Capítulo 12

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Petruchio tinha um ótimo plano: apagar de vez Catarina de sua vida.

Falou tudo o que queria para a ex-mulher, deixou bem claro que não aceitaria que ela se aproximasse de seu filho, para não o machucar. Desta forma, esperava agora que ela saísse de vez de sua vida.

Era um ótimo plano. Mesmo ela estando de volta ao Brasil, ele não precisava se preocupar com ela, estava casada e vivendo sua vida novamente, sem necessitar de sua presença.

— Casada! - Petruchio fechou seus punhos nervoso fazendo o nós de seus dedos ficarem brancos.

Ele tentava evitar pensar nela, tentava não se abalar, mas quando o assunto era ela… era inevitável.

Catarina era como um quadro negro todo riscado e sua trajetória vivida com ela estava lá narrado. O dia que ela havia entrado em sua vida, o desenrolar de tudo, todas suas tentativas de a conquistar, o carinho que começou a sentir por ela, os sonhos que compartilharam e o desfecho triste que tudo teve. E como um quadro negro, ele precisava apagá-lo para viver novas experiências. Apagar definitivamente as marcas de Catarina em sua vida.

Estava varrendo e limpando a loja antes de a fechar naquele fim de tarde. Pensava só em Catarina.

Pensava em como ela não havia mudado nada em todos aqueles anos, como o quanto continuava linda, em como seu cheiro continuava embriagante e o quanto seu coração ainda se descompassava perto dela. Como ele a apagaria de vez? Como renovaria aquele quadro negro e escreveria uma nova história? Sentia que sua vida corria sempre em círculos e voltava para o mesmo lugar. Ela! Sua vida sempre voltava para ela.

— Ela tá é casada de novo. - Reiterou a informação a si mesmo, como que para lhe reafirmar para esquecê-la. Só reafirmando a si mesmo essa informação para tudo se validar e ele enfim entender que era preciso coragem para apagar ela de vez de sua vida.

Calixto apareceu com Mimosa na loja para buscá-lo para irem a fazenda. Ele subiu na carroça já ouvindo o empregado e amigo o dizer preocupado.

— Mas cadê o Júnior? O senhor tá com uma cara péssima!

— Vê se não zurra na minha orelha que logo vai ser ocê a ficar com uma cara péssima. - Petruchio reclamou enquanto se sentava pegando as rédeas da carroça que estavam nas mãos de Calixto.

— Mas agora eu não posso nem falar mais nada que o senhor já vem com cinco pedras na mão? Mas as caveira de seu pai mais as caveira de sua mãe tão é…

— Para de falar das caveira de meu pai e de minha mãe que não gosto!

Petruchio o cortou, Calixto cruzou os braços na frente do corpo chateado.

— Não ligue meu marido. Esse aí é igualzinho Catarina…

Petruchio engoliu em seco a menção do nome de sua ex-esposa.

— ...A gente tenta ajudar aqueles que consideramos como filhos. Mas é como se estivéssemos cometendo um crime. - Mimosa suspirou chateada lembrando do que havia acontecido há pouco. - Tentei entender Catarina também. O motivo de seu choro e sua tremedeira, mas só recebi pedras.

Mimosa parecia desabafar, mas Petruchio gravou em sua mente a parte em que ela dizia que Catarina tinha chorado e de sua tremedeira.

— Catarina tava chorando? - perguntou tentando parecer desinteressado, mas muito interessado.

— Sim, olhe não sou mexeriqueira, longe disso e longe de mim, mas Bianca me contou que ela havia encontrado o senhor. Vocês brigaram seu Petruchio?

— Mas arriégua! O senhor encontrou dona Catarina e nem me contou? - Calixto exclamou chateado e curioso ao mesmo tempo.

— Encontrei! Como havia de te contar seu jumento se nem te vi ainda hoje?

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