Capítulo 16

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Serafim estava pálido diante de sua descoberta. Como Catarina tinha uma filha naquela idade?

— Você está estranho. - Clara comentou estalando os dedos na frente dos olhos dele para que Serafim tirasse sua feição assustada do rosto. 

Serafim observou que ela tinha cabelos negros, olhos castanhos, seu queixo parecia desenhado como o de Catarina, porém suas sobrancelhas não pareciam as dela. Mas sua voz. Sua voz era mandona igual a de Catarina.  

— Miguel pegue um copo de água! - Clara pediu ao amigo que apesar de não estar falando com ela, a obedeceu.

A prova estava toda lá, a garota parecia fisicamente e tinha o ar autoritário de Catarina.

Ele abriu a boca para falar com Clara quando foi acertado com água no rosto. Serafim ficou alguns segundos sem respirar e voltou olhando assustado para Clara que dava risadas.

— Me desculpe, mas o senhor parecia estar sofrendo um ataque cardíaco. 

Ela ria tanto que colocava sua mão em sua barriga. Reconheceu essa risada. Não era de Catarina, então ele se lembrou que ela se apresentou também como filha de Petruchio. 

Diante de suas conclusões e da apresentação explosiva da filha de Petruchio e Catarina a si, começou a andar para longe do apartamento, sem falar mais nada a ela. 

— Ei, volte aqui… - Clara pediu em meio às gargalhadas. 

Serafim desceu as escadas e chegou até a redação de sua revista. Teria que pensar no que faria com essa informação preciosa que tinha em mãos. 

Clara ainda ria e reparou que Miguel sorria com ela. Olhou o melhor amigo nos olhos e começou a se sentir triste e traída. Fechou seu rosto para ele que parou de rir tenso. 

— Não estou falando com você, muito menos rindo com você. 

— A-a-a-achei que es-s-s-tavamos…

— Achou errado! - Ela o cortou querendo chorar ao ouvir a voz dele. - Eu te vi com sua amiguinha da biblioteca. 

Miguel estreitou suas sobrancelhas diante da informação que a amiga lhe entregava. Clara estava descontrolada. Quase chorava. Passou do riso ao choro em segundos. 

Odiava deixar transparecer seus sentimentos assim, não era para ter falado a ele que reparou nele na biblioteca. Nele na biblioteca com outra garota. 

— E-e-lisa é le-e-ga-al devi-i-ia co-o-nhecê-l-l-la. 

Clara bufou. Ia gritar que não queria conhecer ela nunca, mas mordeu sua língua e deu as costas para o amigo se encaminhando para os quartos a fim de escolher qual iria ser o seu. 

— Não estou falando com você! - disse uma última vez trancando a porta atrás de si. 

xx 

Petruchio estava sorridente, tão sorridente que mandou todos descansarem naquele sábado, só tirariam o leite das vacas, mas não trabalhariam em mais nada. Júnior estranhou o ar risonho e de paz do pai. Foi conversar com ele. 

— Pai, eu decidi volta pra escola.

— Que bom meu filho, que bom! Sua mãe há de gostar. - ele sorriu mais ainda, o maxilar quase doendo e deu três tapinhas no ombro dele. 

Estava em seu quarto retirando alguns paletós velhos guardados no fundo do baú e vendo se algum ainda servia em si. 

— O senhor vai sair? 

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