Capítulo 19

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Caminho pela rua em passos calmos, como não esperaria minha mãe, estou indo para a casa andando, o que de certa forma é mais relaxante. O sol da tarde aos poucos se afastando, fazendo o céu se tornar um misto de azul, roxo e amarelo.

Depois de conversarmos, Miles teve que voltar sorrateiramente para o mercado assim que viu seu pai o procurando, e quando o mesmo sumiu por entre os corredores, decidi voltar para casa. Os poucos minutos que passei com ele foram muito reconfortantes e divertido.

Levanto o olhar para o céu, respirando fundo, sentindo o cheiro de algumas flores que estão plantadas perto da rua, além do cheiro da grama, ainda úmida pela rápida geada de hoje de manhã.

Sorrio, sem saber ao certo o motivo, ou, os motivos, há um misto de sentimentos e sensações me consumindo desde que cheguei aqui, algo novo, algo a qual me faz querer descobri mais coisas, ou novos sentimentos.

— Está parecendo uma louca sorrindo desse jeito.

Paraliso, um pouco assustada, mas já sabendo a quem aquela voz pertence.

Desvio o olhar para minha frente, vento aqueles olhos azuis tão familiares, que pareciam ter um brilho diferente com a luz do entardecer, por poucos segundos, me permiti admirá-los. Eric realmente é um garoto bonito, ainda mais, banhando pela luz do sol, e pensar nisso, de certa forma, fere meu ego.

— Está me seguindo? — pergunto, afastando qualquer pensamento de minha cabeça.

— Não perderia meu tempo com isso — ele responde, se aproximando.

Reviro de leve os olhos, para a sua resposta cheia de desdém.

— Tenho que ir para casa. Passar bem — digo, dando um sorriso falso, começando a andar.

Eric entra em minha frente, me impedindo de andar. O encaro com um olhar interrogatório.

— Desse jeito vou começar a achar que você não gosta da minha companhia — ele diz, com um ar sarcástico.

— Pensei que já tinha deixado isso claro um bilhão de vezes — digo.

— Deixou. Mas eu não me importei. — Eric se aproxima mais, e consigo sentir o seu perfume.

— Já estou acostumada com sua falta de atenção.

Eric solta um sorriso, me encarando fixamente, e sinto meu corpo estremecer um pouco com aquilo, uma reação um tanto quanto perturbadora, pois é a primeira vez que me sinto assim na presença dele.

— Só pra você saber, eu moro por ali. — Eric aponta para uma rua, a esquerda. — Por isso encontrei com você. Não estou te seguindo, nem nada.

Dou de ombros.

— Certo, então tchau — digo, desviando de Eric.

Não estava gostando da sensação de o ter tão próximo de mim. Eu estava desconcertada.

— Espera — Eric diz, e segura levemente a minha mão.

Um arrepio parece irradiar de minha mão, e percorrer pelo meu corpo. Não consigo entender o que está acontecendo. Será que eu estou bem?

— O que foi? — pergunto, tentando deixar a voz firme, e não deixando transparecer o estado catatônico que eu me encontro internamente.

Me desvencilho de seu toque.

Ao encarar Eric, não conseguia compreender o que se passava com ele, mas de certa forma ele me pareceu diferente, seu olhar estava diferente, o seu jeito. Alguma coisa está diferente, mesmo que minimamente. Só não sei o quê.

Uma confusa ironia do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora