Noivado- Chensung ABO

Irmãos, jantares e convidados

- Não está óbvio? Eu estou cortejando o rei de Qing. - Declara simplista.

A frase era repetida como um eco na cabeça do príncipe durante longos minutos em que os dois não faziam nada a não ser se encararem apáticos. Enquanto Jeno sabia muito bem o que queria e como queria se pronunciar, a cabeça do mais novo entrou em pani. Sabia da proximidade do irmão com Chenle e nunca chegou a pensar de forma confortável sobre essa relação mas agora já estava começando a aceitar que eles possuíam uma amizade verdadeira e feliz e do nada o alfa vinha com aquela história de cortejar seu noivo?

- Perdão, o que disse?- Questiona novamente, os olhos estreitando-se.

- Que eu estou cortejando o Chenle. - Jeno repete tão tranquilo que pareciam estar conversando sobre pão.

- Mas vocês são amigos. - O Park argumenta, ainda mais perdido.

- Pessoas geralmente não se apaixonam por inimigos. - Com um dar de ombros, o Lee esperava ter acabado com as dúvidas.

- Você está dizendo que ele se apaixonou por você? - Jisung finalmente havia se irritado. - O Lele não seria tão irresponsável, vocês não podem...

- Não podemos o que, Sungie? - O mais velho dos irmãos o interrompe, ainda a personificação da calma. - Respondendo à sua pergunta, não, ele não me ama ainda, temos sido nada além de amigos todo este tempo e, como nós dois sabemos, Chenle é correto demais para se permitir sentir algo por mim ou por qualquer outro quando ainda se considerava seu noivo. - Explica pacientemente. - Mas agora vocês já não são mais noivos e, bem, me certifiquei de que ele soubesse sobre meus sentimentos, me certifiquei de que ele me considerasse uma opção.

- Você o ama. - O mais novo acusa, dando ênfase ao pronome.

- Desesperadamente. - Aquela confirmação veio como um soco no estômago do príncipe.

Ali estava a pessoa que ele mais admirava e invejava em todo o mundo, o irmão mais velho que tanto o ajudou durante a adolescência e aquele que tinha como apoio dizendo-lhe que estava apaixonado justamente pelo mesmo ômega que era seu noivo desde a infância. Poderia acusa-lo de irresponsável, poderia partir pra cima dele ou até mesmo o ameaçar de morte usando a própria posição entretanto nada daquilo lhe parecia justo ou ao menos o tipo de coisa que ele faria, então permaneceu em silêncio, encarando suas próprias palmas grandes enquanto refletia sobre o que seria dali em diante.

- Eu também o amo - Sussurra por fim. - Desesperadamente.

- Lembra-se de quando éramos mais novos? - Jeno questiona. - Quando eu cheguei aqui, você era tão pequeno e fofo, tão assustado que o meu primeiro instinto foi te mimar e proteger do mau maior que, na minha cabeça, era o papai e sua educação rígida. - Uma risada saudosa escapa pelos lábios finos. - Lembra daquela vez em que você insultou o general Choi e eu assumi a culpa no seu lugar? E daquela vez em que você brigou com a Yoorim e eu servi de intermediário até que se acertassem?

- Onde está querendo chegar? - Interrompe o mais velho.

- Eu sempre estarei aqui pra você, maninho. Mas dessa vez, simplesmente não posso resolver as coisas ou abrir mão de lutar, então pode me perdoar?- Era inacreditável como ainda sendo um alfa, o Lee conseguia manter seu orgulho afastado de coisas do tipo.

- Também não vou desistir. - Jisung garante, maxilar trincado.

Naquele ponto do dia, o jardim era iluminado apenas pelo reflexo das tochas no interior do castelo e a visão privilegiada dos dois alfas era a única coisa que lhes garantia ver um ao outro. Passaram-se poucos minutos desde que ficaram para trás afim de travar aquela conversa, Inda assim pareciam ter passado horas, tudo havia mudado de forma absurdamente repentina e era apenas natural que o mais novo presente sentisse o chão abaixo de si girar. Sabia que sua vida mudaria radicalmente com a chegada de Zhong Chenle, mas quem diria que seria tanto? Semanas antes ele não estava feliz com o noivado e agora se encontrava ali, procurando algum modo de se agarrar ao maldito contrato, ainda que isto lhe custasse a amizade de seu irmão mais velho. Teriam prosseguido com a discussão não fosse pela presença de um terceiro cheiro: Canela.