Capítulo 9

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— Papai! - Catarina gritou nervosa, estava indignada diante do absurdo que tinha ouvido. - Eu já me casei uma vez, não pretendo passar por essa experiência novamente. Além disso… - Catarina bateu a mão na mesa e se encaminhou para ficar de frente ao pai. - Mulher separada não se casa novamente!

Batista sabia que assim que Catarina soubesse de sua cláusula seria a primeira a ficar brava com ele. Mas, apesar da fúria da filha lhe causar gastrite aguda, resolveu encará-la corajosamente.

— Me preocupo com você minha filha, com todos vocês… - confessou baixo, afastando o rosto que estava próximo ao dela.

— Se preocupa comigo? Então me deixe viver minha vida em paz! - rugiu bravamente pegando um vaso e arremessando no chão tamanha sua fúria.

Batista afastou sua cadeira para longe dela com medo. 

— Catarina, não grite assim com o papai, não vê o estado dele? - Bianca ponderou segurando a mão de Batista.

— Como posso parar de gritar se o único fato que preocupa o papai é se estou ou não casada?!

— Não só você minha filha, Fátima e Jorginho também.

— Sabe que eu estou noiva papai, não se preocupe comigo, mas escutar isso de você é um desaforo a gente, pois estamos construindo nossa vida, Buscapé e eu não queremos nos casar antes de termos algo estável. - Fátima exclamou.

— É claro, a modernidade. - Batista suspirou. - Mas sabe que ele receberá o dote. Pode ajudá-los a montar um restaurante.

Fátima balançou afirmativamente a cabeça considerando a ideia do pai.

— E eu sou independente pai, trabalho no banco, não terei problema com dinheiro, qual a diferença se estarei casado ou não? - Jorginho apesar de saber da cláusula por antecipação, não concordava com ela.

— A doença só pode ter afetado o cérebro dele. - Catarina exclamou ainda sem acreditar no absurdo que tinha ouvido. - Na verdade desde que me conheço por gente a única preocupação do senhor comigo é se estou ou não casada.

— Mas Catarina, de todos os meus filhos você é a que mais me preocupa, Bianca é mãe e dona de uma escola, Fátima está noiva e tem um emprego e pode muito bem montar um restaurante com Buscapé, Jorginho é homem e vai ser administrador de meu banco quando eu me for, está bem encaminhado. Agora você…

— Eu o que?! - Apesar de estar preocupada com a saúde de Batista, não conseguia controlar seu impulso de brigar com ele.

— Você não tem emprego, não tem família, se eu morrer amanhã estará na rua da amargura com uma mão na frente e outra nas costas.

— E sua solução brilhante é me tirar o dinheiro que seria para me ajudar depois de sua partida. - ela rosnava nervosa.

— Bom… desta forma eu estou… - Batista media suas palavras, mas sabia que a filha mais velha tinha entendido perfeitamente seu raciocínio.

— Me obrigando a casar! Porque com um marido meus problemas acabariam! Ou seus problemas acabariam! - ela pegou um vaso ao lado da mesa do pai. - Não caso nunca mais!

Batista gritou se encolhendo embaixo da mesa com Bianca e Fátima, Catarina jogou na parede ao lado o objeto que se espatifou.

— Catarina! Você tem coragem de jogar vasos no papai? Não vê o estado dele?! - Bianca disse a encarando.

— Papai não caso nem que tenha que pedir esmola na rua quando o senhor morrer! - ignorou sua irmã e voltou a rugir raivosa com Batista.

Ele se levantou de sua cadeira e sem medo da filha apontou o dedo indicador em seu rosto.

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