Capítulo 30

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Chega em uma época em nossa vida que devemos tomar escolhas que poderão definir nosso futuro, devemos saber o que queremos e buscar por isso. Mas, e se eu ainda não tiver algo para qual levar para o meu futuro? Penso nisso enquanto encaro em minhas mãos os panfletos das universidades.

    Muitos jovens quando terminam os estudos querem de imediato se graduarem em uma universidade, é praticamente a transição da nossa vida para o mundo, onde nossas vidas poderão ser traçadas, muitos já possuem um objetivo, mas outros, não.

    Eu não quero ser o tipo de pessoa que decide fazer algo só porque é assim que as coisas devem ser, você estuda, se forma, faz uma faculdade e vai tentar por tudo o que aprendeu em prática. Eu quero poder descobrir o que realmente é para mim, e eu sei que um dia vou descobrir, mas por entanto, vou tentar seguir minha vida até esse momento chegar, tentar fazer coisas novas.

    Guardo os panfletos em uma gaveta da escrivaninha e sorrio com minha decisão.

     Agora eu tenho algo com que me preocupar mais, algo que nunca achei que teria que me preocupar, ter que escolher uma roupa para sair com Eric mais tarde. Vou até o meu guarda-roupa, o vasculhando tudo.

     Suspiro aliviada por minha mãe sempre fazer questão de comprar roupas para mim, mesmo sabendo que dificilmente vou usá-las, pego as roupas que eu mais tinha chances de usar, e as espalho sobre a cama.

     Eu não deveria esquentar minha cabeça com isso, estou saindo com o Eric, esse que me conhece desde criança, e que já me viu vestida de jeitos tão ridículos, bom, na época eu não achava ridícula as roupas que eu usava, mas quando relembro disso, sinto vontade de apagar isso de minhas memórias.

     Apenas tento escolher a que mais me deixa confortável e que combine comigo. Vou até os meus sapatos e pego as caixas ainda fechadas dos que minha mãe comprou.

***

Me olho no espelho pela quinta vez, me avaliando da cabeça aos pés, estou usando um calça jeans clara, uma camiseta preta não muito solta e uma jaqueta fina jeans, junto a um tênis branco, não é algo muito estiloso, mas foi a única combinação que me agradou, mesmo não sabendo aonde Eric e eu vamos.

     Ajeito o colar que ele me deu em meu pescoço, e até optei por usar um pouco de maquiagem hoje, passo uma última vez as mãos pelo meu cabelo mesmo ele estando devidamente arrumado. Respiro fundo e olho para meu celular, vendo que já está na hora de Eric chegar, ele disse que estaria aqui às oito da noite, pego minha bolsa de cima da cama e me dirijo até as escadas, esfregando as mãos em nervosismo.

    No momento em que coloco meus pés na sala, a campainha toca, vou até a porta já sabendo que é Eric. Assim que abro, me assusto ao ver Eric segurando um buquê de rosas vermelhas.

    — Está alguns minutos adiantado — digo, e dou passagem para Eric entrar.

    — Bom, é melhor do que chegar alguns minutos atrasados, não é? — ele diz.

    Meneio a cabeça.

    — Não acha isso um pouco exagerado? — Aponto para o buquê.

    — Me desculpe Melie, mas essas rosas não são para você — ele diz, e sorri.

    Franzo a testa.

    — E são para quem? — pergunto, e cruzo os braços.

    — Não acredito que minha filha vai ter seu primeiro encontro — minha mãe diz, entrando na sala, com uma expressão exagerada de emoção.

Uma confusa ironia do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora