Bônus 6- Slipping through my fingers

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A corte coreana entrou em total êxtase quando a notícia espalhou-se: Apenas três meses após o casamento real, um novo herdeiro já estava a caminho. Isso mesmo, pouco depois da polêmica lua de mel, os recentes monarcas já conseguiram conceber um filhote e não importa o quanto tenham pedido descrição, o médico saíra dos aposentos reais só sorrisos e garantias de que não havia com que se preocupar pois o desmaio do rei Zhong naquela manhã era nada além de um excelente sinal. Não é preciso nem falar que os únicos em um estado de espírito mais animado que os ômegas de companhia e a futura vovó eram os próprios futuros papais, que desde a notícia andavam por aí sorridentes.

Jóias chegavam de todos os cantos do mundo como parabenização aos progenitores e apostas eram o novo passatempo mais comum nos dois reinos, já que os súditos não se cansavam de especular sobre o sexo ou a classe do bebê real. Bebê este que ainda não passava de uma maçã mas já tinha mais poder e influência que a maioria das pessoas completas nesse mundo. Chenle recusava-se a parar nem que fosse por um segundo, na certeza de que uma falha ou descuido sequer poderia significar instabilidade ao reino e que isso traria problemas ao seu filhotinho no futuro, já Jisung reduzira deus compromissos pela metade e se encarregou de seguir o seu marido por aí como um cachorrinho sem coleira.

- Quando é a próxima consulta mesmo?- Ele pergunta pela quinta vez naquele dia, interrompendo o Zhong bem no meio de sua reunião.

- Em quinze dias, Jisung.- O chinês rebate exasperado e com um simples movimento de sua mão, dispensa os conselheiros, que saem dali apressados.- Você quer me dizer o que tanto o aflige?

- Você acha que eu serei um bom pai?- Jisung finalmente deixa escapar, os olhos pequenos brilhando em puro terror.- Você é todo maduro, sei que será perfeito mas e eu, amor? Minha única figura paterna enquanto crescia foi um monstro que eu mesmo matei, como raios posso ser um bom pai?

Naquele momento, o Zhong precisou morder os próprios lábios para não sorrir de forma larga. Como ele fora sortudo ao ponto de acabar casado com um alfa tão amável? Enquanto a maioria daquela classe preocupava-se em parecer invencível e insensível, ali estava Park Jisung, a beira das lágrimas ao confessar seus maiores medos para seu marido, a quem enxergava como muito mais do que um ômega: Para Jisung, Chenle era um parceiro, um companheiro, alguém em quem ele poderia confiar e se apoiar como um igual. Sem pensar duas vezes, o chinês caminhou até o marido e o envolveu em um abraço protetor, as mãozinhas acariciando as costas largas como forma de consolo.

- Ji, eu também não faço ideia do que fazer.- Sussurra carinhoso.- Mas sabe porque não estou assustado?

- Porque você tem aqueles quatro super espiões e o Sunoo?- O maior indaga de volta, arrancando uma risadinha alheia.

- Não, seu burrinho. Porque eu tenho você. Não saber sempre foi assustador mas se eu vou aprender com você, então vai ficar tudo bem.

Conversas como aquela tornaram-se algo rotineiro para os dois, que passaram a perder o sono com a perspectiva de fazerem tudo errado mas eventualmente acalmavam-se, encontrando asilo um no abraço alheio enquanto palavras sussurradas ninavam-nos de volta ao mundo dos sonhos. O verdadeiro pesadelo veio dois meses depois, quando preocupado, o médico real avisou-lhes que os batimentos do bebê não pareciam seguir um ritmo normal. Não bastava toda a preocupação que sentiam sobre o serzinho em desenvolvimento, ainda havia a irritação do Zhong, que fora imediatamente afastado de todas as suas obrigações e começou a passar os dias preso em seu quarto.

Chenle adoraria dizer que a gravidez fora uma sensação mágica e que nunca sentiu-se tão realizado mas a verdade era que jamais estivera tão solitário: Ainda que se esforçasse muito para estar ao seu lado, Jisung tinha acumulado muitas responsabilidades e estava dando o seu melhor ao administrar os dois reinos e qualquer problema que surgisse sozinho, afim de não preocupar o seu marido gestante, os lordes de companhia também haviam tomado para si funções que antes eram do chinês, como organizar os eventos, resolver detalhes do enxoval e, claro, ajudar ao Park em segredo. Jennie o visitava constantemente mas o pequeno rei sentia-se culpado por detê-la ali quando a rainha deveria estar lá fora, em encontros românticos com seu antigo amor, então sempre acabava despachando-a mais cedo, restando a si apenas a companhia do feto, que não fazia nada além de estar lá.

Noivado- Chensung ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora