Uma confusa ironia do destino

Capítulo 29

Às vezes acho que tudo o que está acontecendo comigo não é real, em uma dia eu estou em Nova Orleans vivendo minha vida pacata, e no outro estou em Nova York onde minha vida pareceu virar de ponta cabeça, mas não de um jeito ruim. Aqui eu consegui fazer amigos, e me diverti muito mais nesse pouco tempo, do que na minha vida inteira em minha cidade natal, mas também tive em minha vida aqui a presença de uma pessoa que eu conhecia a muito tempo, Eric, só que de uma forma diferente.

    Tudo parece difícil de ser compreendido de maneira clara, o que me faz aceitar as coisas do jeito que estão e como chegaram a esse ponto, aconteceu tanta coisa de formas confusas e inesperadas.

    Passo em minha mente os momentos que aconteceram até hoje, momentos que de alguma forma ficarão marcados em minha mente. O momento em que encontrei Eric no avião para Nova York, quando nos encontramos na loja e fomos lanchar em uma lanchonete, quando nos encontramos novamente na escola, o momento que conhecei Miles no mercado e a sua forma descontraída de vir conversar comigo, de quando Judy e eu nos conhecemos na escadaria do colégio,  do nosso passeio em grupo até o shopping. As formas com qual Eric e eu sempre nos encontrávamos, e de como comecei a sentir algo a mais por ele. Lembro do nosso beijo, e da nossa conversa.

    Mas não aconteceram só coisas boas, também relembro do olhares desafiadores de Paul, do dia em que me cobriam de tinta, o mesmo dia que minhas primeiras lágrimas surgiram desde que cheguei aqui.

    Eu sempre achei que para conseguir ter uma nova vida aqui eu deveria me afastar de tudo do meu passado, tudo que me ligava a Nova Orleans, mas Eric me fez perceber que eu não preciso pensar assim, ele é alguém que sempre esteve em minha vida, e que pode estar comigo no presente, e quem sabe no futuro, que posso construir minha nova vida com ele.

    É totalmente estranho pensar que a pessoa que você mais queria distância no passado, é agora a pessoa que você quer estar perto e que faz você se sentir de alguma forma mas feliz, e lhe proporciona sentimentos tão singelos.

    Sou despertada dos meus devaneios com meu celular tocando.

    O pego e vejo que é uma ligação e Judy.

    Atendo.

    — Eu ganhei! — Sua voz eufórica chega até meus ouvidos.

    Me lembro que hoje sairia o resultado de seu concurso.

    Solto um sorriso, feliz por ela.

    — Parabéns! — digo, quase na mesma animação que ela.

    — Bom, eu ganhei em segundo lugar, mas estou bastante feliz — ela diz, e consigo ouvir sua risada empolgada.

    — Sabe o que isso significa? — pergunto.

    — Milk-shake! — responde, quase gritando.

    Eu rio.

    — Me passa seu endereço, eu passo na sua casa para a gente ir — digo, saindo da cama que estava deitada.

    — Está bem.

    — Vou só me arrumar.

    — Vou estar te esperando — ela diz, e é como se eu conseguisse ver seu sorriso meigo.

    — O.k, minha amiga poetisa — digo, e ouço as risadas de Judy.

    Ela se despede e desliga a chamada.

    Poucos segundos depois sua mensagem informando seu endereço aparece e aproveito par chamar um Uber, ela mora longe para ir andando.

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