Capítulo 11

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Sexta-feira. Horário do intervalo. Encaro as portas da entrada do refeitório, me decidindo se definitivamente entrarei ali, ou se desisto e vou até a escada onde passei boa parte do intervalo durante os dias anteriores. Mas há dois porém: 1) eu esqueci de trazer uma barra de cereal, ou qualquer outra coisa para comer, e 2) sai de casa sem tomar o café da manhã porque acordei atrasada, e isso significa que estou morrendo de fome agora.

Alguns alunos passam por mim, provavelmente se perguntando o que uma garota faz parada ali e encarando as portas, parecendo um robô em processo de recarregamento. Sem mais rodeios, entro no refeitório.

De princípio, entrei de cabeça baixa, mas não precisava olhar ao redor para saber que o lugar estava cheio, porque as vozes eram altas e muitas o suficiente para ter total certeza disso. Pego uma bandeja azul e me sirvo apenas uma torta de pêssego e um suco de maçã. Assim que me viro para procurar um lugar, finalmente levanto o olhar. Respiro fundo, a procura de um lugar para lanchar, e agradeço internamente por conseguir ver uma mesa afastada e vazia. Me direciono até ela.

Mas, assim que estava chegando perto do meu destino, escuto meu nome ser chamado, auto o suficiente para algumas pessoas olharem em volta. Viro meu rosto na direção da voz, e vejo Miles sorrindo, fazendo um sinal com a mão para eu me aproximar, não sei se fico irritada por ter algumas pessoas olhando para mim, ou agradecida por não precisar lanchar sozinha. Tento ignorar os curiosos e caminho em direção a mesa de Miles, onde ele está acompanhado de Brian.

Sento no banco de frente para eles, e solto o ar, podendo finalmente relaxar e esvaziar toda a tensão que estava sentindo.

— Vejo que finalmente veio ao refeitório — Miles diz, e leva um pedaço de cenoura, da salada que está comendo, até a boca.

— Foi quase uma missão impossível — digo, e bebo um pouco do meu suco.

— Eu notei que você estava meio... digamos, deslocada.

— Eu já te falei, não gosto muito de refeitórios. Mas às vezes não consigo fugir disso.

— Você é uma pessoa difícil de entender — Miles comenta.

— Nem eu mesma me entendo — digo, e sorrio.

— Mas você é legal.

Apesar de não ser um grandíssimo elogio, foi algo mais agradável que alguém já disse sobre mim até agora.

— Se ela consegue te suportar, com certeza ela é legal — Brian diz, e dá risadas quando Miles fecha a cara em sua direção.

É a primeira vez que vejo Brian sorri, e posso afirmar que seu sorriso é um dos mais belos que já vi, seu sorriso é assimétrico e parece sair de algum comercial de televisão.

— Às vezes eu preciso me segurar para não acabar sendo rude — comento, brincando, segurando um sorriso.

O jeito divertido de Miles é algo que me deixa mais a vontade, por isso eu sentia que não precisava me limitar a falar, ou ser descontraída.

— Isso é uma rebelião? — Miles diz, e estreita os olhos, apontando com o garfo para Brian e depois para mim.

Brian e eu apenas sorrimos mínimo, balançando a cabeça.

Durante esses poucos dias, Miles e Brian vinham me cumprimentar e conversar comigo, Miles e eu temos algumas aulas em comum, e ele passou boa parte do tempo me falando sobre alguns professores e alunos, e não tardou em soltar algumas fofocas sobre as pessoas as quais ele não gostava. Brian é um pouco mais quieto e passa boa parte do tempo estudando.

Uma confusa ironia do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora