Entre estrelas, votações e risadas

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O verão estava no fim, a chegada do outono trazia consigo as temperaturas mais baixas e os ômegas, mais sensíveis àquele tipo de clima, encontravam conforto em atividades nos enormes salões em vez de divertirem-se ao ar livre. Chenle, dentre todos, era um dos que mais detestava tal mudança: Ele amava o ar livre e defendia não haver sensação melhor no mundo do que pôr os pés descalços sobre a grama úmida. Infelizmente, entretanto, sua condição de lúpus o fazia ainda mais sensível às temperaturas frias e a medida que o outono se aproximava, tornou-se comum vê-lo zanzar por aí coberto por roupas quentinhas e grandes demais pra ele.

O fato de que não lhe era mais confortável fugir para os jardins também o havia tornado um alvo fácil para as centenas de admiradores, que mais uma vez apinhavam sua agenda de compromissos. Perdera as contas de quantas coisas inconvenientes precisou suportar ou de quantos jogos de baralho precisou perder propositalmente afim de não ferir os egos frágeis de alfas nobres e tolos. Estava cada vez mais cansado de distribuir sorrisos doces e palavras gentis como se ele fosse aquele que deveria agrada-los e não o contrário, portanto, refugiou-se em um lugar seguro enquanto alegava estar indisposto.

- Gege, eu sou um rei. - Ele choraminga, jogado sobre um tapete e olhando para o teto do quarto de Renjun.

- Jura, Chenle? Percebeu isso quando, exatamente? - O chinês mais velho debocha, sentando-se ao seu lado.

- Não é isso que quero dizer! - Defende-se, um biquinho formando-se nos lábios cheinhos. - Eu sou um rei, deveria estar sendo procurado pra assuntos de negócios. Porque as pessoas acreditam que eu só deveria me importar com besteiras?

- Bem, nós dois sabemos a resposta para isso. - O mais velho suspira de forma cansada. - Mesmo em nosso reino, com uma monarquia de linhagem ômega, todos aqueles que não pertencem a linha de sucessão são discriminados. Porque aqui seria diferente?

- Titio me escreveu. - Confessa baixinho.

- Posso saber sobre isso ou é segredo de estado? - Renjun indaga.

- Se eu fosse te matar por todos os segredos de estado que você sabe, tu não teria passado dos cinco anos. - O rei brinca. - As coisas estão piorando. O Sul exige que eu assuma o trono, o Norte desistiu de tentar independência e exige que a coroa seja entregue a um primo do meu pai.

- Seu pai… o rei Jungkook? - questiona, obviamente preocupado e seguindo aquela linha de raciocínio.

- Você sabe o que isso significa, certo? - questiona após assentir. - O único modo de unificar Qing é unindo de vez as linhagens…

- Como isso seria possível? O contrato com a Coréia e também tem… - se interrompe ao enxergar a convicção nos olhos negros.

- Se houver garantia de paz, me casarei com este Jeon. Contratos podem ser quebrados e não é como se eu realmente quisesse casar com o Jisung. - Afirma com todas as suas forças. - Ele chegará à corte em alguns dias, quer discutir comigo pessoalmente. Se me parecer correto, farei isto por Qing.

- Estarei ao seu lado, qualquer que seja a decisão. - O amigo garante, com um sorriso que era acalentador.

Naquela noite, Chenle escapuliu de seus aposentos. Estava inquieto, nervoso perante tantas possibilidades, ansioso para tomar as rédeas do próprio destino e fazer algo pelo reino que lhe deu a vida, não importava o que fosse. Ele praticamente nasceu rei, dedicou cada um de seus dias a aprender como governar um povo e liderar um exército entretanto desde que podia se lembrar, não fez muito além de sorrir, encantar e se esconder quando conveniente. Sentia-se terrível a cada carta recebida, por saber que Taemin estava, constantemente, lidando com a situação que deveria ser um problema seu, apenas porque seu próprio reino era um local perigoso para si.

Noivado- Chensung ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora