Na manhã seguinte, assim que saio do carro e me despeço de meu pai, Judy aparece ao meu lado, animada.— Bom dia — ela diz, e juntas começamos a andar em direção a entrada do colégio.
— Bom dia. Acordou feliz hoje?
Judy pega um papel do bolso, e o desdobra me entregando.
— Minha inscrição — ela diz, apontando para o papel em minhas mãos.
Olho e vejo que é sobre o concurso de escrita. O observo atentamente.
— E quando começa?— pergunto, entregando o papel de volta.
— Daqui a dois meses. E eu já estou trabalhando em alguns poemas.
Judy está tão empolgada que até eu me sinto ser levada por esse sentimento.
— Eu preciso fazer algum banner ou camisetas? — pergunto, brincando.
— Só pro caso de eu vencer — ela diz, e rimos.
Entramos no colégio, e começamos a andar pelo corredor lotado. Eu acompanho Judy até seu armário.
— E sobre ontem? — ela pergunta, enquanto pega um livro.
— Eu não fui — respondo.
— Por que? — Ela fecha o armário e se vira para mim. — Acho que já sei. Você fez bem.
— Disso eu não tenho dúvidas.
Me escoro em um armário e encaro o meu tênis preto surrado, eu deveria ter colocado uns dos sapatos que minha mãe comprou, mas é mais forte que eu, é como se os meus velhos sapatos estivessem sempre chamando por mim.
— Olá, meninas — Miles diz, contente, parando a nossa frente, acompanhado de Brian.
— Você não consegue dizer algo sem precisar fazer um alvoroço? — Brian pergunta, olhando emburrado para Miles.
— E você não consegue ser alguém mais simpático? — Miles retruca, sorrindo vitorioso assim que Brian bufa.
— Já começamos bem o dia — comento, sorrindo. — E, não querendo ser rude, mas, por que vocês estão aqui? — pergunto, ajeitando a alça da minha mochila em meu ombro.
— Continuou sendo rude — Miles diz.
— Alguém acordou com o pé esquerdo — Judy murmura.
Miles olha para ela, o que faz Judy virar o rosto, envergonhada.
Desvio meu olhar para Brian, esse que está olhado para um lugar específico, com a expressão fechada, sigo seu olhar e avisto Paul encarando Brian, ambos parecem estar em um confronto de olhares, igual naqueles filmes de faroeste, desvio meu olhar para Brian, que quebra o contato visual com Paul e desvia seu olhar para o chão e depois para mim.
— Ele está olhando para cá. Não está? — Miles pergunta, olhando fixamente para os armários.
— Está — Brian responde, baixo.
Miles solta um resmungo, irritado.
— Ele quem? — Judy questiona, perdida, erguendo o pescoço para tentar achar de quem estavam falando.
— Seja discreta — sussurro, calma.
— O.k — Judy responde também sussurrando, e encolhendo os ombros. Ela passa o olhar pelo corredor. — Vocês estão falando do Paul?
Nós assentimos.
— Vocês sabem o que está acontecendo? — pergunto para os garotos, na tentativa de obter alguma resposta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma confusa ironia do destino
Teen FictionAssim que recebe a notícia de que se mudará para Nova York com a família, Amelie finalmente viu uma oportunidade de se livrar de sua antiga vida em Nova Orleans, longe de pessoas indesejadas e amigos inexistentes. Mas a alegria da garota acaba assim...