e x t r a ² Eva

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Eu carregava uma pasta preta de couro elegante, enquanto caminhava de volta para o apartamento que seria meu por um período. Meu casaco cobria totalmente o vestido preto e chique que havia escolhido para um coquetel repleto de entusiastas de artes. Tudo fazia parte do meu novo trabalho.
Sorri para a lua crescente no céu parisiense. Era tão surreal o quanto as coisas mudaram! Haviam pessoas influentes atrás do meu nome e de repente, Eva Santana era a mais nova requisitada entre os críticos e admiradores.
Ainda mantinha meus pés no chão, mesmo assim, ter tais oportunidades permitiu-me continuar sonhando alto. Eu faria meu nome, estava trabalhando por isso dia após dia, sendo grata pelas chances sabendo que poucas mulheres como eu as tinham. Uma das razões porque tinha deixado para trás o que já havia construído, incluindo meu grande amor.
Soltei um suspiro e diminuí os passos. O restaurante onde o coquetel tinha acontecido ficava a dois quarteirões do apartamento, por isso e pela Saudade que aperta meu peito, decidi caminhar de volta.
Ah, sim.
Nós ainda mantínhamos contato, agora ainda menos frequente por conta da minha agenda. De certa forma estávamos tentando fazer dar certo, mas era difícil demais, sabíamos. No entanto, quando ouvia a voz dele no telefone ou lia uma das cartas que trocamos, tudo fazia muito sentido, até a dolorosa falta que sentia.
Não abriria mão dele facilmente, não mesmo. A raíz do nosso amor estava funda em mim, tanto que me machucava. Não de um jeito ruim, se é que o masoquismo também não anda de mãos dadas com a paixão, eu gostava daquilo.
E quanto mais eu pensava nele, mais o via em algum canto como na capa da Vogue  na banca de jornal, quase brilhando para que eu enxergasse.
Parei para olhar, nunca me acostumando com tremenda beleza. Minha boca secou.
— Vai levar? — o  senhor da banca perguntou, me olhando por cima do óculos.
— Sim, quanto custa, por favor? — respondi no meu francês pobre.
Paguei, agradeci e logo enfiei dentro da pasta continuando a seguir meu caminho. Não demorei a chegar, um pouco ansiosa tropecei nos sapatos que tinha acabado de tirar. Ri sozinha jogando o casaco e as coisas no sofá, em seguida fui em direção a torneira da banheira no pequeno banheiro todo branco.
No quarto, separei uma camisola e peguei minha nécessaire. Passando pela sala agarrei a revista também.
Afundei na água, meus músculos naturalmente relaxando pelo contato na água morna, quase quente. Primeiramente, me lavei fazendo um pequeno ritual de beleza esfoliando e hidratando a pele com produtos básicos. Depois, fiquei de olhos fechados terminando de relaxar os pés apoiados na beira da banheira.
Não durou muito tempo. Peguei a revista após secar as mãos na toalha. Folheei calmante reparando nos detalhes do ensaio fotográfico. Várias páginas seguidas dedicadas à beleza quase irreal de Taehyung. 
Tive ciúme. Ciúme das pessoas que passavam tempo com ele. Dos que poderiam compartilhar metade do dia ouvindo-o falar, sorrir ou fazer piadas bobas. Eu não tinha ideia de como seria todos os meus amanhãs sem ele, muito menos tinha a capacidade de me apegar firmemente a esperança dele voltar a fazer parte de algum.
Após o banho, fiz uma xícara de chá com leite e mel, peguei um pouco de biscoito salgado levando tudo para a pequena mesa que fiz de escritório, perto de uma janela com vista para a rua. Ali, separei papel, caneta e um envelope amarelo.
















Querido Taehyung,

Meus dias não são tão brilhantes sem você. Sinto tanta saudade que às vezes tenho medo de sair correndo para te encontrar a pé mesmo. Como se fosse possível. Um dia desses sonhei que carregava Yeontan no colo as margens do rio Han. Sempre me lembro de como ele pede as coisas com seus olhos fofos. Tal pai, tal filho!

Estou vivendo bem, profissionalmente feliz. Finalmente. Cada dia fico mais orgulhosa das minhas conquistas e tenho mais confiança para seguir em frente. Meu pai me liga com mais frequência, também está animado, disse que virá para uma visita. Estou aguardando.

Paris é amável! Eu gosto da comida e do clima. Os parques estão sempre cheios aos fins de semana e sempre que me sento debaixo de uma sombra de árvore, lembro-me de nossos passeios. Todos eles. Gosto de recordar de como seu cheiro combina com a primavera. Penso em como seus olhos me tiram do chão facilmente e o formato do seu sorriso.

Ah, meu Taehyung. Chega a doer o tanto que te quero.



Com amor, sua Vê. 






É claro que chorei molhando o envelope. Tive um momento de dúvida pelas palavras escolhidas pensando se não tinha sido muito dramático. Contudo, escrevi o que estava sentindo no momento. Então, talvez eu fosse realmente bem dramática. Mas não faria mal, me convenci.
Apaguei as luzes, pronta para me deitar. A cama parecia grande demais para mim, mas o sono não me deixou pensar muito sobre isso. Muito menos a voz doce dele soando através do auto falante do meu celular.














O Vê Em Vênus | kim taehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora