Capítulo 23

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Ando pelo corredor com o caderno de Judy em mãos, mas não a encontro em lugar nenhum, até perguntei para suas colegas de aula de arte mas as mesmas não sabem aonde Judy está, ela pode ter faltado, mas esse colégio é gigantesco, não me surpreende ainda não ter a encontrado, normalmente sempre nos encontramos na entrada do colégio, mas hoje ela não estava lá.

Vou até o pátio, mesmo sendo o último lugar que ela iria, ali é barulhento, o tipo de lugar que ela não gostaria de estar. Passo meus olhos ao redor, tentando encontrar um ser pequenino de cabelos loiros, ela não está ali, mas meu olhos param em outro alguém, sentado em um banco de mármore enquanto tem a atenção fixa a sua frente.

Eric.

A noite de ontem volta em minha mente, e com ela seu comportamento estranho, Eric não havia respondido minha mensagem, o que é de se estranhar. Fico ali, o encarando por breves segundos, antes de meus pés começarem a andar em sua direção, quanto mais perto eu chegava dele, mais meu coração parecia se inquietar e minhas mãos formigarem. Balanço a cabeça, tentando espantar essas sensações.

Sento ao lado dele, de início ele pareceu não me notar, mas lentamente ele virou o rosto em minha direção, seu olhar surpreso ao me ver, mas em instantes ele desvia o olhar, com a mesma expressão séria de ontem.

— É uma falta de educação não responder as mensagens dos outros — digo.

Eric dá de ombros.

— Você não pode falar isso, sendo que é a que mais não responde mensagens — ele diz, com a voz firme.

Ele está estranho.

Pela primeira vez não vi o tom sarcástico em sua voz.

— Acho que o meu mau humor passou pra você — murmuro.

Eric fica em silêncio.

O.k. Essa situação é muito esquisita, e incômoda.

Não sei por que esse seu comportamento está me afetando.

Olho para o caderno em meu colo, passando os dedos pelos detalhes da capa. Percebo Eric direcionar o olhar para o caderno, e soltar um sorriso, mas sem nenhum humor.

— Não sabia que você gostava dessas coisas — ele diz, com a voz baixa, sem me encarar.

— Que coisas? — O encaro, atônita.

— De escrever essas coisas melosas.

Franzo o cenho.

Ele acha que o caderno é meu?

— Mas eu não escrevi nada. Esse caderno não é meu. E além do mais, não são coisas melosas — digo, folheando as páginas, vendo algumas enfeitadas.

— Não? — Eric indaga, e me olha rapidamente.

— É da Judy. Falando nisso, eu preciso encontrá-la. — Corro mais uma vez o olhar pelo pátio, mas não a encontro.

— Por isso que a letra estava tão bonita — ele murmura.

Semicerro os olhos para ele, mas resolvo não discutir por isso.

— Você não a viu?

Olho para Eric que parecia perdido em pensamentos. Ele levanta o olhar para mim, meio atarantado, e balança a cabeça em um não.

Suspiro frustrada.

Eric respira fundo, e relaxa mais os ombros, noto ele tentando conter um sorriso, o que me deixou mais confusa, mas resolvi não pensar muito nisso.

Uma confusa ironia do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora