Ele sorria vendo ela sorrir. Tantos fragmentos que nunca havia vivido com ela estampados naqueles minutos. Ela perdida em seus desejos, não freando sua felicidade e ele a assistindo liberta, constante e única.Queria parar o tempo, de alguma forma ficar naquele instante para sempre. Ele ainda não sabia ela decor, não sabia sobre aquelas reações que ela apresentava a ele, felicidade completa, sem ameaças de vasos ou Marcela. Sem interrupções, sem pudores, sem contra ataques. Havia tantas coisas para aprender.
— Queria poder parar o tempo… - confessou em voz alta.
Catarina se aninhou em seu peito, seu ouvido pousado em cima de seu coração. Podia ouvir as batidas fortes e rápidas que dava somente por ela. Abraçou ele e fechou os olhos querendo parar o tempo também.
Era mais fácil estar lá, se sentindo protegida e completa em seus braços, estar de volta para aquele quarto, para aqueles ares, sem mentiras, sem segredos, não estar mais fugindo.
— … Tanto tempo que fiquei sonhando com isso acontecendo de novo. - ela deixou escapar. Petruchio acariciou seus cabelos e deu um beijo de leve em sua cabeça.
— Tinha esquecido?
Ela levantou a cabeça o encarando. Sorriu reparando em seu olhar preocupado.
— Jamais esqueci. - subiu seu tronco em direção a ele e lhe deu vários beijos leves no lábio. Seus dedos passando por sua barba tirando qualquer tipo de dúvida que Petruchio ainda podia carregar em si.
A felicidade era tão tocável que ele tinha medo dela cair no chão e se quebrar de alguma maneira. Mesmo vivendo aquilo tudo, quase parecia um sonho. Por isso tinha medo, por isso perguntava de minuto a minuto se tudo era real.
— Ocê vai morar aqui de novo, não é? Vai, não vai?
Seus olhos estavam suplicantes e Catarina não sabia o que lhe falar.
— Eu não sei mais respirar sem ter você do meu lado. - Catarina entortou seu pescoço sorrindo com os olhos diante da carência dele.
— Vamos aproveitar esse fim de semana como uma família. Dar um passo de cada vez.
Petruchio anotou mentalmente, enquanto ela voltava a lhe beijar, que Catarina não havia respondido suas súplicas em forma de pergunta. Deixou o questionário para outro momento, não queria brigar com ela.
Catarina voltou a se aninhar em seu peito e reparou no baú da cama.
— …Só está faltando uma coisa nesse quarto. - Petruchio enrugou a testa tentando pensar no que estava faltando, tudo estava perfeito para ele. Não faltava absolutamente nada. - …Carijó.
Ele começou a rir, muito alto. Tão alto que Catarina sentou-se na cama e tampou a boca dele com suas mãos.
— Pare de rir alto desse jeito! - ordenou quase gritando mais alto que sua gargalhada. - As paredes tem ouvido nessa fazenda! As crianças podem acordar.
— Como se eles tivessem seis anos… - ele respondeu ainda rindo, resolveu lhe contar a história da Carijó e seu quarto. - …Eu expulsava e colocava Carijó II nesse quarto ultimamente o tempo todo. Da vez que a gente se reconciliou mandei colocar ela de volta, depois quando eu descobri que havia mentido pra mim sobre Clara, mandei expulsar a galinha. Só que aí ela voltou pro quarto e Clara a conheceu e se apegou. Tá andando pra tudo quanto é canto com a galinha. Dorme com ela agora.
Catarina concordou com a cabeça lembrando da filha com a ave debaixo do braço.
— …Clara é igualzinha a ocê, sem tirar nem pôr. Acho que por isso me apeguei tanto a ela. - ele confessou. Catarina lembrou da cumplicidade que havia assistido de manhã dos dois como pai e filha, o que a fez se sentir completa. - A gente começou errado, mas sinto que agora a gente tá se dando bem.

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Segunda chance
FanfictionDepois de quinze anos espera-se que uma mentira tenha se repetido vezes suficientes para se tornar uma verdade. Catarina sempre foi decidida e quando algo entrava em sua cabeça dificilmente mudaria de ideia, mal sabia ela que sua filha puxaria exata...