Capítulo 13

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Espero, inquieta, na pequena varanda da entrada de casa. São uma e meia da tarde e Miles me disse que estaria aqui até às duas. Hoje o tempo está ameno, apenas um vento gelado sopra em determinados momentos, por isso visto um casaco fino antes de sair de casa.

Hoje é domingo, o que significa que é o dia do passeio com o pessoal, estou um pouco apreensiva e ansiosa, nunca fiz isso antes, e apesar de todo o nervosismo, tenho a sensação de que não irei me arrepender de ter aceitado sair. Vejo Miles apontar na esquina do quarteirão de minha rua, ele anda calmamente, com seu jeito despojado. Desço a pequena escada, e fico parada na calçada, esperando Miles chegar mais perto.

Ele me vê e levanta o braço em um aceno exagerado. Eu dou risadas e aceno de volta.

— Pronta para irmos? — ele pergunta, sorrindo mínimo, assim que chega perto de mim.

— Sim — digo, e juntos seguimos em direção a estação de metrô.

— Como você está? — Miles pergunta, depois de alguns segundos.

— Estou bem, e você? — O encaro, segurando a alça de minha pequena bolsa.

— Estou muitíssimo bem — ele diz, em um tom divertido. — Aliás, Brian nos encontrará na estação.

Apenas concordo com a cabeça.

— Ele não quis andar mais alguns quilômetros?

— Sabe como ele é — Miles diz, e faz uma expressão de descontentamento com o jeito de Brian. Eu sorrio. — Falando nisso. Quem é que também irá conosco?

— Ah, sim, eu esqueci de falar, e eu também já avisei ela, acho que ela já deve estar nos esperando.

— Ela? — Miles indaga, franzindo a testa.

— Eu convidei a Judy.

— A Judy?! — Miles diz, parecendo espantado.

— Sim, fiz mal? — O encaro, um pouco receosa.

— Não, não fez, é só que... a Judy, ela... como posso dizer? — Miles se complica nas palavras.

— Há algo errado?

— É que ela me olha meio estranho, sei lá. Mas não tem nada demais em convidá-la — Miles diz, embaraçando o seu cabelo, e alguns fios caem sobre o seu rosto.

Tento segurar um sorriso, pelo que pude notar, Judy sente algo por Miles, e ela parece não conseguir deixar isso escondido, e Miles não parece compreender isso.

— Do que você está achando graça? — Miles pergunta, me encarando e vendo minhas tentativas de segurar o sorriso.

— Não é nada demais — digo, e finalmente solto uma risada baixa.

— Você está rindo de mim? — Ele estreita o olhos em minha direção.

— Não, jamais — respondo, e seguro novamente uma risada.

— Então quer dizer que a senhorita também é uma piadista — Miles diz, me empurrando de leve com seus ombros.

— Mas eu não disse nada. — Levanto as mãos em contestação.

— Você me é suspeita, Amelie — ele diz, semicerrando os olhos.

— Suspeita? Eu? Por quê?

— Você chegou toda quieta, calada, e agora está rindo de algo, provavelmente de mim. O que está escondendo? Ou melhor, quem é você? — Miles me encara como um detetive interrogando seu principal suspeito. Se não fosse pelo leve arquear de seu lábio, tentando conter um sorriso, diria até que ele estava falando sério.

Uma confusa ironia do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora