Um Ás na Manga

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Nesses dois anos juntos, os snaidrauG nunca haviam se separado dessa maneira. Em todo o tempo sempre havia algum membro por perto, mas dessa vez, parecia que o fim era real.

Enquanto andavam isolados, Nia se ria pelas sombras enquanto os observava. As câmeras de seu monopólio eram espalhadas por toda a cidade, era dessa maneira que ela pôde ver seus filhos durante a infância.

Mascarada de boa moça e empresária de sucesso ela pôde durante vários anos esconder seus planos. Mas com a morte de Sco, era mesmo a igualdade que ela queria agora? Ou, só mais poder para si?

Claro que ciente de quê um multiverso cheio de possibilidades estava praticamente aberto, ela só precisava pegar uma daquelas variantes que talvez ainda vagassem por aí junto com os amigos de seus filhos.

Nia era dona, também, do maior Arranha-céus do país, e durante uma das tempestades recorrentes, estava em pé na sacada.

Ao contrário de Fernando, sua mãe amava o show de luzes e explosões que as tempestades faziam. A sensação de impotência que a grandiosidade dos trovões causavam era satisfatória. Se sentir pequena e fraca a lembravam da sua infância simples e sem ambições, sua vida era resumida em apenas existir.

Para Nia, gastar a vida com coisas medíocres era banal. A vida é apenas uma, sua marca deve ser deixada para inspirar as próximas gerações. Por isso ter uma vida simples, resumida à trabalhar, comer dormir e repetir esse ciclo inúmeras vezes até que a morte batesse à porta era inadmissível para ela.

Mas ela havia se perdido em meio a tantos desejos, por vezes até pensava que uma vida apenas não seria o suficiente para tantas vontades que ela tinha.

Foi então que ela decidiu, ela precisava daquelas variantes, com a faca e o queijo na mão seria apenas questão de pouco tempo para que ela alcançasse tudo que mais queria.

Já não era mais apenas a estabilização do seu país, ou seu mundo. Era de toda e qualquer civilização existente. Mas a igualdade que ela almejava era tortuosa, queria que ricos e pobres fossem à miséria, para serem "gratos" à ela e rastejarem por migalhas.

Os trovões gritantes embalaram seu sono.

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Enquanto isso, Michelangelo ainda martelava sua cabeça com aquele tal brinco, não era possível ela ter aquilo, foi então que perguntou:

--De onde você conseguiu esse brinco? É lindíssimo...-- Disfarçou Michelangelo.

--Eu acho que sempre tive, ao contrário daquele meu colar com a jóia em forma de coração, eu não lembro de ter ganhado esse brinco-- Luiza fala tocando o brinco com o indicador e o polegar.

--Um presente de nascença, talvez?-- Michelangelo instiga.

--Pode ser, mas né, eu não sei como ou por quem fui gerada, Valquiria não é minha mãe...-- Luiza responde.

O bichano dá uma breve consolada na garota e sai para pensar.

--Eu sinto que isso que pensei não faz sentido, mas... Minha intuição diz pra que eu continue olhando isso de perto-- Michelangelo cochicha consigo.

--A Amora me contou que eles andando por aí, talvez descobriram onde a Nia vive, a gente precisa ir lá, reunir provas, neutralizar a Nia e salvar a pele dos nossos amigos antes de irmos embora-- Luiza diz entrando numa sala em que todos estavam com um telefone.

--Sim, como se isso fosse fácil-- Seth fala.

--E não vai ser, mas se ficarmos juntos até o final, vamos conseguir ajudá-los. Nós somos o Guardiões e nunca desistimos se ajudar quem precisa-- Felp diz.

--Vamos deixar o dispositivo aqui, não podemos arriscar que ela ponha as mãos imundas nele-- Bella fala.

--Eu tenho medo de não sairmos de lá todos...-- Anne fala.

--Seguinte, tem um negócio que se chama Arranha-céus, é uma estrutura muito alta, Amora me disse que ela pode estar lá, já que é propriedade de uma empresária riquíssima-- Luiza fala.

--Como ela tá falando se tá presa?-- Bella pergunta.

--Ela tinha direito a uma ligação, pelo menos aqui tem essas coisas-- Luiza responde.

Eles combinaram de ir até lá ao entardecer do dia seguinte, assim daria tempo de todos se reunirem para invadir a estrutura.

Obviamente existiam inúmeros riscos, mas aquilo já tinha se estendido por muitos tempo, e ninguém aguentava mais ter alguém orquestrando tudo e todos daquela cidade pelas sombras.

As pessoas precisavam estar livres de verdade, mesmo sem saber que estavam sendo ordenhadas pela vontade de alguém, precisavam ser livres mesmo sem perceber que eram presos.

Ao meio-dia do dia seguinte, os Guardiões saíram separados para se encontrar com os snaidrauG, menos Fernando e Amora, já que os mesmoa haviam sido levados. E aguardaram juntos até perto do pôr do sol.

O prédio tinha alguns andares comerciais, permitindo a fácil entrada de alguns deles.
O plano era que a minoria entrasse e deixasse fácil acesso para a entrada dos outros.

Bella, Rush e Luiza entraram no primeiro andar, o da recepção.

--Boa tarde, bem-vindos ao Soul Empire, vocês gostariam do mapa de andares do nosso prédio?-- Uma moça de cabelos curtos e castanhos da recepção pergunta.

--Oh, gostaríamos sim-- Luiza fala.

--Isso vai ser ótimo para localizamos o que queremos-- Bella diz --Aliás, não tem um mapa com as portas do lugar também não?--

--E pra quê vocês iriam querer um mapa assim?-- A recepcionista pergunta.

--Você sabe, pra transitar melhor e mais rápido, sabe como é, garotas amam compras-- Rush disfarça.

--Ter até tem, mas só aquela planta presa à parede ao lado do elevador-- Ela responde e os garotos saem para explorar os outros andares.

--Rush, você consegue pegar aquela planta bem rápido sem que ninguém perceba?-- Luiza pergunta.

--Eu não sei se dá...-- Rush coça a cabeça.

--Se você conseguir trocar o mapa dos andares pela planta bem rápido a Luiza disse que te dá um beijo-- Bella fala e Rush acelera tão rápido quanto um raio para trocar.

Um vento impetuoso pela velocidade de Rush se criou, vários papéis da mesa da recepcionista se espalharam pelo ar, distraída, Rush trocou as plantas com facilidade.

Agora com aquilo em mãos seria fácil fazer todos entrarem para interceptar e surpreender Nia.

Havia uma entrada para o estacionamento subterrâneo do Arranha-céus, de lá era só subir pela escadaria de funcionários.

Talvez a solução estivesse mais perto do que se imaginava, ou talvez não...

Guardiões - A ColisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora