Capítulo 5

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A Times Square é bem mais movimentada do que esperei que fosse, pessoas indo e vindo de todas as direções, o que me fez ficar desviando de quase todos que estavam na calçada, alguns andam distraidamente, há grupos de danças e músicos mostrando seus talentos para aquele amontoado de gente, anúncios para todos os lados, e ver a correria que era aquele lugar me fez sentir na obrigação de também possuir um motivo para toda essa agitação, sem ser fazer compras com os seus pais.

Mamãe decidiu que antes de começarmos verdadeiramente nossa vida em Nova York, devemos antes fazer compras em Nova York, e conhecer melhor a cidade. Ela e papai andam mais frente segurando algumas sacolas, com mamãe a todo momento apontando para alguma vitrine de maneira encantada, Oliver está ao meu lado terminando de tomar seu sorvete de baunilha que já está derretendo e sujando sua camiseta. Meus pés já estão doendo.

É uma manhã de domingo, e segundo minha mãe, amanhã ela me levará para conhecer minha nova escola, o que não me deixou muito animada, faltam só uma semana para o segundo semestre e eu ainda nem decidi o que irei fazer depois que terminar o colegial, e eu ainda nem tenho tempo o bastante para aprender os métodos para se enturmar, ou pelos para conseguir conversar com alguém sem despejar apenas múrmuros desinteressados e suspiros de desanimação. Pensando bem, com o garoto do mercado não foi tão difícil conversar, acho que foi porque o mesmo me transmitiu um áurea boa.

Sou tirada dos meus pensamentos quando mamãe me puxa, e entramos todos juntos em uma loja de roupas, novamente. Eu já estava cansada de ficar vendo roupas, então apenas deixei eles de lado e fiquei sentada em um estofado perto de alguns manequins, podendo enfim, descansar meus pés. Estico as pernas e tento tirar todo o cansaço de minhas costas.

— Estou começando a achar que você está me perseguindo — diz uma voz, perto de meu rosto.

Viro meu rosto e vejo Eric se afastar e sentar ao meu lado, com aquele ridículo sorriso.

— Eu quem deveria supor isso — digo, cruzando os braços.

Isso só poderia ser uma piada de mau gosto. Por que tenho que encontrar Eric em todo lugar que estou? Até em outra cidade? Na mesma loja? Eric segura umas três camisetas estampadas em volta do braço.

— De qualquer forma, já estou enjoado de ver você sempre. Isso nunca vai mudar? — ele diz, e me encara com uma expressão de desdém.

— Fácil de resolver, é só você voltar para Nova Orleans, para sua vida idiota, e para seus amigos idiotas — digo.

— E que tipo de amigo eu seria se te deixasse sozinha? — Eric diz, fingindo estar ofendido. Eu quem deveria estar ofendida.

— Você acabou de dizer que estava enjoado de mim. E a solidão parece mais convidativa do que a sua companhia.

— Você não sabe nem brincar, Melie. Deveria trabalhar seu senso de humor.

— É que meu humor some quando você aparece — digo, dando um sorriso cínico, enquanto dou leve batidinhas com a mão no ombro de Eric. Esse que revira de leve os olhos. Me ponho de pé.

— O que acha de irmos comer alguma coisa? — Eric pergunta, e se levanta. O encaro com o cenho franzido.

— O que?

— Olha, aqui tá chato e acho que seus pais vão demorar.

Olho em direção aos meus pais que reviram todas as roupas, mais principalmente minha mãe, que está escolhendo um conjunto para Oliver.

— Por que eu deveria aceitar um convite seu? — pergunto, ainda confusa. Apesar de Eric ser bastante impertinente, não é do seu feitio ser tão amigável assim.

Uma confusa ironia do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora