A festa de noivado estava acabando e Petruchio não tirava os olhos de Catarina, de seu sorriso nos lábios, de seus olhos brilhantes e de seu filho que já aparecia em sua barriga levemente proeminente.
Queria a tocar a abraçar lhe dizer que havia feito tudo por amor a ela e amor ao filho deles. Mas a festa não acabava e a etiqueta não permitia que ele chegasse perto dela.
— Vou dar uma desculpa para minha irmã ir aos jardins Petruchio, converse com ela, explique tudo, Catarina te ama, vocês precisam se entender. - Bianca o falou em segredo quando o viu sonhar longe observando sua fera.
Ele obedeceu a sugestão da cunhada e esperou que Catarina aparecesse nos jardins, e como num roteiro de filme de romance lá estava ela, linda iluminada pela lua, de costas para ele.
Petruchio se aproximou dela e podia ouvir sua respiração cansada e ver seus braços nus com frio do sereno da noite.
Não resistiu e a abraçou pelas costas, ela sentiu seus braços quentes em volta de si ao mesmo tempo em que ele colocava seu nariz em seu cabelo sentindo seu cheiro.
— Que saudade d'ocê meu favo de mel.
Catarina sentia seu coração saltar pela boca e suas pernas bambearem só de ouvir a voz dele em seu ouvido, seus pelos da nuca se arrepiaram ao mesmo tempo que fechou os olhos aproveitando o carinho dele ao passar suas mãos por seus braços.
Ela podia esquecer tudo, todas as semanas que passou chorando por ele, chorando por sua traição, chorando por se sentir abandonada enquanto todos ao seu redor se sentiam completos e felizes. Ela podia esquecer e virar seu rosto em direção a ele e o beijar com saudade. Podia fazer isso, mas seu orgulho e seu rancor não deixaram.
— Não se aproxime de mim! - ela pisou com toda força do mundo em seu pé e lhe deu uma cotovelada na barriga. - Traidor!
Estava de frente a ele e podia ver sua cara de dor pelo movimento rápido de se livrar de seus braços, não tinha nenhum vaso ao lado senão completaria arremessando em sua cabeça.
— Catarina! Fiz tudo por amor pelo ocê! Já disse! Por isso fingi estar com a Marcela pra achar pistas do seu dinheiro. - ele estava se contorcendo de dor pelo o que ela havia feito.
— E espera que eu acredite que passou semanas ao lado daquela doidivanas e não fez nada com ela?
— Catarina eu juro pelo nosso filho que tá no seu ventre que eu sou inocente.
— Não ouse fazer isso! Não ouse jurar pelo meu filho que ainda nem nasceu e já vai pagar pelo pai mau caráter que têm! - ela estava furiosa, mesmo depois de tudo que ele havia feito por ela, de ter encontrado seu dinheiro e a devolver sem pedir nada em troca, queria o ferir do mesmo jeito que ela havia se ferido.
— Acha mesmo que se eu tivesse o mínimo de interesse na Marcela eu teria te devolvido o seu dinheiro?
— Ah, quer aplausos por ser honesto? Quer aplausos por fazer o mínimo?!
Petruchio tentava não perder a paciência, mas diante de Catarina e suas constantes acusações já estava gritando de volta com ela.
— Não Catarina, eu quero que ocê reconheça o que fiz e que volte pra fazenda comigo!
Ela começou a rir sarcasticamente, seus cabelos saltavam para a frente de seu rosto quando voltou a gritar com ele:
— Eu jamais vou confiar em você de novo, em homem nenhum de novo! Com meu dinheiro vou criar meu filho sozinha!
Ouvir ela dizer aquelas palavras a ele lhe feriam o coração, saber que não tinha obtido nenhum reconhecimento por parte dela de todo seu esforço, de toda sua luta para tentar dar um futuro ao seu Petruchinho e a ela lhe faziam quase a ter lágrimas nos olhos.

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Segunda chance
FanfictionDepois de quinze anos espera-se que uma mentira tenha se repetido vezes suficientes para se tornar uma verdade. Catarina sempre foi decidida e quando algo entrava em sua cabeça dificilmente mudaria de ideia, mal sabia ela que sua filha puxaria exata...