Sim, eu era a namorada descarada que mentia pro namorado sem vergonha nenhuma. Não me orgulhava disso, mas uma garota precisa fazer extremos para sobreviver, às vezes.
Principalmente se essa garota é namorada de Joel Clarke.
Joel e eu nos conhecemos numa festa da igreja em Parsons e eu lembro de ter ficado encantada com seu caderno de adesivos do Looney Tunes, que estava completo enquanto eu nunca conseguia preencher um inteiro. Eu tinha 6 anos. Ele tinha 7.
Não, não foi então que começamos a namorar.
Para falar a verdade, nunca nem fomos amigos na infância. Mas nos conhecíamos, como todo mundo naquela província. Estudávamos na mesma escola e assistíamos à mesma missa aos domingos. Nossos pais se conheciam, nossos avós se conheciam. Provavelmente, toda a árvore genealógica da nossa família se conhecia. Pelo menos a família do pai dele, já que a mãe era italiana.
Com sua pele dourada herdada da mãe, os olhos verdes do pai, cheios cabelos castanhos e um físico perfeito, Joel era o cara mais popular do colégio. Jogava no time, tirava notas boas, participava do grêmio estudantil e todas essas coisas que os populares costumam fazer. Eu não podia me excluir desse grupo, afinal era líder de torcida, representante de classe e presidente do comitê de formatura.
Em outras palavras, éramos o casal perfeito.
Começamos a sair quando eu estava no segundo ano e ele, no terceiro. Foi meu primeiro namorado, porque, apesar de ter mais do que alguns garotos atrás de mim, nunca me senti muito inclinada a namorar e essas coisas. Mas era impossível resistir ao charme de Joel. Ele me beijou pela primeira vez no nosso segundo "encontro", que na verdade foi depois de um dos jogos de futebol americano que nossa escola venceu; ele me levou para debaixo das arquibancadas e, ainda sujo e suado, encostou seus lábios nos meus, inexperiente e desajeitadamente.
Nem precisava dizer que, apesar de tudo, eu fiquei rodopiando pelo quarto naquela noite, cantando I Could Have Danced All Night super desafinada.
Fui pedida em namoro duas semanas depois, no baile de primavera. Todo o ginásio estava enfeitado com flores de plástico e uma luz azul fraca iluminava a "pista de dança", que estava cheia de casais agarradinhos ao som de You're Beautiful, do James Blunt. Ele sussurrou o pedido na minha orelha e, sem esperar que eu respondesse, me beijou apaixonadamente.
E assim, nos tornamos o casal mais bonito e grudento da Parsons Senior High. Perdi minha virgindade com ele um ano depois, no banco de trás do seu carro, durante sua festa de formatura. Apesar de ser uma menina romântica e boba, eu não tinha muitas expectativas sobre a minha primeira vez, já que Heyoon havia me dito que era como tomar um xarope. Ruim de modo meio adocicado, mas necessário. Depois de tudo, Joel me apertou forte entre seus braços e me prometeu que, assim que terminasse a faculdade de medicina, nós nos casaríamos.
Eu não contestei. Estava vivendo O Sonho Adolescente. Namorar o menino mais popular do colégio, perder a virgindade na festa de formatura, me formar, casar, ter um casal de filhos, um labrador e uma bela casa com cerquinha branca. E ser feliz.
Com 17 anos, eu ainda pensava assim. Com 19, quando Joel foi para Wichita, a pouco mais de duas horas de Parsons, para estudar medicina na Universidade do Kansas, eu já havia mudado. Tornei-me meio inquieta, meio ansiosa. Parecia que nada mais era certo e as coisas que antes me agradavam, não me satisfaziam mais. Foi quando Heyoon, que já morava em Nova York, me convidou para morar com ela. Meus pais me apoiaram, mas Joel e sua família, não. Quando eu contei meus planos, ele disse que, se eu fosse, tudo estava terminado entre nós. E eu fui, mesmo com o coração despedaçado.
Foi a primeira vez que terminamos.
Mas a verdade era que, mesmo com o término do meu namoro de colégio, eu estava ansiosa para sair de Parsons. Era a menininha da cidade pequena indo pela primeira vez para uma cidade grande. Para Nova York! Eu estava ansiosa para ir, para estudar na NYU – sim, eu era uma excelente aluna – e para experimentar uma vida com a qual eu nunca nem havia sonhado.
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Perfectly Wrong | Noart
Fanfiction"Noah Urrea é o pior tipo de todos, com uma beleza quase obscena e uma moral muito duvidosa. O tipo de cara que você nunca poderia levar para casa e apresentar para os seus pais. O tipo que vai te deixar louca na primeira oportunidade. Que é um atra...