Pensamentos, rompimentos e evidências

140 17 13
                                    

- Então era por isto que não se preocupou com seu irmão ferido? - O Zhong praticamente cuspia as palavra em um Park atordoado. - Lamento tê-lo interrompido.

E deu-lhe as costas de forma literal e metafórica: Com aquele simples gesto, o chinês deixava Jisung para trás, o empurrava para fora de sua história e decidia não lhe dar mais chances. Ele havia alertado-o antes, havia explicado que não queria um casamento como o dos seus pais e ainda assim ali estava o coreano, dizendo-lhe coisas fofas pela manhã e jogando uma ômega em sua cama à tarde. Quase como se fosse egoísta demais para ver pelo seu lado, Jisung ainda o seguiu e segurou seu pulso com força suficiente para deixá-lo avermelhado e impedi-lo de seguir adiante.

- Por favor, Chenle, não é o que você pensa eu estava prestes a... - Começa a se justificar até que o olhar forte que tanto gostava pousasse sobre si.

Naquele instante, Jisung percebeu quão grave era o erro que tinha cometido: Os olhos do Zhong, ainda que ele estivesse claramente insatisfeito, permaneceram no mesmo tom negro de sempre, nenhum lampejo âmbar sequer era capaz de ser visto. Aquele simples detalhe significava demais naquela ocasião, significava que não havia espaço para raiva ou para a ira de seu lobo, que não havia espaço para qualquer sentimento que não fosse um misto de indiferença e repulsa. O rei de Qing não queria explicações, desculpas ou juras de amor do príncipe coreano, ele apenas queria distância.

- Você não sabe o que estou pensando, Park. Nunca soube. - Responde-lhe, a voz mais controlada do que nunca. - Agora, tenha um pouco de noção e me solte. - Ordena, o olhar pousando sobre o próprio pulso que ainda era agarrado com força.

- Não! Você tem que me escutar, eu juro que não era nada disso! Eu parei, Chenle! Eu tinha acabado de afasta-la quando você chegou! - O alfa protestava em desespero.

- Eu por acaso lhe pedi detalhes? - A ironia no tom do monarca era cortante mas ainda assim, o príncipe negou com a cabeça. - Pois bem, isto deveria ser o suficiente para compreender que não preciso saber se parou ou não, o que vi foi bastante esclarecedor. Agora solte-me. - Ordena mais uma vez e quando recebe uma negação como resposta, insiste. - Jisung, solte-me imediatamente!

A verdade é que se Chenle tivesse presenciado aquilo algumas semanas antes, não estaria nenhum pouco abalado, afinal, o que poderia esperar daquele Jisung? Entretanto o Park se dedicou bastante a ludibria-lo e como o Zhong queria acreditar naquilo, acabou caindo feito um patinho. Quando se viu sem saída e de casamento marcado com aquele príncipe, quis desesperadamente acreditar que ainda haviam traços de seu primeiro amor naquele alfa mimado e imaturo, foi um tolo e permitiu-se entregar seu coração, exatamente como Lorde Lee o orientou a não fazer alguns minutos antes. Agora, estava decidido a toma-lo de volta pois tinha certeza de que o entregou a um farsante.

- Por favor, me escuta. - Jisung já estava a beira das lágrimas, apavorado com todas as possibilidades que surgiam em sua mente. - Não faça isso com nós dois.

- Se eu pedi para me soltar, é porque você não tem o direito de me tocar sem a minha autorização. - Rosna impaciente e nem se dá ao trabalho de apelar pro seu cheiro forte para atordoar o outro, apenas usa da própria força e empurra-o longe. - E não existe um "nós", alteza. Você não é nem a sombra do garoto de quem já gostei. Agora, tenha um pouco de dignidade e ao menos avise você mesmo a seus pais.

- Você vai romper o contrato? Mas a Coréia... - Começava a protestar novamente quando mais uma vez é interrompido.

- Nunca esperei um casamento feliz mas para tudo tem limites. - o chinês deu-lhe as costas e começou a andar complementando: - Ser infeliz e ainda ter que aguentar alguém como você seria demais até para o mais paciente dos ômegas.

Noivado- Chensung ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora