XIX

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Quando Heyoon entrou no salão, ao som de Here and Now, eu realmente pensei que fosse chorar. E eu nunca fui do tipo que chora em casamentos. E quando Heyoon escolhera aquela música, eu fui a primeira a dizer que era brega.

Não estava achando nada brega naquele momento.

Heyoon e Josh decidiram não se casar na igreja, então a celebração seria ali mesmo no The Prince George Ballroom, que parecia um lugar de contos de fadas. A decoração era toda azul, branca e vermelha. Os arranjos de mesa me fizeram ofegar de tão lindos, com rosas vermelhas e pequenos caules "congelados". O tema do casamento deles, se é que havia um tema, era a estação em que estávamos. Inverno.

Outra coisa que eu havia achado brega. E agora estava aprendendo que eu não sabia nada sobre casamentos, porque tudo o que eu achei que seria horrível, fez com que o momento se tornasse ainda mais lindo. Ou talvez fosse apenas por causa do sorriso e dos olhos cheios de lágrimas de Heyoon. Se eu tinha alguma dúvida de que ela seria feliz, de que estava fazendo a coisa certa, elas terminaram ali – quando minha melhor amiga atravessou o salão segurando o braço do seu pai, parecendo uma princesa.

E eu percebi que ela não via nada daquilo. Não via seu casamento de cem mil dólares, não via seus quinhentos convidados. Não via nem seu pai, que estava ao seu lado. Heyoon via apenas Josh, que também estava muito elegante, esperando-a. Os olhos dele trancados nos dela, tão brilhantes, tão certos, que eu precisei desviar o olhar. Era um momento só deles e o mundo ao redor havia desaparecido. Todos os convidados podiam fugir que eles não notariam.

Então o amor é assim.

Balancei a cabeça quando o pensamento cruzou minha mente. Eu sabia o que era o amor. Eu amava.

Eu amava.

Heyoon esticou o braço e Josh pegou delicadamente sua mão bem no momento da música em que dizia "here and now, I promise to love faithfully". Seus olhos, os dela castanhos, os dele azuis, perdidos um no outro. Eu respirei fundo enquanto meus próprios olhos coçavam e sorri para os dois, embora duvidasse que eles fossem notar minha presença mesmo que eu tirasse a roupa.

E enquanto a cerimônia prosseguia e os dois trocavam os votos, meus olhos iam deles para a entrada sem parar. Ali, parada perto de tanto amor e compromisso, eu me sentia absurdamente sozinha. O sorriso pregado em meu rosto era triste e resignado e minhas mãos – que seguravam o buquê de rosas de Heyoon – tremiam um pouquinho.

Eu percebi que Noah não iria aparecer no momento em que Heyoon entrou no salão.

Sim, ele não estava lá. E nem me ligou ou atendeu minhas ligações.

Simplesmente me deixou lá, pateticamente esperando por ele.

Eu era realmente estúpida.

– Antes de você aparecer na minha vida – Josh ia lendo seus votos, suas mãos tremendo mais que as minhas, hesitando em olhar para o papel amassado em sua mão apenas para não perder a visão de sua linda noiva – eu achava que era feliz. Eu tinha um trabalho que adorava, amigos que estavam sempre comigo, eu tinha uma vida boa. Mas agora eu vejo que eu era como um homem que viveu durante toda a vida embaixo da terra. Eu era feliz porque aquela era a única felicidade que eu conhecia.

"Mas quando você entrou correndo naquele restaurante, com seu cabelo balançando como um véu atrás de você, e me disse "sai da frente, otário" quando eu só fiquei parado na entrada, encarando-a, foi como se, de repente, um buraco fosse feito no pequeno mundo embaixo da terra. E, finalmente, eu pude ver o céu. E ele não era apenas lindo. Para um homem que viveu sempre embaixo da terra, o céu era algo que ele nem sabia que precisava. Mas que, quando finalmente pode vê-lo, nunca mais conseguiu desviar os olhos".

Perfectly Wrong | NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora