Tamborilo meus dedos sobre meu caderno, enquanto tento me concentrar ao máximo em um texto passado para a aula de biologia, mas não estava conseguindo, as palavras a minha frente se transformando em borrões a medida que meus olhos ficam cansados, aos poucos se fechando, sentindo o sono querer tomar conta de mim.Hoje é quarta, e agradeço por estar aqui, quebrando minha cabeça com tarefas escolares, do que em um parque de diversões, com pessoas desconhecidas que fariam me sentir deslocada. Me pergunto como deve estar Eric, ele também não parecia animado com esse passeio.
Não conversamos durante as aulas hoje, mas ele não parecia se importar com a minha decisão. O que me deixou mais incomodada durante as aulas, foram os olhares indiscretos de Paul sobre mim, quando eu estava acompanhada de Miles e Brian, eu queria saber o que estava acontecendo, ou, o que aconteceu entre Miles e Paul para eles se desprezarem tanto, mas acho que eu estaria sendo invasiva demais ao perguntar tal coisa para Miles, sendo que ele nenhuma vez tocou no assunto. Os outros amigos de Eric não estavam nem ligando para mim, ou para Miles. Então eu tive total certeza que o problema é somente com Paul.
Eric pareceu perceber que estava acontecendo algo, porque, na primeira vez em que peguei Paul me observando — esse que, quando nossos olhares se cruzaram, parecia me desafiar só com o olhar —, consegui notar Eric olhar de soslaio para onde Paul estava olhando, e ao me ver, ele se remexeu no lugar, parecendo inquieto, e chamou a atenção de Paul, que finalmente desviou o olhar de mim. Não sei se foi intencional ou não, mas mesmo assim, fiquei agradecida por não ter mais aquele incômodo de alguém me observando.
Dou um leve pulo na cadeira quando escuto meu celular apitar, endireito minha postura, ainda longe com os meus pensamentos, e pego meu celular que está ao lado de um porta lápis. É uma mensagem de Eric.
Eric: Oi, Melie! Venha para fora de sua casa.
Eric: E eu sei que você está acordada.
Franzo o cenho em confusão.
Ele não está lá fora. Está?
Balanço a cabeça, desacreditada.
É claro que ele está.
Mesmo confusa, visto um casaco e saio do meu quarto. Desço as escadas silenciosamente, não há ninguém na sala e nem na cozinha, já são dez horas da noite, todo mundo já deve estar dormindo. Destranco e abro a porta com cuidado.
Assim que saio, fico parada na pequena varanda, e consigo ver Eric em pé na calçada de braços cruzados, ele me vê e vem em minha direção.
— O que...
— Boa noite, Melie. — Eric me interrompe, e sobe a pequena escada até entrar na varanda.
Ele passa por mim e senta em um banco de madeira que fica perto das janelas. Folgado como sempre. Me viro para ele de braços cruzados, e com um olhar interrogatório. Eric apenas sorri inocentemente, apontando para o espaço ao lado dele. Ando em passos lentos, um pouco desconfiada, e sento também no banco, sentindo o perfume de Eric.
— Agora me diz, por que raios você está aqui? Não deveria estar se divertindo com os seus amigos? — pergunto, olhando de canto de olho para ele.
— Eu não fui — responde simples, não dando importância.
— Não? Por quê? — Eu o encaro.
— Não estava com muita vontade de ir.
— E por que queria que eu fosse, sendo que até você não queria ir?
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Uma confusa ironia do destino
Teen FictionAssim que recebe a notícia de que se mudará para Nova York com a família, Amelie finalmente viu uma oportunidade de se livrar de sua antiga vida em Nova Orleans, longe de pessoas indesejadas e amigos inexistentes. Mas a alegria da garota acaba assim...