Capítulo 3

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Por duas vezes Petruchio teve seu coração partido, não sabia sequer que poderia sofrer outra decepção da parte de Catarina, mas lá estava ele com seus olhos fechados se recusando ver ela e sua felicidade enquanto abraçava a irmã emocionada. Petruchio partiu sem ver que o homem que achou que seria o marido de Catarina na verdade era só um cavalheiro carregando suas malas. Também não reparou na menina, foi embora antes de ouvir ela falar "mãe".

Correu em direção a rua que havia deixado sua carroça, ficou repetindo em sua cabeça que estava tudo bem e que não precisava se abalar com aquilo, mas seu sentimento era outro e em seu coração a dor de outra decepção o fazia chorar.

— E então? Viu dona Catarina? - Calixto não era bobo, sabia que o patrão tinha ido vê-la, tinha perguntado propositalmente para Mimosa o dia de sua chegada e sabia que Petruchio ouvira.

— Que vi Catarina o que? Tá é ficando doido? - tentou disfarçar seus olhos vermelhos, mas a tristeza estava se transformando em raiva e isso ele não conseguia esconder.

— Sei que ocê foi vê ela sim! Ela chegava hoje cedo! Sei que o senhor saiu daqui com a intenção de vê ela. - Calixto apontou o dedo na cara de Petruchio.

O patrão organizava as caixas de queijo restantes depois da manhã de Calixto entregando as mercadorias para os comerciantes.

— As caveira de seu pai e de sua mãe deve de tá se contorcendo de desgosto no cemitério de ver o senhor tratando um cristão de bem como eu dessa maneira! Nem conta as novidade o senhor conta.

— Para de zurrar Calixto! Para de zurrar na minha orelha! - Petruchio explodiu com o amigo de longa data. - Se ocê quer saber fui ver ela memo.

— Sabia! - Calixto deu um tapa no ombro dele satisfeito com sua confissão. - E como ela tá?

— Casada Calixto! Casada! - despejou suas conclusões a ele.

— Impossível! Que doido, além do senhor, ia consegui domar dona Catarina ao ponto de casa de novo? - ele riu.

Petruchio bufou nervoso, seu cérebro trabalhando em conclusões precipitadas errôneas.

— Só confirma que ela nunca gosto de eu Calixto, nunca nem penso no filho dela que largo aqui Calixto, ela casada com um almofadinha das Europa, só prova a egoísta que ela sempre foi.

Calixto via a raiva nos olhos de Petruchio, mas também via tristeza. Ele colocou sua mão no ombro dele e apertou em solidariedade.

— Sinto pelo senhor seu Petruchio.

— Ocê não precisa de sentir nada porque eu já não sinto mais nada por ela. Só ódio, só ódio! - ele subiu na carroça bravo. - Vamo bora Calixto que hoje preciso ter uma conversa séria com meu filho.

Calixto obedeceu pensando que a decepção do patrão só servia para ele ainda pensar em Catarina, ainda sentir tudo o que jamais esqueceu.

xx

Catarina estava feliz reencontrando todos seus parentes, além de apresentar oficialmente Clara, já que só conheciam ela por fotos ou telefonemas, a filha era esperta, nada vergonhosa, adorava contar suas aventuras em Portugal.

— ...Claro que eu era a melhor aluna da sala, madrinha e padrinho. - contava a Edmundo e Bianca com brilho nos olhos.

— M-mas ia bas-t-tan-t-te a direto-r-ri-a por-q-que respondia a pro-f-f-esso-r-ra. - Miguel completou.

— Respondia mesmo! Cada coisa absurda que ouvia e tinha que concordar. Era um colégio muito católico, eu recebia muitos olhares cruzados só por ser filha de mãe separada.

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