Já faz um mês que me mudei para Nova York, o que não é bastante tempo, mas todos os acontecimentos fazem parecer que estou aqui a muito mais tempo.Posso dizer que consegui construir amizades por aqui, mas rápido do que eu esperava, apesar de ainda estarmos nos conhecendo aos poucos, podem não ter sido construídas por iniciativa minha, mas sinto que gradativamente fui me libertando.
Às vezes fico atordoada ao pensar nisso, em como as coisas ocorreram, foram tão rápidas que mal tive tempo de mediar minhas ações, mas não posso negar que me sinto mais feliz, tranquila e esperançosa.
Judy, Miles e Brian são pessoas que me proporcionam esses sentimentos, de poder conversar, rir, sem se preocupar, são pessoas que não me julgaram em princípio, e fico agradecida comigo mesma por não me afastar deles. É estranho como em poucos momentos alguém pode lhe proporcionar coisas que muitos não foram capazes. Em alguns momentos tenho medo, medo de tudo ser em vão, de que tudo acabe, é algo natural sentir isso, compreendo, sempre devemos ter um pé atrás, mas junto ao medo há também aquele sentimento de desejo de que nada acabe, de que se torne algo sólido, e de que mais momentos bons sejam proporcionados.
Meus pensamentos se voltam para Eric, nos conhecemos desde criança, mas não penso nele como um amigo, nem sei o que ele é para mim, a nossa relação sempre foi conturbada, cheia de provocações ou palavras afiadas, o que é um pouco cômico. Eu gosto de discutir com ele, se tornou algo habitual, por mais que eu sempre deseje manter distância dele, sua presença também é algo que, de certa forma, já me acostumei. Acho que o fato dele ter sido a única pessoa a qual eu trocava palavras, contribui para isso.
Estou deitada em minha cama, encarando o teto, hoje é sábado, então não precisei acordar cedo, o sol já está alto no céu, e a luminosidade do dia passa pelas cortinas de minha janela, trazendo um pouco de luz para a escuridão do meu quarto.
Com um suspiro longo, me levanto, sentindo a maciez do tapete ao toca-lo com meus pés, me espreguiço e pego meu celular que deixei em cima do caderno azul de poemas da Judy, já havia lido alguns na noite anterior, antes de dormir. Checo as notificações e vejo uma mensagem de Eric, que ele havia mandado a uma hora atrás, quando eu ainda estava dormindo.
Eric: Oi, Melie!
Eu iria ignorar, mas no mesmo instante ele mandou outra mensagem.
Eric: Está acordada?
Decido respondê-lo.
Eu: Não.
Eric: Sempre de bom humor.
Eu: Por que está me importunando logo em um sábado?
Eric: Para mim, não tem dia para isso.
Eu: Diga logo.
Eric: Só queria desejar, bom dia.
Eu: Bom, você acaba de estragar meu dia.
Eric: Sei que você ama quando eu mando mensagens.
Reviro de leve os olhos.
Eu: Reveja seus conceitos.
Eric: Não precisa sentir vergonha em admitir.
Consigo ver o sorriso cínico nos lábios de Eric, ele só gosta de me fazer perder a paciência com suas bobagens.
Eu: Você não tem algo melhor para fazer?
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Uma confusa ironia do destino
Teen FictionAssim que recebe a notícia de que se mudará para Nova York com a família, Amelie finalmente viu uma oportunidade de se livrar de sua antiga vida em Nova Orleans, longe de pessoas indesejadas e amigos inexistentes. Mas a alegria da garota acaba assim...