XI

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Eu estava roendo a unha do dedão nervosamente, enquanto mudava o peso de um pé para o outro, incapaz de ficar parada um segundo sequer. Estava no aeroporto de La Guardia, esperando Joel sair da sala de desembarque. Meu lábio inferior já estava tão mastigado que comecei a pensar em como iria beijar meu namorado sem sentir dor. Heyoon e Josh haviam se oferecido para vir comigo, mas eu sabia que Joel iria querer descansar antes de encontrar com meus amigos, por isso havia dito para eles só aparecerem em casa de noite, para o jantar.

Noah havia desaparecido na noite anterior, deixando apenas um bilhete que dizia que iria tentar não aparecer durante o final de semana – e que era melhor que eu tirasse fotos das nossas roupas juntas na máquina de lavar.

Como eu iria reagir se Joel descobrisse que eu estava lavando as roupas de outro cara junto com as minhas, eu ainda não sabia. O melhor era deixá-lo bem longe da lavanderia.

Quando eu pensei que iria acabar arrancando a unha do dedo, Joel saiu pelas portas automáticas, carregando uma pequena mala de viagem.

Meu coração disparou. Eu quase havia esquecido o quanto ele era bonito. Era mais de dez centímetros mais alto que eu, musculoso do jeito que você pensaria nele como um atleta, mas não como um fisiculturista, e com aquela pele que sempre me fazia babar, que parecia ser bronzeado, mas eu sabia que era só a cor natural da pele dele. Seu cabelo continuava curto e cheio, do mesmo jeito de sempre, e seus olhos verdes quase desapareceram quando ele me viu e sorriu largamente.

Seu sorriso era lindo, largo e sincero, como o de um garotinho.

Eu fui andando até ele, murmurando um "oi" sorridente, que foi abafado por seus lábios, quando ele se inclinou e me beijou. Seu beijo era suave e carinhoso, e eu podia dizer por ele o quanto Joel havia sentido minha falta.

– Amor, você está linda – ele disse quando me soltou.

Sorri, também achando-o muito bonito em seus jeans e suéter.

– Você também não está mal – falei, com uma sobrancelha arqueada.

Ele riu e passou um braço pelos meus ombros, andando assim comigo até a saída do aeroporto. Fazia um dia excepcionalmente agradável, o bastante para que eu pudesse usar um vestido azul de mangas curtas, com apenas um cardigã por cima.

Joel e eu pegamos um táxi e fomos para a minha casa. Era a primeira vez que eu iria levá-lo lá e estava meio nervosa. Já tinha arranjado uma desculpa para os livros e outros objetos pessoais de Noah, bem como os móveis. Diria que eram do meu locatário e que já estavam lá quando eu cheguei, e achei melhor não mudá-los de lugar. Esperava que não parecesse uma desculpa muito forçada.

O caminho que normalmente levaria uns vinte minutos, tomou quase quarenta por causa do trânsito de sexta feira. Durante o percurso, Joel havia me bombardeado com perguntas sobre meu trabalho, meus amigos, a gravidez de Heyoon e o casamento dela e de Josh. Estávamos entrando no prédio – que eu não pude deixar de reparar que Joel olhou com suspeita – quando ele soltou a bomba:

– Eu estou realmente chateado por não poder vir pro casamento.

Só não gritei um "o quê?" totalmente indignado porque, nesse momento, o elevador se abriu e um casal de velhinhos saiu dele, então eu só fiquei calada até Joel e eu ficarmos sozinhos no pequeno espaço.

– Do que você está falando, Jo? – perguntei, tentando soar calma, depois de apertar o botão do sexto andar. – É claro que você vai ao casamento. Eu sou a madrinha, você vai ficar no altar ao meu lado.

O elevador parou no nosso andar e eu abri a porta do apartamento. Joel entrou e colocou sua mala apoiada no balcão que dividia a sala e a cozinha. Bem no meio caminho, o que me irritou, mas eu não disse nada.

Perfectly Wrong | NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora