Capítulo 11

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*Flashback*

— Faça um pedido e o guarde no coração d'ocê. Qualquer coisa que ocê quiser, tudo que ocê quiser. - Júnior lembrava-se exatamente das falas de seu pai a ele em seu aniversário de cinco anos.

— Qualquer coisa? - perguntou ao pai com um brilho nos olhos.

— Até as coisas mais impossíveis,  pedido de aniversário é capaz de realizar. Como flutuar, ocê não tava querendo voar igual os passarinhos outro dia? E ficar invisível, lembra? - Petruchio sorria para o filho pequeno. Para ele era importante e imprescindível que ele mantivesse sua imaginação no mundo da fantasia diante de tudo que havia passado e o quanto que sofria por ser filho de mãe separada. Havia o buscado na escola naquele dia, tinha ficado de castigo por ter agredido um menino que o chamou de órfão quando disse que ele não tinha mãe, pois sua mãe era uma mulher da vida. Lembrou-se da professora lhe dizendo que ele gritou que tinha mãe sim, mas que ela estava doente. Seu coração se partiu. Falou a professora que ele fez certo em dar o soco no menino e que eles tinham que rever os princípios da escola.

Júnior sorriu, imaginava tantas coisas impossíveis de acontecer, como ler mentes, ou voar pelo céu, uma super força capaz de levantar uma casa, talvez super velocidade para ajudar seu pai a acabar com as tarefas da fazenda rapidinho para ele poder brincar o resto do dia com ele. O que ele pediria?

— É só um pedido? - perguntou ao pai com os olhos esperançosos.

— Um por aniversário. - explicou. - Feche os olhos e faça um pedido quando soprar as vela.

Ele podia pedir todo o impossível, mas só havia um único pedido dentro de seu coração. Fechou os olhos: desejou abraçar sua mãe.

— Ocê o fez? Ótimo. Agora acredite que ele possa se realizar.

— Será que acontece memo papai? Nem se for um pedido muito impossível? - perguntou ao pai esperançoso e com medo ao mesmo tempo.

— Ocê não sabe de onde vai surgir o próximo milagre, o próximo sorriso, o próximo desejo realizado. Mas se ocê acreditar que está logo ali, e abrir a mente e o coração para a chance de acontecer, pode ter a certeza de que vai acontecer.

E o coração de Júnior estava aberto para a possibilidade de ver sua mãe pelo menos uma vez, a tocar, ouvir sua voz e sentir seus braços quentes em volta de si. Todos seus outros aniversários, em todos os outros anos ele assoprou a vela e fez o mesmo pedido e todas as vezes perguntava descrente ao pai se aquele pedido podia mesmo se realizar.

— ... É impossível conseguir realizar esse meu pedido. - respondeu chateado quando o pai lhe perguntou se havia feito seu pedido ao soprar as velas. Já tinha se passado três anos, ele refazendo sempre o mesmo pedido, e não havia se realizado, nada perto do que havia desejado, tinha acontecido.

— Ocê pode conseguir aquilo que pediu. - o pai tentou aliviar suas frustrações de alguma forma.

— Mas meu pedido é como mágica pai, impossível de acontecer. - se lamentou.

— O mundo está cheio de mágica. Ocê só precisa acreditar nela. Então, faça o seu pedido. Ocê fez? - viu o filho sacudir a cabeça em positivo, Júnior estava perdendo as esperanças, mas mesmo assim continuava a fazer o pedido de encontrar sua mãe. - Ótimo. Agora acredite nele, com todo o seu coração.

*Fim do flashback*

Apesar de nunca chegar perto de realizá-lo, Júnior mantinha o mesmo pedido em todos os seus aniversários em que tinha um bolo e uma vela para assoprar. Mesmo mais velho, quando o pai havia eliminado as velas, ele soprava em imaginação e desejava no fundo de seu coração, que seu pedido impossível se realizasse.

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