A cabeça de Luiza estava um turbilhão, eram tantos pensamentos, sensações e emoções mistas que pareciam milhares de pessoas gritando ao mesmo tempo em sua mente.
Escondida em um beco sujo e escuro ela chorou, com as mãos em sua cabeça ela perguntava o porquê... Por que estava passando por tudo aquilo? Por quê!?
Mesmo com todas as palavras ainda ecoando em seu ser sobre ficar no País da Grama junto com seus amigos, ela decidiu ir embora. Queria ficar o mais longe possível de tudo, o tempo e a distância talvez a curariam de tudo.
A caravana que iria guiar os moradores do Reino do Fogo que não queriam permanecer no Reino atual ia partir em pouco tempo.
Luiza enxugou as lágrimas levantou, se pôs a caminhar exibindo um sorriso determinado, embora seu mundo interno estivesse um completo caos e desmoronando, ela precisava mostrar aos seus súditos que era inabalável e que nada iria mudar isso.
Acompanhada por guardas ali estava sua mãe, ela se apressou para conseguir acompanhar.
--Mãe, você viu minhas malas? Não pode ficar nenhuma jóia sequer-- Luiza diz.
--Você não vai-- Responde secamente.
--Ah mamãe, para de brincadeira! Você sabe que oque eu mais quero é gover...-- Luiza fala brincando e é interrompida.
--Para de me chamar assim, você não vai governar! Eu sou a última com o sangue Real Scorching, você não tem nada de real em você! É só uma garota com complexo de superioridade que acha que é princesa-- A Rainha Valquíria berra de dentro da carruagem.
--Eu não entend...-- Luiza é interrompida novamente.
--Minha família foi dizimada por aquele demônio, ele me deu de beber do próprio sangue, por isso eu vivi por tanto tempo... Mas sempre controlada por ele, vivi presa vendo como ele usava meu corpo sem eu poder fazer nada... Daí ele me vem com um bebê pra eu cuidar-- Valquíria diz chorando de ódio.
--Eu não tenho mãe...-- Luiza sussurra consigo olhando para o chão assustada.
--Você é filha dele, e assim como ele, é um demônio! Eu não quero você perto de mim, odeio olhar pro seu rosto e ver o quão você parece comigo, mas não é nada minha! Você é só um Rhavi mais jovem, seu destino é destruir tudo-- Ela diz e a carruagem vai embora deixando Luiza para trás.
--Ai que susto Luiza, eu achei que você tivesse ido embora-- Felp chega correndo e fica ofegante.
--Eu decidi ficar! Por que eu iria embora!?-- Luiza vira e responde rindo nervosa, escondendo tudo oque estava sentindo.
--Seus olhos estão molhados, você estava chorando!?-- Felp pergunta preocupado.
--Claro que não! É que eu olhei pra carruagem indo embora e meus olhos lacrimejaram por conta do sol, meus olhos são sensíveis, nada de demais...-- Luiza responde.
--Você já sabe onde vai ficar?-- Felp pergunta enquanto eles começam a caminhar em direção à cidade.
--Eu não faço ideia-- Luiza diz olhando pro horizonte.
--Ah, você pode ficar na Sede como todo mundo, mas eu sei que você gostava de dormir no palácio de vez em quando, é só pedir pra Lea-- Felp fala pontuando as coisas com seus dedos.
--Você acha realmente que ela vai deixar!?-- Luiza pergunta com cara de entediada.
--Claro! É só você chegar e falar: "Eu quero trabalhar para o Reino no cargo de dona, obrigado, de nada!"-- Felp fala enquanto imita a reverência de princesas.
--Não exatamente, mas você me deu uma boa ideia-- Luiza diz e eles vão em direção ao Palácio.
Lá, Lea estava organizando o lugar e mudando a decoração, sugestão de Ágata... Os objetos exuberantes feitos de ouro foram trocados por uma decoração mais aconchegante e natural, o verde tomou conta, estava se tornando um lugar de paz.
Felp sente o cheiro das plantas com uma inspiração profunda, espira e começa a caminhar com um rosto sereno quase flutuando na direção de Lea.
--Oi meninos! Luiza, mil perdões se você se incomodar com a mudança que eu estou fazendo no Castelo, de verdade-- Lea diz segurando as mãos de Luiza.
--Não, imagina. Você faz com o seu palácio oque quiser, achei que ficou bem agradável-- Luiza responde com um sorriso.
--Ah sim! Dona Lea, a Luiza decidiu ficar e ela tem algo pra falar com você-- Felp diz.
--Eu estava pensando, as pessoas só estão saindo do Reino porque estão inseguros quanto à nova governante, você no caso. Se eu fosse a pessoa encarregada de se comunicar com eles, talvez fosse mais fácil a aceitação, como o Felp disse pra mim: "Eu quero trabalhar pelo reino, mas como dona" E aí, que tal?-- Luiza pergunta.
--Você não é minha filha, nem tem sangue Lulezojne, mas foi e sempre será a Princesa desse Reino, todos te amam e se sentem confortáveis com você, a resposta é sim, mil vezes sim!-- Lea responde empolgada.
--Então com licença, vou ficar um pouco no meu quarto. Fico feliz que tudo se resolveu-- Luiza disse subindo as escadarias.
--Muito obrigado pela ajuda Dona Lea!-- Felp diz saindo saltitante.
--É só Lea pra você, viu mocinho!?-- Lea responde.
--Majestade! Você tem certeza de que vai deixar ela aqui!? Você sabe como as pessoas do Fogo são problemáticas e ela é filha do Rhavi, você tem noção que colocou um lobo no celeiro dos cordeiros?-- Ágata diz nervosa.
--Quando eu vejo ela, eu sinto algo como no Felp, ela é diferente de nós, mas não quer dizer que não podemos dar uma chance... Ela largou tudo eu apenas acolhi ela, ela é só uma criança-- Lea diz olhando para cima, na direção do quarto de Luiza.
Ao entrar, a garota de cabelos de fogo tranca a porta e desaba ali mesmo. Estava tudo sendo tão exaustivo, ela estava cansada, parecia que a cada segundo que passava ela se decepcionava prafazer ainda mais com tudo e todos.
Cada lágrima que escorria era um grito de socorro, e quanto mais ela chorava mais aquela ferida abria, mais ela sentia vontade de chorar.
"Todas as chamas um dia apagam, não importa o quão alegres e vívidas elas sejam, você abraça o fogo e esquece as cinzas que ficam, abrace o lado negro das coisas..."
Uma voz quente, áspera e calma ecoou na mente de Luiza.
Confusa ela se levantou e foi até o telhado, olhando o horizonte e como a vida continuava e mudava sempre.Asas de fogo saem de suas costas involuntariamente, uma combustão que não a fería. Ela voltou para seu quarto já escuro, entrou no breu, tudo se apagou, caída no chão, decidiu abraçar a escuridão.
"Que coisas são essas que eu falei? É como se eu conhecesse essa pessoa. Por que eu sinto essas coisas nos meus braços me prendendo? Eu estou dormindo mas eu não consigo acordar. Eu quero acordar!"
VOCÊ ESTÁ LENDO
Guardiões - A Colisão
General FictionDepois de todos os acontecimentos no Reino do Fogo, Felp decide que vai procurar seus pais biológicos, o País da Grama se reergue no seu novo local mesmo com dificuldades. Enquanto isso acontece, um mal ancestral se acorda do outro lado do universo...