Embora tenham esquecido de fechar as cortinas na noite anterior e agora a intensa luz da manhã adentrasse o cômodo, Chenle acordou sorrindo. Queria dizer a si mesmo que aquele sorriso era causado pela simples satisfação de estar vivo após tudo o que aconteceu, que era mais do que justo se sentir bem humorado quando no dia anterior sobreviveu a tantas coisas, mas a realidade é que sua expressão e o sentimento quentinho em seu peito eram todos causados pelo braço forte que envolvia a sua cintura de forma carinhosa e pela boca pequenininha que espalhava beijos por todo o seu rosto com uma devoção admirável.
Se um mês antes avisassem ao Lúpus que ele estaria daquele jeito, completamente apaixonado e bobinho pelo alfa que tanto havia aprontado consigo, ele provavelmente riria da cara da pessoa e então exigiria a sua execução, entretanto agora ali estava ele, quebrando regras comportamentais e arriscando a própria reputação para dormir de conchinha com seu noivo. Uma parte sua, a última centelha racional a sobreviver aquele avalanche de sentimentos, protestava sobre quão arriscado era para um rei deixar-se levar por um amor juvenil daquele modo, avisando que ele já passara dos limites e se arriscara demais por conta daquele garoto, mas como ele poderia ouvir essa parte se as batidas de seu próprio coração soavam tão altas quando era segurado daquele modo?
Embora dissesse que o fez por não encontrar outra saída, o Zhong sabia bem que tudo o que fez e todos os riscos que correu foram por Park Jisung. Quando seus sentimentos ficaram intensos aquele ponto? Ele não fazia ideia e, após longos minutos de reflexão, percebeu que tampouco queria entender. Colocou e colocaria a sua vida na linha de bom grado contanto que aquele garoto grandalhão e manhoso demais para ser um alfa estivesse seguro, então porque deveria se importar uma vez que tudo acabou bem? Sabia que era mais do que capaz de proteger a si mesmo, logo não duvidava das próprias capacidades quanto a proteger seu amado também.
- Em que tanto pensa? - A voz rouca e sussurrada do Park tão perto de si faz com que arrepios passem por todo o corpo pequeno.
- Em como eu estou feliz que tudo tenha dado certo. - Conta de volta em um fio de voz enquanto virava para poder encara-lo.
- Não faça isso de novo, por favor. - Jisung praticamente implora.
Agora que os olhinhos pequenos e brilhantes do príncipe estavam na visão do Zhong novamente, encarando-o naquele misto de carinho e angústia tão sincero e singelo, Chenle pensou em como não seria capaz de negar nada que o alfa pedisse daquele modo e em como aquilo era um perigo. Poderia facilmente fingir que não entendia a que o Park se referia quando pedia aquilo sabia muito bem o que ele estava evitando mencionar: O ômega, ainda que forte e decidido como era, poderia ter sido machucado de verdade se a última parte e a mais incerta de seu plano não tivesse funcionado.
O próprio rei entrara em pânico durante aquela situação: Nada jamais lhe parecera tão aterrorizante quanto ter as mãos daquele homem horroroso correndo por seu corpo ou o seu olhar queimando sobre si quando começou a atuar que de fato não mais o temia. Nada jamais o assustaria tanto quanto ver seus amigos, seus irmãos, indefesos ao Bel prazer daqueles alfas nefastos. Se o veneno de Felix não tivesse funcionado na hora correta, os cinco provavelmente estariam largados no chão agora, ensanguentados e machucados demais para se fizerem vivos, mordidas brutais marcando seus pescoços lânguidos. Quando as memórias dessa parte dos acontecimentos lhe atingiram com tudo mais uma vez, o lúpus simplesmente deixou que viessem e se encolheu contra Jisung, afundando o nariz contra seu pescoço na esperança de que o cheiro que tanto lhe agradava fosse capaz de acalmar seu coração.
- Eu tive tanto medo. - Sussurra trêmulo. - Tive medo por mim, pelos meninos, por sua mãe. Tive medo por seu irmão, por meu reino e acima de tudo, por você.
- Não tema por mim novamente, não decida as coisas sozinho e não escolha correr riscos por mim. - O alfa pede, a mão grande acariciando os fios negros. - Caso algo tivesse te acontecido, eu morreria ainda que permanecesse vivo, então não faça algo assim de novo. - Paciente, aguardou até que o corpo que abraçava parecesse relaxado para afastar seu rosto e encara-lo. - Vamos enfrentar tudo juntos, inclusive as situações perigosas. Prometa-me.
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Noivado- Chensung ABO
Acak"O tempo é o melhor remédio" Este ditado, infelizmente, será amplamente refutado nessa história. Um reino dividido cujas cicatrizes apenas foram aprofundadas em prol de um amor malfadado tende a dividir-se ainda mais ao longo do tempo, não o opost...