Noah
Shivani estava linda. Ela sempre estava linda, para ser justo, mas eu não notava o tempo todo. Naquela noite era meio difícil não notar.
– Sua intenção é virar a cabeça de todos os homens nessa festa, irmãzinha? – perguntei, passando os braços por sua cintura para abraçá-la.
Ela beijou meu queixo e se soltou de mim.
– Talvez eu esteja atrás de apenas um homem – retrucou, arqueando a sobrancelha perfeita. – E eu não sou sua irmã, No.
Rolei os olhos ao ouvir o apelido. Mas deixei passar, Shivani sempre gostara de me provocar; era impossível esperar que parasse agora. Resolvi focar em outras coisas.
– No dia que você estiver atrás de algum homem, qualquer homem, vovó vai me receber em sua casa com chá, biscoitos e amor – afirmei, puxando a cadeira para ela, sentando-me em seguida na cadeira de frente a ela na mesa.
Shivani suspirou.
– Talvez minha vida fosse mais fácil se eu realmente fosse atrás de algum cara – falou.
Apenas mirei-a com o olhar que aquela afirmação merecia. Shivani saíra de casa com 17 anos, rejeitara o dinheiro do meu pai, vencera na vida sozinha e, sempre fizera questão de deixar claro, nunca precisou de um homem nem para matar uma barata.
– Sofya me perguntou outra vez por que eu não tenho um namorado – explicou.
– E você não respondeu que é porque todos os homens são uns desgraçados imprestáveis que merecem caminhar descalços em carvão em brasa?
Ela me lançou seu olhar e sorrisinho sarcásticos habituais.
– Acho que sete anos é meio cedo para saber essa triste verdade. Sofya provavelmente ficaria traumatizada.
Eu ri e Shivani apenas sorri. Perguntei-lhe com quem havia deixado a menina para poder vir à festa e, enquanto ela respondia, meu olhar percorreu o salão até se focar num ponto que nunca havia realmente sumido da minha visão periférica.
Era geralmente fácil reparar mais na qualidade delicada de sua beleza. Seu rosto simétrico, seus olhos inocentes, seu nariz fino, o lábio inferior ligeiramente maior que o superior. Era fácil me perder na beleza frágil dos seus contornos.
Não era fácil agora.
Vestida com o biquíni dourado da princesa Leia, não dava para fingir que Sina Deinert não era gostosa, além de bonita. Meus olhos percorriam sem parar cada centímetro do seu corpo e de sua pele deliciosamente exposta sem cansar. Eu podia fitar aquelas pernas longas e esguias, os quadris um pouco largos para o seu tipo de corpo, a barriga lisa e os seios pequenos a noite inteira. E tudo o que eu ia conseguir seria um banho frio no fim da noite.
Porém, quando Sina se virou no banco em que estava sentada para olhar a pista de dança, eu tive mais um vislumbre da pequena tatuagem em suas costelas.
Ter percebido aquela tatuagem mais cedo quase havia me feito perder a cabeça – e o pouco de decência que eu ainda possuía. Só o pensamento de passar os dedos por ela, os lábios, a língua...vamos só dizer que uma banheira de gelo não resolveria o meu problema.
Shivani estalou os dedos na frente do meu rosto, roubando minha atenção.
– Sua nova conquista? – perguntou, seguindo meu olhar até Sina.
Neguei com a cabeça.
– Ela está além dos meus limites – confessei.
Shivani olhou-me surpresa e arqueou uma sobrancelha.
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Perfectly Wrong | Noart
Fiksi Penggemar"Noah Urrea é o pior tipo de todos, com uma beleza quase obscena e uma moral muito duvidosa. O tipo de cara que você nunca poderia levar para casa e apresentar para os seus pais. O tipo que vai te deixar louca na primeira oportunidade. Que é um atra...