Caminho pela rua em passos calmos, como não esperaria minha mãe, estou indo para a casa andando, o que de certa forma é mais relaxante. O sol da tarde aos poucos se afastando, fazendo o céu se tornar um misto de azul, roxo e amarelo.Depois de conversarmos, Miles teve que voltar sorrateiramente para o mercado assim que viu seu pai o procurando, e quando o mesmo sumiu por entre os corredores, decidi voltar para casa. Os poucos minutos que passei com ele foram muito reconfortantes e divertido.
Levanto o olhar para o céu, respirando fundo, sentindo o cheiro de algumas flores que estão plantadas perto da rua, além do cheiro da grama, ainda úmida pela rápida geada de hoje de manhã.
Sorrio, sem saber ao certo o motivo, ou, os motivos, há um misto de sentimentos e sensações me consumindo desde que cheguei aqui, algo novo, algo a qual me faz querer descobri mais coisas, ou novos sentimentos.
— Está parecendo uma louca sorrindo desse jeito.
Paraliso, um pouco assustada, mas já sabendo a quem aquela voz pertence.
Desvio o olhar para minha frente, vento aqueles olhos azuis tão familiares, que pareciam ter um brilho diferente com a luz do entardecer, por poucos segundos, me permiti admirá-los. Eric realmente é um garoto bonito, ainda mais, banhando pela luz do sol, e pensar nisso, de certa forma, fere meu ego.
— Está me seguindo? — pergunto, afastando qualquer pensamento de minha cabeça.
— Não perderia meu tempo com isso — ele responde, se aproximando.
Reviro de leve os olhos, para a sua resposta cheia de desdém.
— Tenho que ir para casa. Passar bem — digo, dando um sorriso falso, começando a andar.
Eric entra em minha frente, me impedindo de andar. O encaro com um olhar interrogatório.
— Desse jeito vou começar a achar que você não gosta da minha companhia — ele diz, com um ar sarcástico.
— Pensei que já tinha deixado isso claro um bilhão de vezes — digo.
— Deixou. Mas eu não me importei. — Eric se aproxima mais, e consigo sentir o seu perfume.
— Já estou acostumada com sua falta de atenção.
Eric solta um sorriso, me encarando fixamente, e sinto meu corpo estremecer um pouco com aquilo, uma reação um tanto quanto perturbadora, pois é a primeira vez que me sinto assim na presença dele.
— Só pra você saber, eu moro por ali. — Eric aponta para uma rua, a esquerda. — Por isso encontrei com você. Não estou te seguindo, nem nada.
Dou de ombros.
— Certo, então tchau — digo, desviando de Eric.
Não estava gostando da sensação de o ter tão próximo de mim. Eu estava desconcertada.
— Espera — Eric diz, e segura levemente a minha mão.
Um arrepio parece irradiar de minha mão, e percorrer pelo meu corpo. Não consigo entender o que está acontecendo. Será que eu estou bem?
— O que foi? — pergunto, tentando deixar a voz firme, e não deixando transparecer o estado catatônico que eu me encontro internamente.
Me desvencilho de seu toque.
Ao encarar Eric, não conseguia compreender o que se passava com ele, mas de certa forma ele me pareceu diferente, seu olhar estava diferente, o seu jeito. Alguma coisa está diferente, mesmo que minimamente. Só não sei o quê.
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Uma confusa ironia do destino
Teen FictionAssim que recebe a notícia de que se mudará para Nova York com a família, Amelie finalmente viu uma oportunidade de se livrar de sua antiga vida em Nova Orleans, longe de pessoas indesejadas e amigos inexistentes. Mas a alegria da garota acaba assim...