– Sina, corre aqui! – Noah chamou assim que eu entrei em casa, acenando com a mão para que eu fosse até a janela.
Ao ver que ele estava com o binóculo na mão, rapidamente larguei as compras em cima do balcão e corri até ele.
– O que aconteceu? – perguntei ansiosa enquanto ele me passava o binóculo.
Coloquei-o no rosto e ajustei rapidamente para ver pela janela do sexto andar do prédio da frente, bem na direção do nosso apartamento, onde um homem de meia idade barrigudo e vestido num apertado terno de tweed gritava com uma adolescente vestida com roupas pretas rasgadas, vários piercings no rosto e metade do cabelo verde.
– O Sr. Tweed descobriu que a Joker está namorando escondido – Noah respondeu. – Com aquela garota.
Arregalei os olhos. Há duas semanas que Joker estava saindo escondida do apartamento pela escada de incêndio depois de todos terem ido dormir. E há duas semanas que os dois maiores desocupados de Manhattan ficavam acompanhando o drama, temendo – no meu caso – ou esperando – no caso do meu companheiro de espionagem – que o pai dela descobrisse seu caso sórdido. Eu torcia por ela e seu amor proibido, mas o idiota do Urrea achava que mentir para um pai que sempre ia sozinho na Walgreens comprar os absorventes dela era meio crueldade.
Era mesmo.
Mas e quanto ao verdadeiro amor? O Sr. Tweed era muito rigoroso e nunca ia deixar a filha namorar outra garota.
Mais de uma vez me indaguei se stalkear as pessoas desse jeito podia me fazer passar uma temporada atrás das grades, mas acho que era só colocar toda a culpa no Noah e mudar de identidade quando ele saísse da prisão sedento por vingança.
Também me perguntei se era saudável. Só uma pessoa muito sem vida mesmo passaria mais horas do que gostaria de admitir espiando a vida dos vizinhos, como se fosse um reality show.
Só para constar, sou viciada em reality shows.
– Vai fazer a pipoca – eu mandei, empurrando-o para me acomodar melhor na janela, esquecendo tudo sobre prisões e mudanças de identidade. – Eu não perco isso por nada.
Mas ele empurrou-me de volta e tirou o binóculo da minha mão.
– E você acha que eu quero perder? – retrucou. – Vai você.
– Mas fui eu que fiz a pipoca da última vez! – reclamei. – E eu trabalhei o dia inteiro enquanto você ficou jogado nesse sofá coçando o saco e assistindo a documentários do History Channel!
Ele só rolou os olhos pra mim.
– O apartamento é meu, a janela é minha, o binóculo é meu. Até os vizinhos são meus. Então não reclama e vai logo pra cozinha, monstrinho.
Trinquei os dentes. Se eu pudesse estrangular alguém apenas pela força do pensamento, o corpo de Noah Urrea estaria agora esparramado na calçada da Broome Street.
Quem disse que viver com um cara era fácil com certeza não tinha o meu colega de quarto.
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Perfectly Wrong | Noart
Fanfiction"Noah Urrea é o pior tipo de todos, com uma beleza quase obscena e uma moral muito duvidosa. O tipo de cara que você nunca poderia levar para casa e apresentar para os seus pais. O tipo que vai te deixar louca na primeira oportunidade. Que é um atra...