Noivado- Chensung ABO

Chegadas, Discussões e joelhadas

Todos os presentes no enorme jardim encaravam a carruagem em expectativa: Haviam anos que a existência de ômegas lúpus era pouco mais que uma lenda, entretanto naquele instante, o último do tipo repousava no veículo. Ômegas no geral eram pequenos, delicados e submissos, destinados a se satisfazerem apenas com um alfa e a acatar ordens sem pestanejar... Já um lúpus era diferente.

Com genes fortes e dominantes, ômegas lúpus eram muito mais que ótimos procriadores: Eram almas livres para escolher o próprio destino. Não eram tão afetados pelos comandos de alfas quanto os ômegas comuns, eram mais fortes e ágeis que betas e possuíam o cio mais agressivo. Ainda assim, poderiam se relacionar e se satisfazer com a classe que bem entendessem.

Talvez por isso tantos nobres se aglomeraram em frente ao palácio naquela tarde: Na esperança de descobrir quanto do que ouviram era verdade, quanto era lenda. Além de que todos já ouviram boatos sobre a genética abençoada da monarquia de Qing, logo não poderiam perder a oportunidade de espiar o rei há muito sumido, o prometido de seu príncipe herdeiro.

Arfares surpresos espalharam-se pelo ambiente assim que a porta da carruagem abriu-se e o cheiro intenso tomou conta do jardim. Característico e forte, Zhong Chenle cheirava a laranja e esse odor agradável fora a primeira impressão que causou na corte coreana. A segunda e sem dúvidas a mais marcante, fora quando desceu do veículo de vez e expôs seu rosto.

Ao contrário das feições quase femininas da maioria dos ômegas, o Zhong tinha um ar másculo em seus traços delicados e atraentes. O maxilar bem definido, o nariz meigo, os lábios cheios e os olhos rasgados entravam em uma estranha harmonia ao constituir o que muitos ali descreveriam como a coisa mais bela que já viram em toda a sua vida. A pele do rei de Qing também era pálida, enquanto seus fios carregavam o mais intenso dos negros.

Atrás de toda a multidão perplexa, o príncipe Jisung assistia à chegada de seu noivo com uma expressão de poucos amigos, memórias de sua infância voltando com toda a força enquanto, mais uma vez, era forçado a observar o monarca se tornando o centro das atenções. E havia sido assim desde sempre, antes mesmo de seu cheiro se tornar tão pronunciado.

- Porque está tão carrancudo, irmãozinho? Seu noivo é literalmente um colírio.

A voz grave e preguiçosa de Jeno o denuncia antes mesmo que seus braços fortes envolvessem seu meio- irmão em um abraço desajeitado. Embora fosse o mais velho, Jeno, ao contrário de Jisung, não estava na linha de sucessão ou tinha um casamento marcado: Ele era um filho ilegítimo. Fruto do romance sórdido do rei Jongin e seu amante, Kyungsoo, o conde de Busan.

- Você só fala isso porque não é você em meu lugar. - O caçula rebate insatisfeito.

- Bem, não precisa ficar na defensiva também. Só estou falando que, se ele fosse o meu prometido, eu estaria mais preocupado com as expressões desses alfas aí do que com as minhas mágoas de infância.

E, simples assim, se afasta. Poderia ser irônico, já que ele era o herdeiro de tudo, mas Jisung sempre sentiria inveja do irmão. Quer dizer, o que ele havia ganhado por nascer de um casamento infeliz e supostamente próspero? Uma coroa, milhões de obrigações, um noivo irritante e todo um futuro sem escolhas. Enquanto isso, seu irmão detinha o amor do seu pai, o físico perfeito e a liberdade que ele jamais sonharia em ter. As trombetas soaram, anunciando a chegada do rei coreano e despertando o príncipe de seus devaneios.

Não muito longe dali, outro rei era cercado por quatro ômegas sorridentes e de belezas únicas. Embora tivessem vindo do mesmo lugar, precisaram viajar separados do monarca e por isso, já se derretiam de saudades e preocupação para com o amigo. Eram muito mais do que seus lordes de companhia, eram praticamente irmãos, haviam crescido juntos e apesar de serem treinados para obedecer e seguir seu superior, havia muito todos concordaram em ignorar esta hierarquia.