram até você.
- Oh, eu não sabia.
- Tudo bem, amiga? Posso ir ou quer que eu fique?
- Pode ir, Rose. Mais tarde a gente se fala. - trocamos um olhar significativo.
Rosalie assentiu.
- Desculpe minha falta de educação, sou Hanbin Yu. - ele sorriu para minha amiga que retribuiu o gesto de forma contida.
- Prazer, Rosalie. Mas você já escutou. Comporte-se Hanbin. Posso descrever seu rosto em mínimos detalhes. E Eva, por favor avise assim que chegar. - beijou meu rosto.
- Pode deixar. Obrigada, boa noite.
- Boa noite.
Rose afastou-se dando uma encarada de olhos semicerrados em Hanbin.
Mudei o peso da perna, observado o cara. Ouvimos o carro de Rose sair do estacionamento. Nem precisei checar para ter certeza de que ela observava.
- Pode me dizer por que veio me procurar?
- Sim. Eu quero ser direto para não tomar seu tempo, Eva-iss. Estou te procurando para fazer uma proposta.
- Do nada?
- Sendo sincero, acho que o destino nos colocou perto.
Uni as sobrancelhas.
- Taehyung sabe que está atrás de mim?
- Não. Ainda não. Eu achei melhor você mesma contar, mas antes me deixa explicar antes que tudo fique mais estranho e até mesmo inconveniente. Bom, através de Taehyung fiquei sabendo que você é artista, cheguei a conferir seus trabalhos pessoalmente. Você é muito talentosa.
- Obrigada, mas o que entende de artes, Hanbin? - disparei.
Ele riu soprado.
- Trabalho para uma das maiores agências de artistas da Ásia, Eva. - meu queixo caiu - Tae esqueceu de comentar, acredito.
Me recompus.
- Certo. Isso é incrível e eu não tinha ideia...
- Tudo bem. Nos últimos dias estive procurando talentos quando você apareceu naquela social. No começo, pensei em deixar pra lá e procurar outro alguém, pois sei como tem sua vida estabelecida. Também me preocupei com a reação do Taehyung. De qualquer forma, não posso ignorar seu talento. Gostaria de saber se te interessa a oportunidade de viver de arte, Eva?
- Co-como assim?
- Existe um tipo de vitrine para novas revelações e neste ano eu e mais um colega da Europa fomos convidados para reunir estes artistas para que possam se mostrar para o mundo. Quero você para isso, Eva Santana.
Perdi um pouco da postura, boquiaberta.
- Essa coisa toda é verdade ou uma tentativa de sei lá, chamar atenção?
- É a mais pura verdade. Juro. Sei que não tem motivos para confiar em mim, mas conheço as mesmas pessoas que você. Esse fato me coloca em boa posição, não acha? - coçou a nuca.
- Er... é, mas... Hm. Meu Deus. Acho que preciso saber mais.
- Podemos conversar agora, se puder.
- Posso. Tem um café aqui perto.
- Ótimo. Eu te sigo.
- Ta bom.
Ansiosa, puxei minha própria cadeira dentro da cafeteira que não tinha tanto movimento quanto esperava. Hanbin sentou-se na minha frente vendo quando eu juntei as mãos sobre a mesa, esperando que continuasse a falar. Perspicaz, o homem logo entendeu sem necessidade de confirmação.
- Pense em uma turnê pelo mundo exibindo suas melhores obras e a possibilidade de viver de tudo o que criou, Eva. Junto a artistas renomados, podendo aprender e talvez até conseguir um grande contrato! Um mar de possibilidades com tudo pago. Precisamos apenas de você.
Meu coração começou a bater acelerado. Era meu sonho me estendendo a mão da forma mais inesperada possível. Pestanejei um pouco atônita.
- E-eu... eu não sei o que dizer.
- É muita coisa, eu sei. Por isso te procurei logo para que possa decidir com calma. Terá tempo para me dar uma resposta. Tudo começa em Paris, Eva.
- Paris?
- Sim! Nossa, seus olhos brilharam como estrelas - ele riu e curvou-se um pouco mais para frente. - Pense sem pressa. Porque terá de passar um ano fora, viajando e trabalhando.
- O Taehyung. - meu coração encolheu.
- É, eu sei. Converse com ele. Vou enviar tudo mais que precisa saber sobre o programa por e-mail, tudo bem?
Balancei a cabeça, assentindo.
- Ok.
Em silêncio abaixei os olhos para a mesa. Hanbin ergueu a mão chamando alguém para atendê-lo. Rapidamente pedi um café duplo, precisava de algo forte para me ajudar a administrar as coisas. Eu ainda faria um interrogatório com Hanbin, mas naquele momento, senti alguma coisa dentro de mim se dividir.

















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(N/A) Desculpe por qualquer erro. Capítulo curtinho, mas uma nova era vem aí? Alguma teoria? Gostaria de saber.

Espero que tenham gostado. Bjos da lolo e até próxima:)



O Vê Em Vênus | kim taehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora